sexta-feira, 28 de março de 2014

Revelação e Encarnação

O primeiro e fundamental anúncio que a Igreja tem a missão de levar ao mundo, e que o mundo espera da Igreja, é o amor de Deus. No entanto, é preciso que os evangelizadores estejam imersos nesse amor para poderem transmitir essa certeza com credibilidade.
Amor é um sentimento, uma inclinação, uma bondosa disposição de Deus para nós. É algo real. É, ao pé da letra, o amor de Deus, o amor que circula na Trindade entre Pai e Filho e que, na encarnação, assumiu uma forma humana e agora nos é participado sob a forma de inabilitação.
O primeiro a se fazer não é reamar a Deus ou amar-nos como Deus nos amou. Primeiro temos outra coisa a fazer. Crer no amor de Deus. É a fé. Mas aqui se trata de uma fé especial: A fé que não sabe entender daquilo em que crê, mesmo crendo.
Enquanto, no âmbito humano, os dois tipos de amor costumam estar claramente repartidos, o Deus bíblico também ama como mãe. Ainda mais, o amor esponsal também é linguagem que atravessa toda a Sagrada Escritura e revela que o homem deseja Deus.
Já a encarnação é a etapa culminante do amor de Deus. Por muito tempo a resposta ao porquê de Deus ter se encarnado foi para nos redimir do pecado, mas, na verdade, é o amor o motivo fundamental da encarnação.
Deus quis a encarnação do Filho não só para ter alguém fora de si mesmo que o amasse de maneira digna de si, mas também e principalmente para ter fora de si mesmo alguém a quem amar de maneira digna de si.
E este é o Filho feito homem, em quem o Pai encontra toda a sua complacência e com quem fomos todos feitos filhos no Filho, aponta que Cristo não é somente a prova suprema do amor de Deus, mas o próprio amor de Deus que tomou forma humana para poder amar e ser amado a partir de dentro da nossa situação.
Eis a resposta da revelação cristã que a Igreja recolheu de Cristo e explicitou no seu credo: Deus é amor em si mesmo, antes do tempo, porque desde sempre Ele tem em si um Filho, o Verbo, a quem ama com amor infinito, que é o Espírito Santo. Em todo amor há sempre três realidades ou sujeitos: um que ama, um que é amado e o amor que os une. Na Criação, Revelação e Encarnação.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
E-mail: domeduardorochaquintella@hotmail.com

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