domingo, 19 de maio de 2013



Peregrinação Pascal



Jesus é uma pessoa muito significativa; suas palavras primam pela sabedoria. Sua presença é reconfortante. Sua ternura e bondade são profundamente tocantes. Sua mensagem nos desafia a cada momento. Mas, já o convidamos a entrar em nossa casa. Desejamos que ele nos conheça por trás das paredes da nossa existência mais intima. É nosso desejo apresentá-lo a todas as pessoas com as quais vivemos. Queremos que ele nos toque aonde somos mais vulneráveis.

Talvez não consideremos habitualmente a Eucaristia como um convite para que Jesus permaneça conosco. Somos mais inclinados a pensar acerca de Jesus nos convidando para sua casa e sua mesa. Porém Jesus quer ser convidado. Sem um convite ele irá para outros lugares. É muito importante perceber que Jesus jamais se impõe a nós. A menos que o convidemos, ele permanecerá sempre um desconhecido, possivelmente um estranho muito inteligente e atraente com o qual tivemos uma conversa muito interessante, mas, não obstante, um estranho.

O relato da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús responde às perguntas que eram feitas nas comunidades contemporâneas do evangelista; perguntas que continuam a ser feitas em nossas comunidades: Por que Jesus ressuscitado, não se manifesta. Por que nossos olhos são incapazes de vê-lo. Porque nossos corações são tão lentos para crer. O relato dos discípulos de Emaús revela-nos ainda que o conhecimento de Jesus Cristo, a amizade com ele a inserção na comunidade dos discípulos e o testemunho de sua ressurreição são progressivos.

Para conhecer o Senhor, é necessário caminhar com ele, escutar longa e atentamente sua palavra, deixar-se cativar por ele, sentar-se à mesa com ele e deixar que ele parta e reparta para nós o pão da vida. E, depois de reconhecê-lo, é necessário empreender imediatamente o caminho de volta para a comunidade dos discípulos, para partilhar com eles a experiência do nosso encontro com o Senhor e professar juntos a fé comum.

O itinerário da fé pascal tem de ser percorrido por todos os discípulos. Pode ser que, no inicio, só percebemos alguns sinais, que podem parecer-nos comuns ou estranhos: passos que seguem nossos passos, o rosto de desconhecido que se aproxima a palavra amiga de alguém que se interessa por nossos problemas. Se, porém, prestar-nos atenção a esses sinais, pouco a pouco iremos compreendendo seu sentido e experimentando os frutos característicos do encontro com o Senhor; uma luz, um calor, uma paz e uma alegria novas.

Eduardo Rocha Quintella

Bispo Diocese Belo Horizonte

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