domingo, 2 de dezembro de 2012

FÉ E CARIDADE



Refletindo o texto do Autor Sagrado da viúva de Sarepta e da viúva do templo, destacamos o nexo entre fé e caridade, amor a Deus e amor aos irmãos. A fé em Deus não se limita a ser um ato puramente vertical, uma relação individual com Ele, mas se manifesta no amor aos irmãos.
Vivemos um momento em que muito se valoriza a individualidade, a subjetividade. O homem de hoje dá muitas voltas ao redor de si mesmo. A intersubjetividade e a dimensão comunitária, neste universo, perdem força. As próprias relações são vivenciadas em vista dos interesses pessoais.
As conseqüências fazem sentir em vários âmbitos. Gostaria de destacar o ecológico. Não é possível ter um estilo de vida, onde se esqueça que o mundo é apenas o meu habitat, mas também dos que convivem comigo e das gerações futuras.
Não é possível peregrinar nas estradas deste mundo vivendo na indiferença do que acontece ao nosso redor, sobretudo no que acontece a criatura mais excelente do planeta: o homem. Não podemos permanecer em paz, sabendo que ainda há fome, miséria e tantas calamidades que afligem o ser humano.
Às vezes podemos querer lavar as nossas mãos, transferindo para o Estado a responsabilidade da estabilidade social e do bem-estar para todos os cidadãos. Contudo, em nome da nossa fé, o outro é um nosso irmão e não podemos cair nas malhas do egoísmo.
Somos sim responsáveis uns pelos outros, tanto materialmente, como espiritualmente e não podemos permanecer em paz e nem nos permitir o luxo excessivo, o desperdício e tantas outras coisas mais que bradam o céu diante de quem não tem, por exemplo, o que comer.
As viúvas dos textos sagrados deram do essencial, não partilharam apenas o que sobrava, foram sóbrias em seu gesto, por isto, Jesus exaltou a viúva, fazendo valer a lógica da qualidade: deu mais não porque deu um grande quantia, mas porque deu do seu necessário.
 Vale a pena o nosso pouco que ajuda a minorar a dor de quem sofre, vale a pena a nossa solidariedade, o que não vale à pena e contradiz o nosso ser e aquilo a que fomos chamados, é o coração egoísta que nos faz fechar, olhos, braços e mãos ao irmão.
A fé é um dom de Deus ao qual o homem responde com magnanimidade e agradece e louva ao seu Senhor. Essa resposta do homem ao chamado de Deus é vocação e vocação é serviço, é gratidão, sedimentada na esperança e assumida como amor-caridade.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo de Belo Horizonte

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