quinta-feira, 26 de abril de 2012

IV Domingo da Páscoa (Jo 10,11-18) - Ano B 29/04/2012


 Eu sou a porta das ovelhas

Neste IV Domingo da Páscoa celebramos o Domingo do Bom Pastor e também o dia dedicado às vocações sacerdotais e religiosas, quando lemos o Evangelho do Bom Pastor.
Talvez seja momento de chamar atenção de nossas comunidades para o valor da vida. Aqueles que passam pela porta, que é Jesus, vão encontrar e experimentar a alegria de viver e de repartir a vida na base do amor, da solidariedade, da compaixão e do acolhimento. Tudo isso leva à fraternidade e nos aproxima de Deus.
Mas, o mais importante é passar pela porta, passar por Jesus, para poder compreender isso. A vida cristã se traduz em seguimento a Jesus Cristo, reconhecendo-o como o Bom Pastor, aquele que conduz suas ovelhas à vida plena.
Entra-se nesta vida passando pela porta, que é Jesus Cristo, que é também sua Cruz, através do Batismo, quando nos dispomos a viver caminhando nos caminhos do Evangelho.
            Por este relato se vê que a Igreja é uma comunidade que reza. Ao rezar, escuta aquilo que o Espírito Santo lhe diz. Cada um de nós faz parte desta mesma comunidade.
É na oração que descobriremos a presença do Senhor; que receberemos a luz, para que não haja trevas na nossa vida; que receberemos as palavras do Senhor, como vindas do Pai; que escutaremos o Espírito Santo, para que nos oriente sobre o que devemos fazer; que nos decidiremos a anunciar a palavra de Deus aos outros.
A imagem do Bom-Pastor, plena de conteúdo salvífico, permite também que toda obra e ministério eclesiais sejam chamados de Pastoral porque os batizados, segundo os carismas que possuem, são vocacionados ao serviço, dando a vida pela causa Daquele que se entregou por nós. Portanto, a imagem desperta a generosidade e a disponibilidade dos cristãos para o serviço na Igreja e no Mundo, à semelhança do pastoreio de Jesus.
Celebrar e experimentar bem este domingo é deixar crescer em nós o sentido de comunidade-Igreja, povo reunido para celebrar sua fé, centralizar a nossa vida e pratica de fé no Mistério Pascal de Cristo que se realiza nos Sacramentos e plenamente na Eucaristia; Adestrar e aguçar os sentidos para colher a Vontade de Deus nos pequenos gestos, nas coisas simples do dia a dia e na pratica comum da fé e da caridade.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte

sexta-feira, 20 de abril de 2012

III Domingo da Páscoa (Lc 24, 35- 43) Ano B – 22/04/2012


É preciso ver o extraordinário nas coisas ordinárias.
  
Nós nascemos na Igreja e nutrimos nossa fé na Igreja. Não existe cristão que vive isolado, no mundo, individualizado numa religião ao seu modo. O cristão precisa da Igreja. Na Igreja ele é acolhido pelo Ressuscitado, que indica onde encontrar a vida em abundância e lhe prepara um alimento renovador das forças.
           É deste modo que acolhemos Jesus que vem ao encontro de seus discípulos para alimentá-los com sua Palavra e com um alimento preparado por ele próprio. Uma típica alusão aos sacramentos, especialmente à Eucaristia, destacando a presença de Jesus ressuscitado na Palavra e nos símbolos sacramentais.
Da mesma forma, o Senhor vem ao encontro dos discípulos, de todos os tempos, na vida cotidiana, manifestando-se especialmente naqueles que ouvem sua Palavra, a obedecem e lançam a rede onde possam pescar vida abundante.
Como Cristo apareceu aos discípulos de emaús, também aparece na nossa vida. O único obstáculo seria o estarmos sem os olhos da fé. Torna-se difícil reconhecê-Lo quando estamos preocupados demais com nós mesmos, com as pequenezes da vida, com a rotina da vida quotidiana. A vida presente tem um significado muito mais profundo, nos lança à Vida Eterna.
É preciso ver o extraordinário nas coisas ordinárias. Temos que dar testemunho daquilo que experimentamos graças aos olhos da fé, que o mundo não reconhece e que só a fé revela: Cristo ressuscitou. Ele vive e nos precede junto de Deus. Há tantos cegos que não enxergam por culpa do seu egoísmo e sensualidade, soberba e avareza...
Ajudemos nossos irmãos a encontrarem os olhos da fé, que Cristo traz com a Sua Ressurreição. Vivamos com cara de ressuscitados. Neste domingo, façamos o propósito de abrir o nosso coração. Para isso devemos esvaziá-lo de nós mesmos e implorar a Deus que entre, para que o seu Espírito nos transforme em pessoas ressuscitadas.

 +Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte

sábado, 14 de abril de 2012

II Domingo da Páscoa Ano - B – 15/04/2012 (Jo 20, 19-31)




O Jesus Ressuscitado não é encontrado na paz das igrejas

A liturgia desse domingo, vivendo ainda a alegria pascal, apresenta a nova comunidade (a Igreja), que nasce da cruz e Ressurreição com a missão de revelar aos homens a Vida Nova que brota da Ressurreição. Uma comunidade que dá testemunho, provocando admiração e simpatia do povo e atraindo novos membros.
O Tempo Pascal caracteriza-se como tempo, no qual o Espírito Santo conduz sua Igreja ao testemunho concreto da fé, através da partilha fraterna, da alegria e da paz. A celebração deste Domingo demonstra que a fé não é algo teórico ou intimista, pois esta se manifesta concretamente em nossas comunidades e na vida dos discípulos e discípulas de Jesus.
Talvez esta seja a mensagem central do Evangelho deste segundo domingo de Páscoa. O Jesus Ressuscitado não é encontrado na paz das igrejas. Devemos sair ao fundo deste mundo. Devemos colocar as mãos nas feridas da história. Devemos nos aproximar dos que lhes tocou a pior parte, aos pobres, aos marginalizados de todo tipo, aos que sofrem por qualquer razão.
Aí, tocando a cruz, que podemos sentir, é como nos encontramos com o Senhor Ressuscitado, com o Jesus ao qual o Pai devolveu a vida. Indo aos lugares mais escuros da história, onde o pecado, a dor e a morte estão demasiados presentes, onde não cabe a esperança, é como encontraremos ao que é a fonte de toda esperança, ao que nos faz olhar para além da morte, com uma perspectiva que não é a dos homens senão a perspectiva de Deus.
Sentindo todos os homens e mulheres como irmãos e irmãs no coração, seremos capazes de recriar aquela comunidade primeira na qual, todos viviam unidos e tinham tudo em comum. As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo.
E aí precisamente onde experimentamos a Jesus Ressuscitado e escutamos uma vez mais sua voz, que nos enche de esperança: A paz esteja convosco.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte

quinta-feira, 12 de abril de 2012

CARTA DE DESLIGAMENTO DA ICC

CARTA DE EXCARDINAÇÃO

CARTA DE EXCARDINAÇÃO


EXMO. REVMO. DOM EXPEDITO JOSÉ MACHADO
Arcebispo Primaz da Igreja Católica Carismática – ICC


Eu, DOM EDUARDO ROCHA QUINTELLA, respeitosamente venho solicitar vossa aquiescência em acolher minha excardinação deste egrégio sodalício. Por razões particulares, venho apresentar-lhe meu pedido formal de desligamento do quadro clerical da ICC.

 Minha DECISÃO é Inquestionável e Irrevogável, assim sendo, já não respondo por nenhum Ato Administrativo e Eclesiástico em nome da referida jurisdição a partir da data infra.

Destarte, agradeço a acolhida enquanto estivemos laborando juntos.

Em Cristo Jesus Nosso Senhor,

Respeitosamente,

Belo Horizonte – MG, 12 de abril de 2012.


+ DOM EDUARDO ROCHA QUINTELLA

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Domingo da Páscoa (Jo 20,1-9) - 08/04/2012



Este é o dia que o Senhor fez para nós

O Domingo de Páscoa é o ápice do ano litúrgico. Pela Eucaristia Cristo ressuscitado torna-se presente aqui no meio de nós, como há dois mil anos. E quer vir mais uma vez ao nosso coração, purificado pela penitência quaresmal e pelo sacramento do perdão.

A Liturgia, como sacramento pascal, faz-nos participantes da morte-ressurreição de Cristo. E como tal, faz-nos aparecer diante do mundo como homens e mulheres que saíram do túmulo, passaram pela morte e mediante a ela, ressuscitaram. Esta experiência se dá no seio da Igreja que ora, escutando a Palavra de Deus.

A Ressurreição de Jesus é o principal motivo evangelizador da Igreja. A Igreja, constituída sobre a rocha Pedro, que entra no túmulo e constata que o Senhor não está mais entre os mortos, existe para anunciar essa grande boa nova à humanidade.

A experiência da fé consiste, então, em descobrir que não vivemos mais por nós mesmos, mas que Cristo, é nossa vida em plenitude. Dizer sim a Cristo. É viver como Ressuscitado, isto é, na experiência de uma vida que nos é a todo momento dada do alto.

Só a ressurreição de Jesus pode dar sentido à nossa vida. Sem ela, vã é a nossa fé. Com a fé na ressurreição tudo ganha sentido: o compromisso por um mundo mais justo e humano e o serviço aos pobres, aos necessitados, aos crucificados e sepultados de hoje.

Abrindo-nos ao plano de Deus, ressuscitamos também nós a cada dia, e sentimos, verdadeiramente, a presença de Jesus ressuscitado em nossas vidas. Alimentando-nos no pão da sua Palavra e da Eucaristia, servindo a mesa do irmão, sentimo-Lo ressuscitado, vivo, no meio de nós.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte

Vigília Pascal - 07/04/2012


Vigília Pascal

A magnífica liturgia pascal põe em relevo uma nota escatológica que indica a meta para onde nos dirigimos seguindo Cristo.

Este é o dia que o Senhor fez para nós. Alegremo-nos e nele exultemos. Esta é a noite santa de onde brota a esperança do dia que o Senhor fez para nós. Ele ilumina o tempo com a luz da eternidade, transforma a morte em vida Esta é a noite que faz pairar sobre nós a alegria que vem do alto. 


Noite de luzes, onde com nossas velas acesas, no fogo novo do Círio Pascal, anunciamos com júbilo: Ele está vivo e ressuscitado no meio de nós! Acenda Senhor, em nosso peito o fogo do teu amor, nesta noite em que proclamamos tua ressurreição! 


Nesta noite santa, em que nosso Senhor Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja convida seus filhos dispersos por toda a terra a se reunirem em vigília e oração. Se comemorarmos a Páscoa do Senhor, ouvindo sua palavra e celebrando seus mistérios, podemos ter a firme esperança de participar de seu triunfo sobre a morte e de sua vida em Deus. 


A Vigília Pascal é uma vasta celebração da Palavra de Deus que continua com o batismo e com a Eucaristia. Os símbolos são abundantes e de uma grande riqueza espiritual, o ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus e a marcha de Israel no deserto guiado pela coluna de fogo; a liturgia da Palavra com Salmo e oração, percorrendo as etapas da história da salvação.


A liturgia da iniciação cristã que incorpora novos filhos na Igreja; a renovação das promessas do batismo e aspersão com a água benta que recorda a água do nosso batismo; por fim a eucaristia que proclama a ressurreição do Senhor, esperando a sua última vinda (1 Cor. 11, 26). 


A liturgia convoca de novo os fiéis para o dia que fez o Senhor na celebração eucarística do dia. A piedade cristã realiza a procissão de Cristo ressuscitado, ornamentando as ruas, soltando foguetes, tocando sinos. 


O Aleluia, que fora suprimido na Quaresma, aparece repetidas vezes em sinal de alegria e vitória, de forma que o Aleluia pascal se tornou a aclamação própria do mistério pascal. 


A magnífica liturgia pascal põe em relevo uma nota escatológica que indica a meta para onde nos dirigimos seguindo Cristo e que São Paulo apresenta na carta aos Coríntios: Sempre que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos a tua morte Senhor, até que venhas (1Cor. 11, 26).



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte

segunda-feira, 2 de abril de 2012

TRÍDUO PASCAL


O evento da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a vida.


Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente seu mistério pascal. Durante sua vida terrestre, Jesus anunciava seu Mistério pascal por seu ensinamento e o antecipava por seus atos.
Quando chegou sua hora, viveu o único evento da história que não passa: Jesus morre, é sepultado, ressuscita dentre os mortos e está sentado à direita do Pai uma vez por todas.
É um evento real, acontecido em nossa história, mas é único: todos os outros eventos da história acontecem uma vez e depois passam, engolidos pelo passado.
O Mistério pascal de Cristo, ao contrário, não pode ficar somente no passado, já que por sua morte destruiu a morte, e tudo o que Cristo é, fez e sofreu por todos os homens participa da eternidade divina, e por isso abraça todos os tempos e nele se mantém presente.
O evento da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a vida. Sendo assim, estas celebrações que formam o Tríduo Pascal têm a finalidade de tornar presente, atualizar, tornar vivo o mistério de Cristo, que se entrega ao Pai por nós, e nos faz participantes deste seu dom, vida e comunhão com o Pai.
A Palavra de Deus anuncia a Salvação presente e os sinais sacramentais tornam presente ao cristão esta salvação. O Cristão não pode viver uma vida de união com Cristo, sem morrer primeiramente a tudo o que constitui o velho mundo. A morte e a vida do Senhor se realizam novamente no mistério litúrgico e na nossa participação.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte

SEMANA SANTA


Morto, Sepultado e Ressuscitado.

Começa dia 01 de Abril, Domingo de Ramos, a Semana Santa, também chamada Semana Maior, não por ter mais dias, mas por que nela se insere o Tríduo Pascal, composto por Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Sábado Santo, culminando com a Solene Vigília Pascal.
No Domingo de Ramos a Igreja comemora a entrada solene de Jesus em Jerusalém, entrada triunfal com cânticos de alegria e ramos de palmeira, contrastando com a humildade de Jesus que monta um jumento.
Quinta-feira Santa é o primeiro dia do Tríduo Pascal. Nesse dia Jesus celebrou a Última Ceia com os seus discípulos, tendo instituído a Eucaristia e o Sacerdócio ministerial.
Nessa altura Jesus sabia que a Sua morte estava próxima e quis deixar aos seus um exemplo de humildade e serviço, foi com a cerimônia do Lava-pés. A lição do Senhor mais do que de humildade e serviço, foi de amor humilhou-se e tomou a forma de servo (Fil. 2 7).
A missa da Quinta-feira Santa é um convite a aprofundar concretamente no mistério da Paixão de Cristo, já que quem deseja segui-lo deve sentar-se à sua mesa e, com o máximo recolhimento, ser espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-lo.
E por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos dá um testemunho idôneo da vocação ao serviço do mundo e da Igreja que temos todos os fiéis quando decide lavar os pés dos seus discípulos.
Neste sentido, o Evangelho de São João apresenta a Jesus sabendo que o Pai pôs tudo em suas mãos, que vinha de Deus e a Deus retornava, mas que, ante cada homem, sente tal amor que, igual como fez com os discípulos, se ajoelha e lava os seus pés, como gesto inquietante de uma acolhida inalcançável.
São Paulo completa a representação lembrando a todas as comunidades cristãs o que ele mesmo recebeu: que aquela memorável noite a entrega de Cristo chegou a fazer-se sacramento permanente em um pão e em um vinho que convertem em alimento seu Corpo e seu Sangue para todos os que queiram recordá-lo e esperar sua vinda no final dos tempos, ficando assim instituída a Eucaristia.
A sexta-feira Santa apresenta o drama imenso da morte de Cristo no Calvário. A cruz erguida sobre o mundo segue de pé como sinal de salvação e de esperança. Com a Paixão de Jesus segundo o Evangelho de João contemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que lhe traspassou o lado.
São João nos leva a contemplar o mistério da cruz de Cristo como uma solene liturgia. Tudo é digno, solene, simbólico em sua narração: cada palavra, cada gesto. A densidade de seu Evangelho agora se faz mais eloqüente. E os títulos de Jesus compõem uma formosa Cristologia. Jesus é Rei. O diz o título da cruz, e o patíbulo é o trono onde ele reina.
É a uma só vez, sacerdote e templo, com a túnica sem costura com que os soldados tiram a sorte. É novo Adão junto à Mãe, nova Eva, Filho de Maria e Esposo da Igreja. É o sedento de Deus, o executor do testamento da Escritura. O Doador do Espírito. É o Cordeiro imaculado e imolado, o que não lhe romperam os ossos. É o Exaltado na cruz que tudo o atrai a si, quando os homens voltam a ele o olhar.
Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição.
Dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.
A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão.
O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: nós o experimentávamos, diziam os discípulos de Emaús.
É um dia de meditação e silêncio. Algo parecido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento (Jó. 2 13).
Ou seja, não é um dia vazio em que não acontece nada. Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele.
O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos, não tanto momentos cronológicos de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado e ressuscitado.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte

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