Refletindo
o texto do Autor Sagrado da viúva de Sarepta e da viúva do templo, destacamos o
nexo entre fé e caridade, amor a Deus e amor aos irmãos. A fé em Deus não se
limita a ser um ato puramente vertical, uma relação individual com Ele, mas se
manifesta no amor aos irmãos.
Vivemos um
momento em que muito se valoriza a individualidade, a subjetividade. O homem de
hoje dá muitas voltas ao redor de si mesmo. A intersubjetividade e a dimensão
comunitária, neste universo, perdem força. As próprias relações são vivenciadas
em vista dos interesses pessoais.
As
conseqüências fazem sentir em vários âmbitos. Gostaria de destacar o ecológico.
Não é possível ter um estilo de vida, onde se esqueça que o mundo é apenas o
meu habitat, mas também dos que convivem comigo e das gerações futuras.
Não é
possível peregrinar nas estradas deste mundo vivendo na indiferença do que
acontece ao nosso redor, sobretudo no que acontece a criatura mais excelente do
planeta: o homem. Não podemos permanecer em paz, sabendo que ainda há fome,
miséria e tantas calamidades que afligem o ser humano.
Às vezes
podemos querer lavar as nossas mãos, transferindo para o Estado a
responsabilidade da estabilidade social e do bem-estar para todos os cidadãos.
Contudo, em nome da nossa fé, o outro é um nosso irmão e não podemos cair nas
malhas do egoísmo.
Somos sim
responsáveis uns pelos outros, tanto materialmente, como espiritualmente e não
podemos permanecer em paz e nem nos permitir o luxo excessivo, o desperdício e
tantas outras coisas mais que bradam o céu diante de quem não tem, por exemplo,
o que comer.
As viúvas
dos textos sagrados deram do essencial, não partilharam apenas o que sobrava,
foram sóbrias em seu gesto, por isto, Jesus exaltou a viúva, fazendo valer a
lógica da qualidade: deu mais não porque deu um grande quantia, mas porque deu
do seu necessário.
Vale a pena o nosso pouco que ajuda a minorar
a dor de quem sofre, vale a pena a nossa solidariedade, o que não vale à pena e
contradiz o nosso ser e aquilo a que fomos chamados, é o coração egoísta que
nos faz fechar, olhos, braços e mãos ao irmão.
A fé é um
dom de Deus ao qual o homem responde com magnanimidade e agradece e louva ao
seu Senhor. Essa resposta do homem ao chamado de Deus é vocação e vocação é
serviço, é gratidão, sedimentada na esperança e assumida como amor-caridade.
+Dom
Eduardo Rocha Quintella
Bispo de
Belo Horizonte
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