segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
domingo, 9 de dezembro de 2012
O ESPIRITO DO ADVENTO
O Espírito Santo sempre age
de forma nova e criativa na história do mundo e da Igreja. Ele é livre para
suscitar homens e mulheres que nos surpreendem pela radicalidade no seguimento
de Jesus, pela prática do Evangelho, e suscita novos impulsos e formas
inesperadas de espiritualidade e evangelização.
Deixemo-nos conduzir pelo vento da liberdade e
da criatividade do Espírito. De forma radical, ele convida a Igreja toda a
voltar ao Evangelho para encontrar Jesus, a seguir Jesus, o único modelo, isto
é, ir às raízes daquilo que faz com que uma existência seja realmente cristã e
evangelizadora.
Entre Deus e nós, existe
sempre a mediação humana. Num tempo em que a religiosidade orna-se de ruídos,
balbúrdia de palavras e jogos de efeito, a espiritualidade cristã é um
contraponto para quem se sente mais evangélico no silêncio da oração, na
adoração silenciosa da Eucaristia, na busca do deserto, no serviço aos pobres e
na defesa da vida.
Diante de tantos
preconceitos raciais, culturais, religiosos e sociais que geram conflitos e
exclusões em toda a parte, a Igreja nos ensina que somos diferentes, mas
profundamente iguais em dignidade e direitos. Precisamos a aprender a dialogar
sem julgar, sem impor, sem condenar.
Muitas podem ser as maneiras
de viver este posicionamento em favor dos mais pequeninos e sofredores de hoje.
Peçamos neste tempo de advento, para ter a coragem de escolher por eles,
porque, só a partir dos últimos da sociedade é que se pode incluir e amar a
todos.
+Dom Eduardo Rocha
Quintella
Bispo de Belo Horizonte
sábado, 8 de dezembro de 2012
PREPARAI OS CAMINHOS DO SENHOR
Podemos situar o tema deste
domingo à volta da missão profética. Ela é um apelo à conversão, à renovação,
no sentido de eliminar todos os obstáculos que impedem a chegada do Senhor ao
nosso mundo e ao coração dos homens.
A oração, mesmo quando
acontece na solidão, é sempre um encontro com outros: encontro com Deus que
está presente na tua vida, que é a tua realidade mais intima, tantas vezes sem
teres consciência disso; encontro com os irmãos que fazem parte da tua vida,
mesmo quando te magoam e te deixam ficar mal.
O Evangelho apresenta-nos
o profeta João Batista, que convida os homens a uma transformação total quanto
à forma de pensar e de agir, quanto aos valores e às prioridades da vida.
Para que Jesus possa
caminhar ao encontro de cada homem e apresentar-lhe uma proposta de salvação, é
necessário que os corações estejam livres e disponíveis para acolher a Boa Nova
do Reino.
A conversão é um verdadeiro
êxodo da terra da escravidão para a terra da felicidade e da liberdade. Convida-nos,
ainda, a viver este tempo numa serena alegria, confiantes no Deus que não
desiste de nos apresentar uma proposta de salvação, apesar dos nossos erros e
dificuldades.
A comunidade se deve
preocupar com o anúncio profético e deve manifestar, em concreto, a sua
solidariedade para com todos aqueles que fazem sua a causa do Evangelho.
A comunidade deve dar um
verdadeiro testemunho de caridade, banindo as divisões e os conflitos: só assim
ela dará testemunho do Senhor que vem.
A Palavra de Deus faz-nos
hoje viajar até aos preparativos da pregação de Jesus, do seu ministério
público. A voz de João Batista, o precursor de Jesus, anuncia no deserto a
missão histórica de Jesus e convida todos a preparar caminho ao Verbo de Deus
que Se fez um de nós, que Se fez próximo de nós.
A salvação que o Messias
nos veio trazer não é uma teoria, mas concretiza-se na história humana. Daí o
apelo à conversão e à penitência.
+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo de Belo Horizonte
domingo, 2 de dezembro de 2012
FÉ E CARIDADE
Refletindo
o texto do Autor Sagrado da viúva de Sarepta e da viúva do templo, destacamos o
nexo entre fé e caridade, amor a Deus e amor aos irmãos. A fé em Deus não se
limita a ser um ato puramente vertical, uma relação individual com Ele, mas se
manifesta no amor aos irmãos.
Vivemos um
momento em que muito se valoriza a individualidade, a subjetividade. O homem de
hoje dá muitas voltas ao redor de si mesmo. A intersubjetividade e a dimensão
comunitária, neste universo, perdem força. As próprias relações são vivenciadas
em vista dos interesses pessoais.
As
conseqüências fazem sentir em vários âmbitos. Gostaria de destacar o ecológico.
Não é possível ter um estilo de vida, onde se esqueça que o mundo é apenas o
meu habitat, mas também dos que convivem comigo e das gerações futuras.
Não é
possível peregrinar nas estradas deste mundo vivendo na indiferença do que
acontece ao nosso redor, sobretudo no que acontece a criatura mais excelente do
planeta: o homem. Não podemos permanecer em paz, sabendo que ainda há fome,
miséria e tantas calamidades que afligem o ser humano.
Às vezes
podemos querer lavar as nossas mãos, transferindo para o Estado a
responsabilidade da estabilidade social e do bem-estar para todos os cidadãos.
Contudo, em nome da nossa fé, o outro é um nosso irmão e não podemos cair nas
malhas do egoísmo.
Somos sim
responsáveis uns pelos outros, tanto materialmente, como espiritualmente e não
podemos permanecer em paz e nem nos permitir o luxo excessivo, o desperdício e
tantas outras coisas mais que bradam o céu diante de quem não tem, por exemplo,
o que comer.
As viúvas
dos textos sagrados deram do essencial, não partilharam apenas o que sobrava,
foram sóbrias em seu gesto, por isto, Jesus exaltou a viúva, fazendo valer a
lógica da qualidade: deu mais não porque deu um grande quantia, mas porque deu
do seu necessário.
Vale a pena o nosso pouco que ajuda a minorar
a dor de quem sofre, vale a pena a nossa solidariedade, o que não vale à pena e
contradiz o nosso ser e aquilo a que fomos chamados, é o coração egoísta que
nos faz fechar, olhos, braços e mãos ao irmão.
A fé é um
dom de Deus ao qual o homem responde com magnanimidade e agradece e louva ao
seu Senhor. Essa resposta do homem ao chamado de Deus é vocação e vocação é
serviço, é gratidão, sedimentada na esperança e assumida como amor-caridade.
+Dom
Eduardo Rocha Quintella
Bispo de
Belo Horizonte
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
UM NOVO AMANHECER
A partir do primeiro
domingo de Advento, iniciamos o ciclo C do Ano Litúrgico, o qual segue o
evangelho de Lucas. Segundo Tito (3,4), Lucas é o evangelista da manifestação
do carinho de Deus e de sua amizade para com os homens, dos pobres e dos
pecadores, dos pagãos e dos valores humanísticos e também das mulheres,
especialmente de Nossa Senhora.
O grande anseio de Lucas,
ao escrever a Boa Notícia de Jesus, era verificar a solidez dos ensinamentos
recebidos (1,4). Ele quer tirar dúvidas, quer mostrar a beleza do seguimento de
Jesus, para fazer arder de novo o coração dos cristãos e cristãs e continuar,
assim, a missão.
Por isso, o ciclo C será o
ano da práxis cristã segundo o modelo de Jesus Cristo. A quem Lucas vai
descrever como um homem de oração, de ternura humana, de convivência fraterna,
ao mesmo tempo em que é também o profeta por excelência, o novo Elias, o
porta-voz credenciado do Altíssimo.
Podemos tomar como ponto de
partida a palavra Advento; este termo não significa espera, como poderia se
supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que significa presença, ou
melhor, chegada, quer dizer, presença começada.
O Advento significa a
presença começada do próprio Deus. Por isso, recorda-nos duas coisas: primeiro,
que a presença de Deus no mundo já começou e que ele já está presente de uma
maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar,
ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento.
Nós cristãos e cristãs vivemos
na certeza consoladora que a luz do mundo já foi acesa na noite escura de Belém
e transformou a noite da morte, do pecado humano na noite santa da vida humana em plenitude. O apelo do
evangelho de hoje é a levantar e erguer nossas cabeças, porque o Filho de Deus
já irrompeu na história humana, foi tecido nas entranhas da humanidade.
Seguindo a tradição do
Antigo Testamento, na descrição de diferentes fenômenos cósmicos que Lucas
apresenta no início do evangelho de hoje, o manifesto de Deus está presente na
nossa vida, está agindo no mundo por meio de tantas pessoas de diferentes
raças, culturas, religiões.
Somos nós que temos que descobrir sua Presença, e
mais ainda, somos também nós que, por meio de nossa fé, esperança e amor, somos
convidados a fazer brilhar continuamente sua Luz na noite do mundo. Pode ser um
bom exercício deste tempo, reunidos em comunidade, em família, partilhar juntos
as luzes que cada um de nós temos acessas, pessoal ou comunitariamente.
Agora vem a outra
orientação importante do evangelho de hoje: Tomem cuidado para que os corações
de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das
preocupações da vida. Um dos males de nosso tempo é, sem dúvida, a falta de
sensibilidade, vivemos uma vida centrada em nossos próprios interesses,
fazendo-nos cegos, surdos e mudos ao sofrimento de nossos irmãos e irmãs. Atitude
totalmente contrária ao Deus de Jesus Cristo.
Neste tempo, na esperança
de Deus que continua vindo e agindo em nosso mundo, somos convidados/as a
aliviar nosso coração daquilo que nos narcisiza e desumaniza, para ter um
coração mais fraterno e solidário. Ali Deus se fará presente, nascerá
novamente, porque onde dois ou mais estejam reunidos em meu nome, eu estarei
presente no meio deles.
+Dom Eduardo Rocha Quintella
+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo
de Belo Horizonte
sábado, 24 de novembro de 2012
SOLENIDADE CRISTO REI DO UNIVERSO
A celebração da Solenidade
de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo fecha o Ano Litúrgico. Aonde meditamos
sobretudo no mistério de sua vida, sua pregação e o anúncio do Reino de Deus.
Esta festa celebra Cristo
como o Rei bondoso e singelo que como pastor guia a sua Igreja peregrina para o
Reino Celestial e lhe outorga a comunhão com este Reino para que possa
transformar o mundo no qual peregrina.
Em um mundo que se
descristianiza e se seculariza, como expressar ainda o direito que Jesus tem de
reinar. A resposta, que é dada pelo Pastoral de conjunto exercida pela Igreja. É
o próprio sentido da Solenidade de hoje. Os autênticos cristãos confessam ser
Jesus o Senhor, por conseqüência, querem que Ele tenha seu espaço de influência
na História que ajudam a construir.
Vivendo o sacerdócio régio
comum a todos os batizados, os fiéis cristianizam o mundo, iluminando a
consciência dos homens, libertando-a da escravidão do pecado, tornando-os aptos
a descobrirem a beleza de Cristo.
As sociedades com suas
estruturas quando são fermentadas por genuínos cristãos descobrem espaços
contínuos para o estabelecimento do humanismo integral. Aonde Cristo chega pela
vivência dos fiéis, descortina-se um véu de esperança para o drama humano do
sofrimento e da finitude.
Os leigos, particularmente,
partícipes da realeza de Cristo, devem trabalhar para a promoção da pessoa
humana, para animar de espírito evangélico as realidades temporais, e dar assim
testemunho concreto de que Cristo Rei é libertador e salvador de todos os
homens.
Cristo Rei reina ou não no
mundo, mas se reina ou não dentro de mim; não se sua realeza está reconhecida
pelos Estados e pelos governos, mas, se é reconhecida e vivida por mim. Cristo
é Rei e Senhor da minha vida.
Reconhecer Cristo como Rei
do Universo é prestar culto ao Pai. Não cremos em um punhado de doutrinas, mas
em uma pessoa, Jesus. E com Ele entregamos ao Pai o Reino de verdade e vida,
santidade e graça, justiça, amor e paz. Servir a Cristo é servi-lO nos
pequenos. Todo fiel deve estar consciente do caminho da cruz. Ela é a chave do
Céu.
+Dom Eduardo
Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
VISITA DE DOM MARCELO FREIRE A BELO HORIZONTE
VISITA DE DOM MARCELO FREIRE A BELO
HORIZONTE
A Diocese de Belo Horizonte esteve em festa nestes dias 17 e 18 de
novembro de 2012.
Recebemos a visita de Dom
Marcelo Freire Bispo da Diocese do Rio de Janeiro.
Sua presença em Belo
horizonte gerou muitas trocas de Experiências Eclesiais que enriquecerá muito
as pastorais de conjunto e ainda criando mais laços estreitos entre as duas
igrejas.
No dia 18/11/2012 Dom
Marcelo Freire participou de uma celebração Eucaristica com Dom Eduardo
Quintella, selando ainda mais os laços de fraternidade entre os dois prelados e
suas igrejas.
Ao final da Celebração
Eucarística Dom Marcelo Freire ministrou junto com Dom Eduardo Quintella dois
batizados.
Ao findar das celebrações:
Dom Marcelo participou de um almoço de confraternização. Logo após voltou pro
Rio de Janeiro.
Veja Fotos Abaixo:
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
BISPOS GUARDIÕES DA VERDADE SALVÍFICA
A Revelação é um diálogo de
Deus com a humanidade por meio de Sua Palavra eterna feita carne: Jesus. Este
diálogo é para nos levar à vida com Deus, à vida eterna, nossa plenitude. Na
própria criação, o Senhor já se manifesta pela sua amorosa providência, na
eleição de Abraão, nosso Pai na fé, na aliança com Israel e na palavra dos
profetas.
A Revelação deve ser
acolhida com fé, com aquela abertura amorosa e disponível que atinge e engloba
a pessoa como um todo. A Revelação não é um conjunto de informações para a
inteligência, mas Alguém que vem ao nosso encontro e a quem devemos acolher com
todo o nosso ser. No entanto, a Revelação inclui também verdades reveladas que
devem ser cridas, porque foram reveladas por Deus.
Cristo, Revelação do Pai,
confiou-a aos apóstolos que pregaram, viveram e, por inspiração do Espírito
Santo, colocaram por escrito a mensagem salvífica. Para que essa mensagem de salvação
continuasse viva na Igreja, os apóstolos deixaram os bispos como seus
sucessores e guardiões da verdade salvífica, contida na tradição oral e na
Sagrada Escritura.
Quanto à tradição
apostólica, ela abrange tudo aquilo que coopera para a vida santa do povo de
Deus e para o aumento da sua fé. A tradição está, na vida e no culto da Igreja,
que é guiada pelo Espírito Santo. Compete aos bispos, o
discernimento da tradição apostólica, a qual vai sempre progredindo na Igreja
sob a inspiração do Santo Espírito.
Ainda quanto à tradição, ela está
intimamente unida à Sagrada Escritura, pois ambas dão testemunho do mesmo
Cristo. Escritura e tradição devem ser recebidas e veneradas com igual
reverência. Compete aos bispos, à interpretação última seja da Escritura seja
da tradição: eles receberam autoridade de Cristo para isso e nesse
discernimento são guiados pelo Espírito Santo.
A Escritura é toda ela inspirada por Deus, pois os seus autores
escreveram por inspiração do Espírito Santo, de modo que, mesmo que cada autor
dos livros bíblicos tenha seu estilo e sua visão, o autor final da Escritura é
o próprio Deus e a Bíblia é realmente palavra d'Ele que nos transmite a verdade
para a nossa salvação. Não se trata de verdade científica ou histórica, mas a
verdade sobre o Senhor, sobre o homem e sobre o sentido da vida e do mundo.
Por isso mesmo, a
interpretação correta da Palavra de Deus requer que se conheça a cultura do
povo da Bíblia, a mentalidade e intenção do autor sagrado, bem como o gênero
literário em que tal ou qual obra foi escrita. Uma coisa é certa: seja o
simples crente, seja o estudioso erudito, deve procurar o sentido último da
Escritura em Cristo e procurar interpretá-la no mesmo Espírito Santo que a
inspirou e a entregou à Santa Igreja.
O Antigo Testamento é Palavra de Deus e prepara para o Cristo e, por isso, somente
pode ser bem compreendido à luz de Cristo. O Novo Testamento é mais excelente
que o Antigo, porque é o cumprimento em Cristo daquilo que o Antigo anunciava.
Os evangelhos são de origem apostólica e contêm uma interpretação segundo a fé
e inspirada pelo Espírito da vida, palavras e missão de Jesus Cristo.
A Igreja tem pelas Sagradas Escrituras como
Palavra de Deus e exorta os fiéis a que se alimentem dessa Santa Palavra para o
bem de sua vida espiritual e da sua vida moral. Também recorda que a Sagrada
Escritura deve ser a alma da Teologia. Exorta os ministros sagrados a que
preguem a Palavra, sobretudo cuidando bem das homilias na Santa Missa.
A celebração da Eucaristia
é o lugar por excelência para se proclamar e escutar a Palavra de Deus, pois
aí, a Palavra anunciada, que é Jesus Cristo, faz-se carne que alimenta e dá
vida. A salvação anunciada na Escritura é celebrada na Páscoa Eucarística.
+Dom Eduardo
Rocha Quintella
Bispo Belo Horizonte
sábado, 10 de novembro de 2012
A COMPLEXIDADE DO SER HUMANO CONTEMPORÃNEO
Ao longo do
último século, o ser humano cresceu, progrediu e se desenvolveu mais do
que em todos os tempos históricos da humanidade, particularmente nos campos da
ciência, tecnologia, da medicina, das artes, ofícios, infraestrutura, com a
conseqüente melhoria das condições de vida na Terra.
No entanto,
apesar de todo avanço alcançado pelo homem no meio social, político, econômico
e cultural, a grande maioria das pessoas vive à margem da sociedade de consumo,
mesmo em países desenvolvidos, vivendo na mais profunda miséria material,
moral e espiritual.
Os desafios existenciais do homem contemporâneo diante do
pluralismo e incertezas que permeiam nosso tecido social hoje é exatamente o que
significa o homem ser humano? Podem parecer óbvias a pergunta e a resposta, mas
na realidade traz consigo um desafio próprio do nosso tempo.
Diariamente
nos deparamos com crianças abandonadas nas ruas, idosos em depósitos públicos,
irmãos nossos chafurdados em latas de lixo procurando o que comer pessoas sem
perspectivas de trabalho, moradia, saúde, condições dignas de vida.
O grande desafio e discussão
são exatamente sobre os valores que nos tornam humanos. Quais são as nossas
características humanas. E essa discussão, embora toque bem de perto em
assuntos teológicos, na realidade deixa claro que necessitamos hoje de
verdadeiros embasamentos filosóficos.
Vivendo nos
grandes centros urbanos adotamos um modo de vida fundamentado na lógica
material, na cultura fabricada, onde tudo passou a ser mecânico, descartável,
de coisas a pessoas, gerando um estado de insatisfação permanente, mesmo diante
de toda a satisfação material, provocando nas pessoas desvios de
comportamento, vida solitária, egoísmo, vaidade, luxúria, processo depressivo e
alienação.
Aqui se situa o futuro de
nossa humanidade. Se os valores pelos quais lutamos e vivemos dependem
unicamente de uma maioria que decide e não de algo muito mais profundo no ser
humano, estaremos correndo sérios riscos em nossa própria dignidade humana.
Este
é o grande problema da humanidade, que não quer olhar para si própria, pois o
ser humano se desligou de si mesmo, tendo muito medo de ver seu interior. Vamos
dizer que ele odeia a percepção do seu íntimo.
Os pensadores de hoje não
podem deixar de aprofundar sobre o assunto. A universidade, que é o lugar
próprio do diálogo dos saberes, deve se engajar nessa discussão. É um tema
necessário e importantíssimo para a vida do homem neste planeta.
Em seu livro Tempo de
transcendência, Leonardo Boff nos diz que o ser humano é um projeto infinito.
Apesar da finitude ser inerente à condição humana, pois somos seres que
caminhamos para a morte, o homem busca o infinito, e aí reside a dimensão da
transcendência.
No dizer de Boff, somos
seres de enraizamento e seres de abertura (imanência/ transcendência). A raiz
nos limita porque nascemos numa determinada família, numa língua específica,
com um capital limitado de inteligência, de afetividade, de amorosidade.
Esta é nossa dimensão de
imanência. Mas somos simultaneamente seres de abertura, pois ninguém segura os
pensamentos, ninguém amarra as emoções, ninguém é capaz de aprisionar-nos
totalmente.
Esta é a nossa dimensão da
transcendência que nos possibilita romper barreiras, superar os interditos, ir
além de todos os limites. Nessa sociedade tão cheia de perguntas e de muitas decisões
que influenciam a vida humana, uma reflexão sobre o transcendência do ser
humano poderá lançar luzes sobre a nossa vida e nosso futuro. Que suscitam
tantos debates éticos e morais contemporâneos, para desembocar no sentido
último da existência e da realidade, à luz da fé.
+Dom Eduardo
Rocha Quintella
Bispo Belo Horizonte
sábado, 3 de novembro de 2012
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA ECLESIAL ESCATOLÓGICA
Os textos sobre Jesus
ressuscitado se tornam paradigma bíblico para a ressurreição do corpo. Segundo
modelo desenvolvido por Paulo que estão sendo confirmado pelos relatos sobre a
ressurreição de Jesus: o corpo ressuscitado não tem necessariamente a mesma
forma que a do corpo antes da ressurreição.
A
morte é o nascimento para novas dimensões da vida em termos metafóricos,
podemos imaginar aquilo que acontece ao ser humano na morte, recorrendo ao
exemplo da transformação de uma lagarta em borboleta. A morte se torna
compreensível através da analogia da metamorfose de uma lagarta que transforma
em borboleta.
Deus
ressuscitará o ser humano inteiro, com todas as dimensões. A dimensão corporal
é umas destas dimensões essenciais. A ressurreição do corpo alcança um
significado mais amplo, porque abrange a pessoa humana na sua totalidade. Na
morte, o corpo e, com ele, toda a história vivida dentro de um mundo não serão
simplesmente deixado para trás, tornar-se-ão definitivos no sujeito pessoal.
A
pessoa que morreu vive o juízo final no momento da sua morte. É neste juízo
final, porém, que acontece a ressurreição do corpo. A ressurreição do corpo na
morte é conseqüência lógica da dimensão do juízo final. Não só a pessoa humana,
mas o cosmo na sua totalidade serão plenificados por Deus e integrados na
salvação. Ressurreição do corpo significa que o homem reencontra junto a Deus
não somente o seu ultimo momento, mas toda a sua história.
No
momento da morte, o homem se torna definitivo. Na morte, a pessoa humana é
exatamente aquela personalidade que constituiu durante a vida. Tudo contribuiu
para a formação de sua pessoa. Assim, eu sou esta pessoa, eu sou no momento da
minha morte, eu sou exatamente aquilo que fiz de mim no decorrer da vida.
Na
morte não há mais possibilidade de fugir de si mesmo. A crença na vida
pós-morte aumenta a responsabilidade diante da vida vivida. A morte põe o ser
humano face a face com sua culpa, sem nenhuma possibilidade de fugir.
Na
vida há possibilidade de recomeçar. Na vida há sempre nova esperança. Na morte
termina, para a pessoa humana, o tempo e a sua dimensão cíclica. Na morte, o
homem é aquilo que fez de si mesmo, e não há nenhuma possibilidade de refazer
algo. Na morte. O homem se torna definitivo, na morte se tornam definitivos: o
homem na dimensão pessoal, o homem na sua dimensão sociestrutural, o homem na
sua dimensão histórica.
Na
morte, o homem vive a experiência de cognição total. Na morte, o homem conhece
a si mesmo. A pessoa humana abrange muitos níveis, todos estes níveis se
tornarão conscientes na morte. Todo ser humano é um elemento dentro de sistema
entrelaçado. Toda vida humana tem importância incrível pelo todo do sistema.
Não há vida insignificante.
Deve-se
preferir a vida, gostar dela, vivê-la intensamente, mas é preciso estar
preparado para atravessar o túnel para a outra vida, da eternidade, da luz, da
glória e da paz.
Entretanto,
a vida terrena do ser humano é muitas vezes interrompida, impedindo-o de
prosseguir sua obra ou terminá-la. Se existe outra vida na nova realidade,
certamente ele terá outra missão a cumprir.
Esta
é a explicação mais lógica. É o mistério que o homem não conseguiu explicar.
Entretanto, com o aperfeiçoamento espiritual, fatalmente encontrará resposta
para tudo que, hoje, é impossível sua compreensão.
A
religião, as ciências e as grandes descobertas convivem sincronicamente. A
verdade é que cada época há de legar ao homem os sinais do passado, que
marcarão para sempre sua vida e servir-lhe-ão de guia na escuridão das
angústias e na cruzada do porvir. As gerações, sucedendo-se e alimentando-se
umas as outras.
+Dom Eduardo
Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
COMEMORAÇÃO DOS FIÉIS DEFUNTOS
A Igreja, neste dia,
convida-nos a entrar em comunhão com o Deus da vida e rezar pelos nossos
falecidos. Este dia nos lembra que nossa existência terrena é passageira; e,
junto com o salmista, queremos rezar: O Senhor é minha luz e salvação. Nossa fé nos diz que a vida dos justos está
nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá.
A Liturgia deste dia realça
a fé e a esperança na vida eterna solidamente fundada na revelação. Estão as
almas dos justos nas mãos de Deus, e não os toca tormento algum. Aos olhos dos
insensatos pareceram morrer, e o seu trespasse foi considerado como um
infortúnio, e sua separação de nós, uma derrota. Mas eles gozam de paz.
Para quem creu em Deus e o
serviu durante esta vida, a morte não é um caminhar para o nada e, sim, para os
braços de Deus. È encontro pessoal com o Senhor para viver junto dele no amor e
na alegria de sua amizade. Portanto, o cristão autêntico não teme a morte.
Considerando que enquanto
vivemos neste mundo estamos exilados longe do Senhor, o cristão repete com São
Paulo: Não se trata de exaltar a morte, mas de vê-la qual realmente é no plano
de Deus: o dia do nascimento para a vida eterna.
Esta visão serena e otimista
da morte baseia-se na fé em Cristo, já que pertencemos a ele. Pois disse Jesus:
A vontade daquele que me enviou é que eu não deixe perecer nenhum daqueles que
me deu, mas que ressuscite. Todos os homens foram dados a Cristo.
São todos dele, pois os
comprou à custa do próprio sangue. Se aceitarem ser propriedade de Cristo e a
viverem com a fé e as obras segundo o Evangelho, podem viver certos de estar
enumerado entre os dele e, como tal, ninguém, nada os poderá arrancar das mãos
de Jesus, nem a morte.
Quer vivamos, quer morramos,
somos do Senhor, exclama o Apóstolo. Somos do Senhor porque nos remiu e
incorporou a si, porque vivemos nele e por ele mediante a graça e o amor.
Se formos dele em vida,
continuaremos tais na morte. Cristo, Senhor de nossa vida, será o Senhor de
nossa morte. Ele a absorverá na sua morte, transformando-a em vida eterna.
Assim se realiza para os fiéis a oração sacerdotal de Jesus: Pai, os que me
deste, quero que, onde eu estiver, estejam eles também comigo, para verem a
minha glória.
À oração de Cristo faz eco a
da Igreja que implora tais graças para todos os seus filhos falecidos: Concedei
Senhor, que os nossos irmãos defuntos entrem na glória com vosso filho, que nos
une todos no grande mistério de vosso amor.
Com a morte, nem tudo está
terminado, pois há a certeza de que nossa vida está nas mãos de Deus. O sonho
da nova sociedade, já para esta vida, não nos deixa acomodados diante de tantas
mortes injustas. Felizes os que se deixam conduzir pelas propostas de Jesus.
+Dom Eduardo
Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte
SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS
Trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão.
Com a festa de 1º de novembro, dia de
Todos os Santos, a Igreja deseja honrar os santos anônimos muito mais numerosos
que com freqüência viveram na discrição ao serviço de Deus e de seus
contemporâneos. Neste sentido, declara a Igreja, é a festa de todos os
batizados, pois cada um está chamado por Deus à santidade.
Constitui, portanto, um convite a
experimentar a alegria daqueles que puseram Cristo no centro de suas vidas.
Portanto, já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos
santos e membros da casa de Deus, edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e
dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus.
É com estas palavras de S. Paulo debaixo
dos olhos que vos escrevemos nesta festa de Todos os Santos. Porque é a Palavra
que nos alimenta, que faz de nós membros da mesma família, concidadãos dos
santos. Esta é também a nossa festa, de todos nós que peregrinamos ainda, mas
que já bebemos da salvação que o Verbo Encarnado nos trouxe.
Deste modo, a Igreja quer dar a entender
que a morte é uma realidade que se pode e que se deve assumir, pois constitui o
passo no seguimento de Cristo ressuscitado. Isto explica as flores com que
nestes dias se adornam os túmulos, sinal de vida e de esperança.
Todos nós somos chamados à vida de
santidade. Essas bem-aventuranças são oito propostas, nas quais Jesus
estabelece as condições indispensáveis para ingressar no reino messiânico. São
propostas para sermos santos, essa é a nossa vocação, a busca da santidade.
Os santos viveram nossa vida e hoje desfrutam da alegria de ver a Deus. São modelos para nós. Temos exemplo de um Francisco de Assis, de um Antônio Maria Claret, de uma Terezinha de Lisieux e muitos outros. Nosso ideal de vida deve ser: Ser perfeito como o Pai é Perfeito.
Os santos viveram nossa vida e hoje desfrutam da alegria de ver a Deus. São modelos para nós. Temos exemplo de um Francisco de Assis, de um Antônio Maria Claret, de uma Terezinha de Lisieux e muitos outros. Nosso ideal de vida deve ser: Ser perfeito como o Pai é Perfeito.
A temática do dia de finados é a fé como
resposta à revelação de Jesus como o Pão da Vida. E, de outro lado, temos a
vontade universal de Deus que quer a salvação de todos. A morte indica que o
mundo não é o que deveria de ser, mas que ele tem necessidade de redenção.
Somente Jesus Cristo é a vitória sobre a
morte. E desde então, a morte deverá apesar de tudo, servir a Deus. Deus quer a
vitória sobre pela morte de Jesus Cristo. Só a fé em Jesus Cristo morto por nós
pode vencer a morte. O objetivo da nossa fé é a vida eterna e a ressurreição.
E a vontade última de Deus é a nossa
salvação. Jesus continua a aprofundar a qualidade da fé, que é a própria adesão
à sua Pessoa. É preciso que Ele seja visto como o enviado do Pai, como fonte
inesgotável de vida: Aquele que vem a mim nunca terá fome, aquele que acredita
em mim nunca terá sede.
+Dom Eduardo Rocha Quintell
Bispo Diocese de Belo Horizonte
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
VISITA PASTORAL DE DOM EDUARDO ROCHA QUINTELLA
Este
fim de Semana próximo passado, ou seja, dias 27 e 28 de Outubro. Dom Eduardo R.
Quintella, Bispo Diocese de Belo Horizonte, esteve
em visita Pastoral a Catas Altas da Noruega, aonde Ministrou Crisma, batizado e
matrimônio comunitário.
Esta visita pastoral
consolidou mais ainda a Comunidade Católica de Santo Expedito e Nossa Senhora
Aparecida fundada pelo nosso Querido Prelado.
Dom Eduardo foi recebido com
fogos de artifícios e mais de trezentos fiéis que o agradeceram muito pela
sua visita. Logo após os trabalhos missionários e sacramentais, Dom Eduardo
Retornou a Belo Horizonte com sua comitiva.
Veja abaixo fotos do evento:
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
XXXº DOMINGO COMUM
Este
XXXº Domingo comum apresenta-nos o último milagre de Jesus antes da entrada em
Jerusalém e é também o último milagre narrado por Marcos neste Ano litúrgico
prestes a encerrar-se.
O
último milagre não é uma cura qualquer, mas a iluminação de um cego e
conclui-se com o seguimento do iluminado a Jesus no caminho da cruz que, como
vimos em Domingos anteriores, até os discípulos tinham dificuldade em ver.
Analisando a Liturgia de
hoje, vemos que, para os bons, o verdadeiro e único triunfo se encontra no amor
à cruz e na aceitação do sofrimento. Ensina-nos São Paulo, na segunda leitura:
temos um Sumo Sacerdote eterno, provado em tudo, que intercede por nós e do
qual, portanto, devemos nos aproximar com toda Fé e confiança.
Não é fácil essa via
indicada por Nosso Senhor. Quando se vence sem passar por perigos e riscos, não
há glória. Afirma Santo Agostinho: Ninguém se conhece antes de ser provado, nem
pode ser coroado se não vencer, nem pode vencer sem ter combatido, nem é
possível lutar se não tiver inimigo e tentações.
Por nossa natureza, por
nosso otimismo perante a vida e horror ao sofrimento, temos a ilusão de que
triunfar significa nunca sofrer nem passar por desventura alguma. Não é o que
nos mostra a dura existência terrena.
Por isso a vida da
Igreja e a vida espiritual de cada fiel são uma luta incessante. Deus dá por
vezes à sua Esposa dias de uma grandeza esplêndida, visível, palpável. Ele dá
às almas momentos de consolação interior ou exterior admiráveis.
Mas a verdadeira glória
da Igreja e do fiel resulta do sofrimento e da luta. Luta árida, sem beleza
sensível, nem poesia definível. Luta em que se avança por vezes na noite do
anonimato, ou da incompreensão.
Assim como o carvão,
para se transformar em diamante, precisa ser submetido às altíssimas
temperaturas e pressões encontradas nas entranhas da Terra, nossas almas
necessitam do sofrimento, para merecermos a glória celeste.
O
cego Bartimeu representa tantas pessoas que vivem à margem da vida, envolvidas
pela cegueira espiritual, exilados em propostas de vida que escurecem a
existência. O mesmo Bartimeu, contudo, representa também tanta gente que confia
em Jesus e faz dele a fonte da luz, que ilumina toda sua existência.
+Dom Eduardo Rocha
Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte
VIDA ECLESIAL E MISSÃO
No dia de Pentecostes o
Espírito Santo desceu com poder sobre os Apóstolos; teve assim início a missão
da Igreja no mundo. O próprio Jesus tinha preparado os Onze para esta missão
aparecendo-lhes várias vezes depois da sua ressurreição.
Antes da ascensão ao Céu,
ordenou que não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem que se
cumprisse a promessa do Pai; isto é, pediu que permanecessem juntos para se
prepararem para receber o dom do Espírito Santo. E eles reuniram-se em oração
com Maria no Cenáculo à espera do acontecimento prometido.
Na vida eclesial, os que estão abraçando
a causa do apostolado missionário, e ao mesmo tempo, levando uma palavra de esperança,
que vem de Deus, sabem que o primeiro agente da evangelização é sempre o
Espírito Santo.
Por isso, nossa esperança é de uma missão,
que produza corações novos, pessoas novas, vida nova, famílias novas, sociedade
nova, isto é, essa novidade radical do Evangelho agindo concretamente na vida
das pessoas, na vida da sociedade hoje.
A própria mensagem do evangelho quer ser um
estímulo para assumir o mandato missionário de Jesus de ir e fazer discípulos,
mas sentimos que temos um longo caminho a percorrer, por isso, estamos buscando
iluminar esse caminho com a Palavra de Deus, é claro que com renovado ardor,
abraçar a evangelização. Levando
as pessoas a um verdadeiro encontro com Jesus, nas suas várias formas.
A experiência do encontro com Jesus feito
com a samaritana está hoje na base do anúncio do Evangelho. Nós precisamos
evangelizar a partir dessa experiência do encontro com Jesus e levar às pessoas
a experiência do encontro com Cristo, nas suas várias expressões, na oração, na
escuta da Palavra, na Eucaristia, na vida da comunidade, no amor fraterno, no serviço da caridade.
A evangelização. Embora a
responsabilidade seja também de cada um de nós, ela é tarefa eclesial. Não se
evangeliza sozinho, cada um por si. Nós evangelizamos em comunhão, assumindo a
vida em comunidade.
Nós vivemos em uma sociedade muito
individualista e não podemos reproduzir esse esquema dentro da Igreja,
sobretudo, quando se trata desse trabalho evangelizador, nós
precisamos lançar juntas as redes, confiando na presença de Jesus Ressuscitado.
Porque Cristo, levantado no
alto sobre a terra, atraiu para si todos os homens; ressuscitando dentre os
mortos enviou seu Espírito vivificador sobre seus discípulos e por ele
constituiu seu Corpo que é a Igreja, como sacramento universal de salvação.
Estando sentado à direita do
Pai, sem cessar atua no mundo para conduzir os homens à sua Igreja e por Ela
uni-los assim mais estreitamente e, alimentando-os com seu próprio Corpo e
Sangue, torná-los partícipes de sua vida gloriosa.
+Dom Eduardo Rocha
Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
ESCATOLOGIA CRISTÃ
Escatologia é uma parte da teologia que se preocupa com o fim. O
nosso fim, bem como o fim do mundo. No caso da escatologia cristã, ela exprime
a convicção de que a história inteira está nas mãos de Deus e que só encontrará
sua plenitude em Cristo, a personificação da promessa de Deus. È essa promessa
que nos induz a pensar. É ela, também, que nos incita a agir. Neste sentido, o
critério de toda afirmação sobre o futuro, de toda frase sobre o fim do mundo,
de todo discurso sobre a morte, de todo enunciado escatológico deve ser a
própria mensagem de Cristo. Uma escatologia inadequada é aquela que esquece o
presente, e considera seus enunciados sobre o futuro simplesmente como declarações
sobre o tempo que há de vir, induzindo as pessoas a fugirem do presente. Como
conseqüência, destrói-se o próprio amanhã, já que ele deveria ser construído a
partir do presente.
Não tem sentido considerar as coisas últimas senão partindo da perspectiva do último, ou, melhor ainda, a partir de Jesus, o último, depois do qual não há que esperar nenhum outro (Mt 11,3; 1Cor 15,45). Em Jesus está a salvação e a plenitude dos homens, porque nEle o mundo e a história recebem seu sentido e orientação definitiva. Jesus é o evento escatológico, à luz do qual devem ser considerados todos os conteúdos da esperança cristã. Jesus é o evento escatológico na medida em que é o revelador do Pai e o único mediador que nos leva a Ele. A esperança cristã não tem outro objeto a não ser o próprio Deus, o futuro absoluto e definitivo do homem.
A escatologia cristã, se tem Cristo como centro, é uma mensagem de salvação. Anuncia-nos a realização plena da salvação acontecida em Jesus. Se todo o evento Cristo é salvífico, não pode não sê-lo a sua definitiva manifestação. A escatologia cristâ é, por conseguinte, uma dimensão imprescindível da boa nova, do evangelho. Sabemos que a fé cristã afirma com muita seriedade a possibilidade da condenação do homem, porque somente assim se afirma também sua autêntica liberdade e, portanto, o caráter plenamente humano de sua adesão a Deus. Mas é igualmente claro que isso não constitui o centro da mensagem de Jesus. Há apenas um único caminho da história e do homem, a vitória de Cristo está garantida, embora não possamos ter certeza de que cada um de nós participará dela.
No Evangelho de João, embora não se possa dizer que a dimensão do futuro esteja completamente ausente, dá-se maior ênfase ao presente da salvação. È só a partir do presente da salvação em Cristo que tem sentido a dimensão de futuro. Por outro lado, porém, a plena participação na glória do Senhor pressupõe a participação em sua morte. Todos nós devemos submetermos ao juízo da cruz do Senhor.
O paradoxo da salvação presente e da realização em que ainda esperamos não se resolve com a afirmação de um aspecto em detrimento do outro, mas com a afirmação dos dois aspectos simultaneamente. A questão da continuidade e da ruptura entre a vida presente e a vida futura deve merecer enfoque semelhante.
Por um lado, é certo que a morte de Jesus na cruz nos mostra claramente uma cesura entre sua vida terrena e sua vida gloriosa; por outro, Jesus ressuscitado aparece com as marcas de sua paixão. Se a vida futura não está simplesmente em continuidade com a vida presente, não nos devemos esquecer de que depende dela. È neste mundo transitório que se decide nossa sorte eterna. Por isso, nosso esforço no mundo que passa adquire valor transcendente. Ruptura e continuidade devem ser, portanto, afirmadas ao mesmo tempo.
Não tem sentido considerar as coisas últimas senão partindo da perspectiva do último, ou, melhor ainda, a partir de Jesus, o último, depois do qual não há que esperar nenhum outro (Mt 11,3; 1Cor 15,45). Em Jesus está a salvação e a plenitude dos homens, porque nEle o mundo e a história recebem seu sentido e orientação definitiva. Jesus é o evento escatológico, à luz do qual devem ser considerados todos os conteúdos da esperança cristã. Jesus é o evento escatológico na medida em que é o revelador do Pai e o único mediador que nos leva a Ele. A esperança cristã não tem outro objeto a não ser o próprio Deus, o futuro absoluto e definitivo do homem.
A escatologia cristã, se tem Cristo como centro, é uma mensagem de salvação. Anuncia-nos a realização plena da salvação acontecida em Jesus. Se todo o evento Cristo é salvífico, não pode não sê-lo a sua definitiva manifestação. A escatologia cristâ é, por conseguinte, uma dimensão imprescindível da boa nova, do evangelho. Sabemos que a fé cristã afirma com muita seriedade a possibilidade da condenação do homem, porque somente assim se afirma também sua autêntica liberdade e, portanto, o caráter plenamente humano de sua adesão a Deus. Mas é igualmente claro que isso não constitui o centro da mensagem de Jesus. Há apenas um único caminho da história e do homem, a vitória de Cristo está garantida, embora não possamos ter certeza de que cada um de nós participará dela.
No Evangelho de João, embora não se possa dizer que a dimensão do futuro esteja completamente ausente, dá-se maior ênfase ao presente da salvação. È só a partir do presente da salvação em Cristo que tem sentido a dimensão de futuro. Por outro lado, porém, a plena participação na glória do Senhor pressupõe a participação em sua morte. Todos nós devemos submetermos ao juízo da cruz do Senhor.
O paradoxo da salvação presente e da realização em que ainda esperamos não se resolve com a afirmação de um aspecto em detrimento do outro, mas com a afirmação dos dois aspectos simultaneamente. A questão da continuidade e da ruptura entre a vida presente e a vida futura deve merecer enfoque semelhante.
Por um lado, é certo que a morte de Jesus na cruz nos mostra claramente uma cesura entre sua vida terrena e sua vida gloriosa; por outro, Jesus ressuscitado aparece com as marcas de sua paixão. Se a vida futura não está simplesmente em continuidade com a vida presente, não nos devemos esquecer de que depende dela. È neste mundo transitório que se decide nossa sorte eterna. Por isso, nosso esforço no mundo que passa adquire valor transcendente. Ruptura e continuidade devem ser, portanto, afirmadas ao mesmo tempo.
+Dom Eduardo Rocha
Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
terça-feira, 23 de outubro de 2012
O VERDADEIRO DESAFIO DO CRISTIANISMO
O verdadeiro desafio do Cristianismo é
devolver a esperança a um mundo que parece perdido. E para encarregar-se dessa
missão, com todas as forças, com a capacidade de regenerar-se, será a entrega
pastoral de uma comunidade eclesial consciente de ter algo de positivo a dizer
ao mundo.
É esta a perspectiva na qual se deve
mover a Igreja: a identificação da família, educação dos jovens, no diálogo
ecumênico e inter-religioso e de uma renovação da catequese, especialmente
aquela endereçada aos adultos, como os pontos centrais sobre os quais se deve
concentrar.
Neste tempo de tantas possibilidades e
ofertas, não podemos nos esquecer de que precisamos voltar nosso olhar e
interesse pelas coisas de Deus. Em particular, a família no seu conjunto é
protagonista decisiva da transmissão da fé, e neste âmbito é reconhecido o
papel importante que as mulheres têm tido e tem na transmissão da fé cristã.
O processo cultural de secularização é
particularmente marcante e merece ser considerado seja como desafio que se
coloca para a Igreja sob o perfil cultural, seja como oportunidade oferecida
àquela pessoa que crê para renovar as próprias categorias espirituais e
culturais.
Todas as crises que sofremos são
espirituais, dentro e fora da Igreja. Uma crise que deve ser lida, enfrentada e
vencida primeiramente na ordem sobrenatural, antes que cultural social e
econômico.
Mediante a unção profética do Espírito
Santo, saberemos devolver ao homem, o humano e ainda ao homem, o divino, assim
como às nossas sociedades pagãs, uma nova ética das virtudes.
Porém, toda a ação do cristão, mesmo
fundamentada na catequese, se torna fraca se não for alimentada pela oração.
Daí a importância da oração contínua na vida de fé.
Os Evangelhos registram o que Jesus falou
e fez em favor dos que querem seguir e estar com Deus. Este estar com Deus se
inicia no hoje da Redenção e Salvação, toda vez que vivemos plenamente os
valores por Ele ensinados.
Em uma sociedade marcada por mudanças
culturais e sociais, a saída pode estar na formação de pequenos grupos, que busquem
ir atrás das pessoas para evangelizá-las. Para que isto se concretize, deve ser
necessário que a Igreja abra ao protagonismo dos Leigos.
Fazer da Igreja
uma rede de pequenas comunidades eclesiais, porque nós devemos sempre promover
e estimular uma pastoral orgânica, de conjunto.
+Dom Eduardo Rocha
Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
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