A Revelação é um diálogo de
Deus com a humanidade por meio de Sua Palavra eterna feita carne: Jesus. Este
diálogo é para nos levar à vida com Deus, à vida eterna, nossa plenitude. Na
própria criação, o Senhor já se manifesta pela sua amorosa providência, na
eleição de Abraão, nosso Pai na fé, na aliança com Israel e na palavra dos
profetas.
A Revelação deve ser
acolhida com fé, com aquela abertura amorosa e disponível que atinge e engloba
a pessoa como um todo. A Revelação não é um conjunto de informações para a
inteligência, mas Alguém que vem ao nosso encontro e a quem devemos acolher com
todo o nosso ser. No entanto, a Revelação inclui também verdades reveladas que
devem ser cridas, porque foram reveladas por Deus.
Cristo, Revelação do Pai,
confiou-a aos apóstolos que pregaram, viveram e, por inspiração do Espírito
Santo, colocaram por escrito a mensagem salvífica. Para que essa mensagem de salvação
continuasse viva na Igreja, os apóstolos deixaram os bispos como seus
sucessores e guardiões da verdade salvífica, contida na tradição oral e na
Sagrada Escritura.
Quanto à tradição
apostólica, ela abrange tudo aquilo que coopera para a vida santa do povo de
Deus e para o aumento da sua fé. A tradição está, na vida e no culto da Igreja,
que é guiada pelo Espírito Santo. Compete aos bispos, o
discernimento da tradição apostólica, a qual vai sempre progredindo na Igreja
sob a inspiração do Santo Espírito.
Ainda quanto à tradição, ela está
intimamente unida à Sagrada Escritura, pois ambas dão testemunho do mesmo
Cristo. Escritura e tradição devem ser recebidas e veneradas com igual
reverência. Compete aos bispos, à interpretação última seja da Escritura seja
da tradição: eles receberam autoridade de Cristo para isso e nesse
discernimento são guiados pelo Espírito Santo.
A Escritura é toda ela inspirada por Deus, pois os seus autores
escreveram por inspiração do Espírito Santo, de modo que, mesmo que cada autor
dos livros bíblicos tenha seu estilo e sua visão, o autor final da Escritura é
o próprio Deus e a Bíblia é realmente palavra d'Ele que nos transmite a verdade
para a nossa salvação. Não se trata de verdade científica ou histórica, mas a
verdade sobre o Senhor, sobre o homem e sobre o sentido da vida e do mundo.
Por isso mesmo, a
interpretação correta da Palavra de Deus requer que se conheça a cultura do
povo da Bíblia, a mentalidade e intenção do autor sagrado, bem como o gênero
literário em que tal ou qual obra foi escrita. Uma coisa é certa: seja o
simples crente, seja o estudioso erudito, deve procurar o sentido último da
Escritura em Cristo e procurar interpretá-la no mesmo Espírito Santo que a
inspirou e a entregou à Santa Igreja.
O Antigo Testamento é Palavra de Deus e prepara para o Cristo e, por isso, somente
pode ser bem compreendido à luz de Cristo. O Novo Testamento é mais excelente
que o Antigo, porque é o cumprimento em Cristo daquilo que o Antigo anunciava.
Os evangelhos são de origem apostólica e contêm uma interpretação segundo a fé
e inspirada pelo Espírito da vida, palavras e missão de Jesus Cristo.
A Igreja tem pelas Sagradas Escrituras como
Palavra de Deus e exorta os fiéis a que se alimentem dessa Santa Palavra para o
bem de sua vida espiritual e da sua vida moral. Também recorda que a Sagrada
Escritura deve ser a alma da Teologia. Exorta os ministros sagrados a que
preguem a Palavra, sobretudo cuidando bem das homilias na Santa Missa.
A celebração da Eucaristia
é o lugar por excelência para se proclamar e escutar a Palavra de Deus, pois
aí, a Palavra anunciada, que é Jesus Cristo, faz-se carne que alimenta e dá
vida. A salvação anunciada na Escritura é celebrada na Páscoa Eucarística.
+Dom Eduardo
Rocha Quintella
Bispo Belo Horizonte
Nenhum comentário:
Postar um comentário