sábado, 31 de maio de 2014

A ENERGIA CURATIVA E CRIADORA DO AMOR – 31/05/2014

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Vamos tecer hoje algum comentário sobre a qualidade de vida neste sociedade contemporânea, em que vivemos. Nossas cidades não oferecem qualidade. A vida familiar é perturbada por horários desencontrados e desumanos.

A multiplicidade de ofertas para o consumo e a exacerbação dos desejos facilita a frustração individual e coletiva.

Um sistema econômico elitista e excludente faz com que o aumento do desemprego e da concentração da terra nas mãos de poucos agrave a fome e ameace a vida de milhões de seres humanos.

A ciência médica não cessa de progredir, mas muitos não têm acesso a esse progresso. Em toda a América Latina se desenvolvem formas tradicionais de tratamento e de cura.

A medicina alternativa atrai o povo pobre que não pode pagar consultas particulares e remédios das multinacionais farmacêuticas, nem conta com um sistema de saúde digno.

Mas ela interessa também aos que, por convicções espirituais, sabem que na base de cada doença há alguma ruptura ou ameaça do equilíbrio e da comunhão da pessoa consigo mesma, com o outro ou com o universo.

Existem inúmeras explicações e diferentes propostas de cura. Muitos médicos consideram os métodos alternativos inoperantes, e até prejudiciais. Em contrapartida, muitos adeptos desses métodos de cura ignoram e condenam os médicos e remédios oficiais.

Graças a Deus, em diversos lugares, já se veem uns e outros trabalhando em comum e se complementando. Procuram unir pressupostos culturais das terapias tradicionais, indígenas ou orientais e, ao mesmo tempo, recursos e avanços da medicina moderna que não agridam o organismo, nem deixem de ver a pessoa em seu conjunto individual e social.

Médicos e enfermeiros podem medir o colesterol ou a insulina no sangue. Verificam a pressão arterial, mas não têm instrumentos para sanar a causa da solidão, da carência afetiva, do mau humor e da tristeza.

As religiões antigas nos lembram que curar não é só recuperar a saúde perdida, mas conquistar um novo equilíbrio. Se a doença é, de fato, uma ameaça à vida, pode ser também profunda apelo a uma mudança. Quantas pessoas, a partir da experiência de uma doença grave, transformaram o seu modo de viver.

Todas as religiões concordam que o projeto divino para o ser humano não é uma salvação que atinge apenas uma parte da pessoa (o espírito), mas se deve traduzir em força de cura e de vida.

Se a maior energia curativa é o amor, nos enganaríamos se fizéssemos uma religião que funcionasse como uma espécie de supermercado, onde encontrássemos à disposição apenas receitas de cura. Deus seria uma espécie de tapa-buraco à disposição de nossas carências egocêntricas ou regressivas.

A proposta da fé e de uma espiritualidade profunda é a de religar a pessoa consigo mesma, com os outros e com o universo numa relação de amor. N a maioria das religiões, a fonte de todo amor chama-se Deus.

Para quem crê a relação com Deus é terapêutica e nos leva a viver a cura de nossas feridas interiores e físicas, como forma de acolher profundamente a vida recebida de Deus como dom e missão.

Um método usado em toda tradição espiritual para se alcançar a cura por meio da intimidade com Deus é a oração, tanto a prece da pessoa enferma como a intercessão que fazemos a Deus por alguém, mas a fé nos garante que toda oração é escutada.

No cristianismo, os relatos evangélicos das curas que Jesus Cristo faz revelam que o amor de Deus atua como força curadora do Reino de Deus, futuro do mundo e da vida como Deus quer que seja para todos.

Conforme os evangelhos, cada vez que Jesus cura alguém, ele mostra estar recriando a pessoa. Nessa relação de fé a pessoa curada aceita ser realmente nova criatura, aberta à novidade do Espírito de Deus, que transforma a nossa história pessoal e as condições deste mundo.

Abrir-se é confiar. Confiar é optar por jogar fora o medo. Portanto experimentemos a força curativa e criadora do amor. Pelo amor fomos criados, e pelo amor seremos julgados, no entardecer de nossa vida.

Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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