sexta-feira, 9 de maio de 2014

JESUS É O SINAL MAIOR DA MISERICÓRDIA DO PAI - 09/05/2014

Dom Eduardo Rocha Quintella

Bispo Diocese Belo Horizonte

Portal na Internet: www.domquintella.com.br

E-mail: domeduardorochaquintella@hotmail.com

JESUS É O SINAL MAIOR DA MISERICÓRDIA DO PAI - 09/05/2014

Jesus é o sinal maior desta misericórdia de Deus. De tal modo Deus amou o mundo que lhe deu seu próprio Filho, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna (Jo 3,16).

Ao iniciar o anúncio das boas notícias de salvação para os pobres, na sinagoga de Nazaré, Jesus proclama que veio realizar o que profeta Isaías previa como missão do Messias: libertar os presos, realizar o ano jubilar, o ano da graça (Lc 4,16-20).

Agiu sempre como bom Samaritano da humanidade ferida física e moralmente. Confortou os desanimados, perdoou os pecadores, curou doentes de todo tipo de enfermidade, teve compaixão do povo porque era como ovelhas sem pastor.

Agindo unicamente com misericórdia, ordenou perdoar sempre, salvou a vida da pecadora pública, condenada à morte, denunciando as faltas dos seus acusadores e oferecendo oportunidade de regeneração a ambos: à pecadora para voltar à fidelidade; aos acusadores para serem mais humanos, mais compassivos e reconhecerem-se necessitados de compaixão.

Por fim, na cruz, perdoou os que o crucificaram. Condenado num processo no qual transparece uma coleção de violações de direitos humanos fundamentais, entregou sua vida ao Pai, indicando o caminho da fidelidade total e da superação do ódio, da vingança, da violência. Como celebra um dos prefácios pascais, morrendo, destruiu a nossa morte e ressuscitando, recuperou nossa vida.

O Documento de Puebla, da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em 1979, diz que a pessoa humana cai na escravidão quando diviniza ou absolutiza a riqueza, o poder, o Estado, o sexo, o prazer ou qualquer outra criatura de Deus, inclusive seu próprio ser ou sua razão humana. O Documento especifica que a riqueza absolutizada é obstáculo para a verdadeira libertação.

Os contrastes cruéis de luxo e extrema pobreza, tão visíveis em todo o Continente, agravados, ademais pela corrupção que muitas vezes invade a vida pública e profissional, manifesta até que ponto nossos países se encontram sob o domínio do ídolo da riqueza. Mais adiante declara que a absolutização do poder é também fator de opressão, do qual é necessário, com urgência, libertar nossos povos.

Qual a raiz de todos estes e de outros fatores que tiram a liberdade das pessoas. Qual a origem destes fatores que se tornam verdadeiras cadeias a impedir as pessoas de se realizarem plenamente. É o pecado humano. É a recusa consciente ao projeto de amor de Deus, que engana a pessoa e a torna escrava de si mesma.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, esta alienação gera outras em grande número.

Desde suas origens, a história comprova os infortúnios e opressões nascidos do coração do homem por causa do mau uso da liberdade...
Fugindo da lei moral, o homem prejudica sua própria liberdade, acorrenta-se a si mesmo, rompe a fraternidade com seus semelhantes e rebela-se contra a verdade divina.

No dizer do Documento de Santo Domingo, dividido em si mesmo, o homem rompeu a solidariedade com o próximo e destruiu a harmonia da natureza. Nisso reconhecemos a origem dos males individuais e coletivos que lamentamos na América Latina: as guerras, o terrorismo, a droga, a miséria, as opressões e injustiças, a mentira institucionalizada, a marginalização de grupos étnicos, a corrupção, os ataques à família, o abandono de crianças e idosos.... Quem nos livrará dessas forças de morte? Só a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.

De fato, Deus criou o ser humano para a liberdade. Suas ações na história da humanidade são de libertação. A mais significativa, foi a de libertar o povo de Abraão, Isaac e Jacó da escravidão do Egito. Mesmo que este povo lhe seja infiel, perdoa constantemente suas faltas e o ajuda a retomar sempre a Aliança. Não fosse assim o agir de Deus, quem, como reconhece o salmista, poderia subsistir.
Ressuscitado, caminha à nossa frente e nos dá a força para nunca desanimarmos diante das dificuldades de modificarmos os comportamentos humanos pela misericórdia e compaixão. Continuamente, repete a todos: Coragem, eu venci o mundo (Jo 16,33).

Com Ele, poderemos construir uma sociedade reconciliada e segura para todos, uma sociedade sem presos e sem prisões. Uma sociedade que, vivendo a fraternidade, veja eliminada a violência.

Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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