A Igreja, neste dia,
convida-nos a entrar em comunhão com o Deus da vida e rezar pelos nossos
falecidos. Este dia nos lembra que nossa existência terrena é passageira; e,
junto com o salmista, queremos rezar: O Senhor é minha luz e salvação. Nossa fé nos diz que a vida dos justos está
nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá.
A Liturgia deste dia realça
a fé e a esperança na vida eterna solidamente fundada na revelação. Estão as
almas dos justos nas mãos de Deus, e não os toca tormento algum. Aos olhos dos
insensatos pareceram morrer, e o seu trespasse foi considerado como um
infortúnio, e sua separação de nós, uma derrota. Mas eles gozam de paz.
Para quem creu em Deus e o
serviu durante esta vida, a morte não é um caminhar para o nada e, sim, para os
braços de Deus. È encontro pessoal com o Senhor para viver junto dele no amor e
na alegria de sua amizade. Portanto, o cristão autêntico não teme a morte.
Considerando que enquanto
vivemos neste mundo estamos exilados longe do Senhor, o cristão repete com São
Paulo: Não se trata de exaltar a morte, mas de vê-la qual realmente é no plano
de Deus: o dia do nascimento para a vida eterna.
Esta visão serena e otimista
da morte baseia-se na fé em Cristo, já que pertencemos a ele. Pois disse Jesus:
A vontade daquele que me enviou é que eu não deixe perecer nenhum daqueles que
me deu, mas que ressuscite. Todos os homens foram dados a Cristo.
São todos dele, pois os
comprou à custa do próprio sangue. Se aceitarem ser propriedade de Cristo e a
viverem com a fé e as obras segundo o Evangelho, podem viver certos de estar
enumerado entre os dele e, como tal, ninguém, nada os poderá arrancar das mãos
de Jesus, nem a morte.
Quer vivamos, quer morramos,
somos do Senhor, exclama o Apóstolo. Somos do Senhor porque nos remiu e
incorporou a si, porque vivemos nele e por ele mediante a graça e o amor.
Se formos dele em vida,
continuaremos tais na morte. Cristo, Senhor de nossa vida, será o Senhor de
nossa morte. Ele a absorverá na sua morte, transformando-a em vida eterna.
Assim se realiza para os fiéis a oração sacerdotal de Jesus: Pai, os que me
deste, quero que, onde eu estiver, estejam eles também comigo, para verem a
minha glória.
À oração de Cristo faz eco a
da Igreja que implora tais graças para todos os seus filhos falecidos: Concedei
Senhor, que os nossos irmãos defuntos entrem na glória com vosso filho, que nos
une todos no grande mistério de vosso amor.
Com a morte, nem tudo está
terminado, pois há a certeza de que nossa vida está nas mãos de Deus. O sonho
da nova sociedade, já para esta vida, não nos deixa acomodados diante de tantas
mortes injustas. Felizes os que se deixam conduzir pelas propostas de Jesus.
+Dom Eduardo
Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte
Nenhum comentário:
Postar um comentário