Este
XXXº Domingo comum apresenta-nos o último milagre de Jesus antes da entrada em
Jerusalém e é também o último milagre narrado por Marcos neste Ano litúrgico
prestes a encerrar-se.
O
último milagre não é uma cura qualquer, mas a iluminação de um cego e
conclui-se com o seguimento do iluminado a Jesus no caminho da cruz que, como
vimos em Domingos anteriores, até os discípulos tinham dificuldade em ver.
Analisando a Liturgia de
hoje, vemos que, para os bons, o verdadeiro e único triunfo se encontra no amor
à cruz e na aceitação do sofrimento. Ensina-nos São Paulo, na segunda leitura:
temos um Sumo Sacerdote eterno, provado em tudo, que intercede por nós e do
qual, portanto, devemos nos aproximar com toda Fé e confiança.
Não é fácil essa via
indicada por Nosso Senhor. Quando se vence sem passar por perigos e riscos, não
há glória. Afirma Santo Agostinho: Ninguém se conhece antes de ser provado, nem
pode ser coroado se não vencer, nem pode vencer sem ter combatido, nem é
possível lutar se não tiver inimigo e tentações.
Por nossa natureza, por
nosso otimismo perante a vida e horror ao sofrimento, temos a ilusão de que
triunfar significa nunca sofrer nem passar por desventura alguma. Não é o que
nos mostra a dura existência terrena.
Por isso a vida da
Igreja e a vida espiritual de cada fiel são uma luta incessante. Deus dá por
vezes à sua Esposa dias de uma grandeza esplêndida, visível, palpável. Ele dá
às almas momentos de consolação interior ou exterior admiráveis.
Mas a verdadeira glória
da Igreja e do fiel resulta do sofrimento e da luta. Luta árida, sem beleza
sensível, nem poesia definível. Luta em que se avança por vezes na noite do
anonimato, ou da incompreensão.
Assim como o carvão,
para se transformar em diamante, precisa ser submetido às altíssimas
temperaturas e pressões encontradas nas entranhas da Terra, nossas almas
necessitam do sofrimento, para merecermos a glória celeste.
O
cego Bartimeu representa tantas pessoas que vivem à margem da vida, envolvidas
pela cegueira espiritual, exilados em propostas de vida que escurecem a
existência. O mesmo Bartimeu, contudo, representa também tanta gente que confia
em Jesus e faz dele a fonte da luz, que ilumina toda sua existência.
+Dom Eduardo Rocha
Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte
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