MARIA: A VIRGEM DO SILÊNCIO - 15/05/2014
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
Portal na Internet: www.domquintella.com.br
E-mail: domeduardorochaquintella@hotmail.com
MARIA: A VIRGEM DO SILÊNCIO - 15/05/2014
Se foi sempre recolhida a vida de Maria e concentrada em Deus, devia sê-Io, certamente, de modo particularíssimo naquele período em que, por obra do Espírito Santo, o Verbo se encarnou em seu seio.
O Anjo Gabriel encontrara Maria na solidão, e naquela atmosfera revelara-lhe o mistério de Deus. O recolhimento tornara a Virgem aberta para ouvir a mensagem divina, aberta ao consentimento, pronta ao dom total.
Naquele momento, ela acolheu no coração e no corpo o Verbo de Deus. Fez-se Deus presente em Maria de modo todo especial, que supera qualquer outra presença de Deus na criatura.
A humilde Virgem veio a ser assim o tabernáculo do Verbo eterno. Consciente disto exprime-o em seu sublime cântico: A minha alma engrandece o Senhor... Porque grandes coisas fez em mim o Onipotente" (Lc 1, 46. 49) .
No entanto, esconde no silêncio o mistério divino e o vive, adorando-o no segredo de seu coração. Dia virá em que José perceberá a maternidade dela e não saberá o que fazer.
Maria, porém, não julgará oportuno romper seu silêncio, nem para justificar-se, nem para dar qualquer esclarecimento. Deus, que a ela falou e nela age, saberá defender seu mistério, saberá intervir. Disto está segura. Só ao Senhor confia sua causa.
Mesmo sofrendo, continua em silêncio, fiel depositária do segredo de Deus. Aquele silêncio devia comover o coração do Altíssimo; e eis que aparece em sonho um Anjo do Senhor a José e diz-Ihe: José, filho de Davi, não temas tomar contigo Maria, tua esposa, porque o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo (Mt 1, 20).
Não pode Deus resistir diante de um silêncio que é fidelidade, confiança incondicional, entrega total da pessoa em suas mãos. A nenhuma criatura se entregou Deus mais que a Maria. Também criatura alguma, tanto como Maria, compreendeu a grandeza do dom divino; nem teve o Senhor guarda e adoradora mais amorosa e fiel que ela.
Enquanto adora em silêncio o mistério que nela se realiza, não descuida Maria os humildes deveres da vida. Seu viver com Deus vivo nela não a abstrai da concreta existência cotidiana. Seu modo de agir, porém, é sempre o da adoradora do Altíssimo.
Com que paz, com que recolhimento se aproximava de todas as coisas. Como até as coisas mais banais eram divinizadas por ela. Em tudo e através de tudo permanecia a Virgem em adoração do dom de Deus, o que não a impedia de entregar-se à atividade exterior, quando se tratava de exercer a caridade
Ensina Maria ao cristão o segredo da vida interior, recolhida em Deus presente no próprio espírito. E um recolhimento feito de evasão da curiosidade, das conversas e ocupações inúteis, alimentado de silêncio, de sentido da divina presença, de adoração.
Tal silêncio não é pobreza, mas plenitude de vida; é intensidade de desejo, clamor que invoca a Deus; invoca o Salvador não somente para si, mas para todos.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
Dom Eduardo Rocha Quintella
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MARIA: A VIRGEM DO SILÊNCIO - 15/05/2014
Se foi sempre recolhida a vida de Maria e concentrada em Deus, devia sê-Io, certamente, de modo particularíssimo naquele período em que, por obra do Espírito Santo, o Verbo se encarnou em seu seio.
O Anjo Gabriel encontrara Maria na solidão, e naquela atmosfera revelara-lhe o mistério de Deus. O recolhimento tornara a Virgem aberta para ouvir a mensagem divina, aberta ao consentimento, pronta ao dom total.
Naquele momento, ela acolheu no coração e no corpo o Verbo de Deus. Fez-se Deus presente em Maria de modo todo especial, que supera qualquer outra presença de Deus na criatura.
A humilde Virgem veio a ser assim o tabernáculo do Verbo eterno. Consciente disto exprime-o em seu sublime cântico: A minha alma engrandece o Senhor... Porque grandes coisas fez em mim o Onipotente" (Lc 1, 46. 49) .
No entanto, esconde no silêncio o mistério divino e o vive, adorando-o no segredo de seu coração. Dia virá em que José perceberá a maternidade dela e não saberá o que fazer.
Maria, porém, não julgará oportuno romper seu silêncio, nem para justificar-se, nem para dar qualquer esclarecimento. Deus, que a ela falou e nela age, saberá defender seu mistério, saberá intervir. Disto está segura. Só ao Senhor confia sua causa.
Mesmo sofrendo, continua em silêncio, fiel depositária do segredo de Deus. Aquele silêncio devia comover o coração do Altíssimo; e eis que aparece em sonho um Anjo do Senhor a José e diz-Ihe: José, filho de Davi, não temas tomar contigo Maria, tua esposa, porque o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo (Mt 1, 20).
Não pode Deus resistir diante de um silêncio que é fidelidade, confiança incondicional, entrega total da pessoa em suas mãos. A nenhuma criatura se entregou Deus mais que a Maria. Também criatura alguma, tanto como Maria, compreendeu a grandeza do dom divino; nem teve o Senhor guarda e adoradora mais amorosa e fiel que ela.
Enquanto adora em silêncio o mistério que nela se realiza, não descuida Maria os humildes deveres da vida. Seu viver com Deus vivo nela não a abstrai da concreta existência cotidiana. Seu modo de agir, porém, é sempre o da adoradora do Altíssimo.
Com que paz, com que recolhimento se aproximava de todas as coisas. Como até as coisas mais banais eram divinizadas por ela. Em tudo e através de tudo permanecia a Virgem em adoração do dom de Deus, o que não a impedia de entregar-se à atividade exterior, quando se tratava de exercer a caridade
Ensina Maria ao cristão o segredo da vida interior, recolhida em Deus presente no próprio espírito. E um recolhimento feito de evasão da curiosidade, das conversas e ocupações inúteis, alimentado de silêncio, de sentido da divina presença, de adoração.
Tal silêncio não é pobreza, mas plenitude de vida; é intensidade de desejo, clamor que invoca a Deus; invoca o Salvador não somente para si, mas para todos.
Dom Eduardo Rocha Quintella
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