quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Dom Eduardo Quintella - Bispo Diocesano Belo Horizonte - Comenta sobre o caráter missionário do Advento

12/12/2013

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O Caráter Missionário do Advento

O tempo do Advento marca o início de um novo ano litúrgico. Tudo se renova para a fé cristã, e a alegria da aproximação do Cristo irrompe entre nós e invade nossos lares. È preciso fazer do Advento um tempo forte de oração e discernimento, tempo de balanço de vida e correção dos erros passados. Advento é tempo de clamar, com voz alta, mas suave: Vem Senhor Jesus!
O Advento recorda também o Deus da revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a salvação, cuja consumação se cumprirá, no final dos tempos. O caráter missionário do Advento manifesta-se na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo.
As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da missionariedade de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando as pessoas ao encontro de Cristo. Não se pode esquecer que toda a Humanidade e a Criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
O advento é antes de tudo perceber que Deus é senhor do tempo, ou seja, ele nos concede o tempo para que possamos produzir ou recriar as condições da fraternidade, da harmonia. É tempo favorável para não nos perdermos nos desacertos, naquilo que durante o ano percebemos como contrário ao planejado. Virar a página não significa arrancar a página, isto é, no novo tempo seremos a soma de tudo o que realizamos, com acertos e desacertos.
Os que confiaram ao longo do ano em Deus, que perceberam a presença de Deus nos acontecimentos, no milagre das conquistas da medicina, nos avanços tecnológicos colocados a serviço da vida têm, certamente, neste raiar de um novo tempo, motivos para agradecer.
E mesmo que reúnam apenas motivos singelos, terão também a capacidade de compreender que não há praia que não comece por um simples grão de areia; árvores, mesmo as mais gigantes, têm sua existência marcada pela pequenez da semente. Todo caminho, curto ou longo, depende de um primeiro passo, pouco importa se firme ou trôpego.
Não se trata de um tempo velho que se repete. É o tempo de Deus que se renova, se faz dádiva; confirma nossos passos firmes ou cambaleantes; renova nossas esperanças; confirma nossos caminhos, perdoa nossos descaminhos.
Advento é, pois, o útero do tempo que de novo acolhe o novo, ensinando-nos que Deus, em sua grandeza, não dispensa a fragilidade do berço, aceita o carinho, o afago, o embalo de mãe e no sorriso de bebê nos convoca a preparar um Advento, isto é, um tempo cuja marca maior seja a solidariedade contra o egoísmo.
O Advento nos leva a compreender que, para se chegar além do horizonte que agora vislumbramos, é preciso caminhar, pois se nossa esperança se limita apenas ao que agora nosso olhar alcança somos os mais infelizes de todos (1Cor 15, 19). O tempo em que a alegria se renova: pelas realizações vividas, mas principalmente pela solidariedade de Deus que se renova.
É Advento, pois o tempo de espera não coincide com a atitude passiva, mas de participação ativa. É tempo de preparação, pois o Advento nos conduz ao presépio, e no presépio Deus se faz criança pobre e frágil para nos ensinar que o que importa é que sempre é tempo.
O advento é um tempo missionário, situa-se no tempo e no espaço. É transcendente também. Pois pela fé no emerge na eternidade. Simbolizadas nas suas principais figuras missionárias do Antigo e Novo Testamento.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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