segunda-feira, 26 de novembro de 2012

UM NOVO AMANHECER



A partir do primeiro domingo de Advento, iniciamos o ciclo C do Ano Litúrgico, o qual segue o evangelho de Lucas. Segundo Tito (3,4), Lucas é o evangelista da manifestação do carinho de Deus e de sua amizade para com os homens, dos pobres e dos pecadores, dos pagãos e dos valores humanísticos e também das mulheres, especialmente de Nossa Senhora.
O grande anseio de Lucas, ao escrever a Boa Notícia de Jesus, era verificar a solidez dos ensinamentos recebidos (1,4). Ele quer tirar dúvidas, quer mostrar a beleza do seguimento de Jesus, para fazer arder de novo o coração dos cristãos e cristãs e continuar, assim, a missão.
Por isso, o ciclo C será o ano da práxis cristã segundo o modelo de Jesus Cristo. A quem Lucas vai descrever como um homem de oração, de ternura humana, de convivência fraterna, ao mesmo tempo em que é também o profeta por excelência, o novo Elias, o porta-voz credenciado do Altíssimo.
Podemos tomar como ponto de partida a palavra Advento; este termo não significa espera, como poderia se supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que significa presença, ou melhor, chegada, quer dizer, presença começada.
O Advento significa a presença começada do próprio Deus. Por isso, recorda-nos duas coisas: primeiro, que a presença de Deus no mundo já começou e que ele já está presente de uma maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar, ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento.
Nós cristãos e cristãs vivemos na certeza consoladora que a luz do mundo já foi acesa na noite escura de Belém e transformou a noite da morte, do pecado humano na noite santa da vida humana em plenitude. O apelo do evangelho de hoje é a levantar e erguer nossas cabeças, porque o Filho de Deus já irrompeu na história humana, foi tecido nas entranhas da humanidade.
Seguindo a tradição do Antigo Testamento, na descrição de diferentes fenômenos cósmicos que Lucas apresenta no início do evangelho de hoje, o manifesto de Deus está presente na nossa vida, está agindo no mundo por meio de tantas pessoas de diferentes raças, culturas, religiões.
Somos nós que temos que descobrir sua Presença, e mais ainda, somos também nós que, por meio de nossa fé, esperança e amor, somos convidados a fazer brilhar continuamente sua Luz na noite do mundo. Pode ser um bom exercício deste tempo, reunidos em comunidade, em família, partilhar juntos as luzes que cada um de nós temos acessas, pessoal ou comunitariamente.
Agora vem a outra orientação importante do evangelho de hoje: Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida. Um dos males de nosso tempo é, sem dúvida, a falta de sensibilidade, vivemos uma vida centrada em nossos próprios interesses, fazendo-nos cegos, surdos e mudos ao sofrimento de nossos irmãos e irmãs. Atitude totalmente contrária ao Deus de Jesus Cristo.
Neste tempo, na esperança de Deus que continua vindo e agindo em nosso mundo, somos convidados/as a aliviar nosso coração daquilo que nos narcisiza e desumaniza, para ter um coração mais fraterno e solidário. Ali Deus se fará presente, nascerá novamente, porque onde dois ou mais estejam reunidos em meu nome, eu estarei presente no meio deles.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo de Belo Horizonte


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