segunda-feira, 12 de novembro de 2012

BISPOS GUARDIÕES DA VERDADE SALVÍFICA





A Revelação é um diálogo de Deus com a humanidade por meio de Sua Palavra eterna feita carne: Jesus. Este diálogo é para nos levar à vida com Deus, à vida eterna, nossa plenitude. Na própria criação, o Senhor já se manifesta pela sua amorosa providência, na eleição de Abraão, nosso Pai na fé, na aliança com Israel e na palavra dos profetas.
A Revelação deve ser acolhida com fé, com aquela abertura amorosa e disponível que atinge e engloba a pessoa como um todo. A Revelação não é um conjunto de informações para a inteligência, mas Alguém que vem ao nosso encontro e a quem devemos acolher com todo o nosso ser. No entanto, a Revelação inclui também verdades reveladas que devem ser cridas, porque foram reveladas por Deus.
Cristo, Revelação do Pai, confiou-a aos apóstolos que pregaram, viveram e, por inspiração do Espírito Santo, colocaram por escrito a mensagem salvífica. Para que essa mensagem de salvação continuasse viva na Igreja, os apóstolos deixaram os bispos como seus sucessores e guardiões da verdade salvífica, contida na tradição oral e na Sagrada Escritura.
Quanto à tradição apostólica, ela abrange tudo aquilo que coopera para a vida santa do povo de Deus e para o aumento da sua fé. A tradição está, na vida e no culto da Igreja, que é guiada pelo Espírito Santo. Compete aos bispos, o discernimento da tradição apostólica, a qual vai sempre progredindo na Igreja sob a inspiração do Santo Espírito.
Ainda quanto à tradição, ela está intimamente unida à Sagrada Escritura, pois ambas dão testemunho do mesmo Cristo. Escritura e tradição devem ser recebidas e veneradas com igual reverência. Compete aos bispos, à interpretação última seja da Escritura seja da tradição: eles receberam autoridade de Cristo para isso e nesse discernimento são guiados pelo Espírito Santo. 
A Escritura é toda ela inspirada por Deus, pois os seus autores escreveram por inspiração do Espírito Santo, de modo que, mesmo que cada autor dos livros bíblicos tenha seu estilo e sua visão, o autor final da Escritura é o próprio Deus e a Bíblia é realmente palavra d'Ele que nos transmite a verdade para a nossa salvação. Não se trata de verdade científica ou histórica, mas a verdade sobre o Senhor, sobre o homem e sobre o sentido da vida e do mundo.
Por isso mesmo, a interpretação correta da Palavra de Deus requer que se conheça a cultura do povo da Bíblia, a mentalidade e intenção do autor sagrado, bem como o gênero literário em que tal ou qual obra foi escrita. Uma coisa é certa: seja o simples crente, seja o estudioso erudito, deve procurar o sentido último da Escritura em Cristo e procurar interpretá-la no mesmo Espírito Santo que a inspirou e a entregou à Santa Igreja.
O Antigo Testamento é Palavra de Deus e prepara para o Cristo e, por isso, somente pode ser bem compreendido à luz de Cristo. O Novo Testamento é mais excelente que o Antigo, porque é o cumprimento em Cristo daquilo que o Antigo anunciava. Os evangelhos são de origem apostólica e contêm uma interpretação segundo a fé e inspirada pelo Espírito da vida, palavras e missão de Jesus Cristo.
A Igreja tem pelas Sagradas Escrituras como Palavra de Deus e exorta os fiéis a que se alimentem dessa Santa Palavra para o bem de sua vida espiritual e da sua vida moral. Também recorda que a Sagrada Escritura deve ser a alma da Teologia. Exorta os ministros sagrados a que preguem a Palavra, sobretudo cuidando bem das homilias na Santa Missa.
A celebração da Eucaristia é o lugar por excelência para se proclamar e escutar a Palavra de Deus, pois aí, a Palavra anunciada, que é Jesus Cristo, faz-se carne que alimenta e dá vida. A salvação anunciada na Escritura é celebrada na Páscoa Eucarística.




+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Belo Horizonte

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