sexta-feira, 26 de outubro de 2012

XXXº DOMINGO COMUM




Este XXXº Domingo comum apresenta-nos o último milagre de Jesus antes da entrada em Jerusalém e é também o último milagre narrado por Marcos neste Ano litúrgico prestes a encerrar-se.
O último milagre não é uma cura qualquer, mas a iluminação de um cego e conclui-se com o seguimento do iluminado a Jesus no caminho da cruz que, como vimos em Domingos anteriores, até os discípulos tinham dificuldade em ver.
Analisando a Liturgia de hoje, vemos que, para os bons, o verdadeiro e único triunfo se encontra no amor à cruz e na aceitação do sofrimento. Ensina-nos São Paulo, na segunda leitura: temos um Sumo Sacerdote eterno, provado em tudo, que intercede por nós e do qual, portanto, devemos nos aproximar com toda Fé e confiança.
Não é fácil essa via indicada por Nosso Senhor. Quando se vence sem passar por perigos e riscos, não há glória. Afirma Santo Agostinho: Ninguém se conhece antes de ser provado, nem pode ser coroado se não vencer, nem pode vencer sem ter combatido, nem é possível lutar se não tiver inimigo e tentações.
Por nossa natureza, por nosso otimismo perante a vida e horror ao sofrimento, temos a ilusão de que triunfar significa nunca sofrer nem passar por desventura alguma. Não é o que nos mostra a dura existência terrena.
Por isso a vida da Igreja e a vida espiritual de cada fiel são uma luta incessante. Deus dá por vezes à sua Esposa dias de uma grandeza esplêndida, visível, palpável. Ele dá às almas momentos de consolação interior ou exterior admiráveis.
Mas a verdadeira glória da Igreja e do fiel resulta do sofrimento e da luta. Luta árida, sem beleza sensível, nem poesia definível. Luta em que se avança por vezes na noite do anonimato, ou da incompreensão.
Assim como o carvão, para se transformar em diamante, precisa ser submetido às altíssimas temperaturas e pressões encontradas nas entranhas da Terra, nossas almas necessitam do sofrimento, para merecermos a glória celeste.
O cego Bartimeu representa tantas pessoas que vivem à margem da vida, envolvidas pela cegueira espiritual, exilados em propostas de vida que escurecem a existência. O mesmo Bartimeu, contudo, representa também tanta gente que confia em Jesus e faz dele a fonte da luz, que ilumina toda sua existência.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte

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