A partir do primeiro
domingo de Advento, iniciamos o ciclo C do Ano Litúrgico, o qual segue o
evangelho de Lucas. Segundo Tito (3,4), Lucas é o evangelista da manifestação
do carinho de Deus e de sua amizade para com os homens, dos pobres e dos
pecadores, dos pagãos e dos valores humanísticos e também das mulheres,
especialmente de Nossa Senhora.
O grande anseio de Lucas,
ao escrever a Boa Notícia de Jesus, era verificar a solidez dos ensinamentos
recebidos (1,4). Ele quer tirar dúvidas, quer mostrar a beleza do seguimento de
Jesus, para fazer arder de novo o coração dos cristãos e cristãs e continuar,
assim, a missão.
Por isso, o ciclo C será o
ano da práxis cristã segundo o modelo de Jesus Cristo. A quem Lucas vai
descrever como um homem de oração, de ternura humana, de convivência fraterna,
ao mesmo tempo em que é também o profeta por excelência, o novo Elias, o
porta-voz credenciado do Altíssimo.
Podemos tomar como ponto de
partida a palavra Advento; este termo não significa espera, como poderia se
supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que significa presença, ou
melhor, chegada, quer dizer, presença começada.
O Advento significa a
presença começada do próprio Deus. Por isso, recorda-nos duas coisas: primeiro,
que a presença de Deus no mundo já começou e que ele já está presente de uma
maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar,
ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento.
Nós cristãos e cristãs vivemos
na certeza consoladora que a luz do mundo já foi acesa na noite escura de Belém
e transformou a noite da morte, do pecado humano na noite santa da vida humana em plenitude. O apelo do
evangelho de hoje é a levantar e erguer nossas cabeças, porque o Filho de Deus
já irrompeu na história humana, foi tecido nas entranhas da humanidade.
Seguindo a tradição do
Antigo Testamento, na descrição de diferentes fenômenos cósmicos que Lucas
apresenta no início do evangelho de hoje, o manifesto de Deus está presente na
nossa vida, está agindo no mundo por meio de tantas pessoas de diferentes
raças, culturas, religiões.
Somos nós que temos que descobrir sua Presença, e
mais ainda, somos também nós que, por meio de nossa fé, esperança e amor, somos
convidados a fazer brilhar continuamente sua Luz na noite do mundo. Pode ser um
bom exercício deste tempo, reunidos em comunidade, em família, partilhar juntos
as luzes que cada um de nós temos acessas, pessoal ou comunitariamente.
Agora vem a outra
orientação importante do evangelho de hoje: Tomem cuidado para que os corações
de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das
preocupações da vida. Um dos males de nosso tempo é, sem dúvida, a falta de
sensibilidade, vivemos uma vida centrada em nossos próprios interesses,
fazendo-nos cegos, surdos e mudos ao sofrimento de nossos irmãos e irmãs. Atitude
totalmente contrária ao Deus de Jesus Cristo.
Neste tempo, na esperança
de Deus que continua vindo e agindo em nosso mundo, somos convidados/as a
aliviar nosso coração daquilo que nos narcisiza e desumaniza, para ter um
coração mais fraterno e solidário. Ali Deus se fará presente, nascerá
novamente, porque onde dois ou mais estejam reunidos em meu nome, eu estarei
presente no meio deles.
+Dom Eduardo Rocha Quintella
+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo
de Belo Horizonte
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