Peregrinação Pascal
Jesus é uma pessoa muito
significativa; suas palavras primam pela sabedoria. Sua presença é
reconfortante. Sua ternura e bondade são profundamente tocantes. Sua mensagem
nos desafia a cada momento. Mas, já o convidamos a entrar em nossa casa.
Desejamos que ele nos conheça por trás das paredes da nossa existência mais
intima. É nosso desejo apresentá-lo a todas as pessoas com as quais vivemos.
Queremos que ele nos toque aonde somos mais vulneráveis.
Talvez não consideremos
habitualmente a Eucaristia como um convite para que Jesus permaneça conosco.
Somos mais inclinados a pensar acerca de Jesus nos convidando para sua casa e
sua mesa. Porém Jesus quer ser convidado. Sem um convite ele irá para outros
lugares. É muito importante perceber que Jesus jamais se impõe a nós. A menos
que o convidemos, ele permanecerá sempre um desconhecido, possivelmente um
estranho muito inteligente e atraente com o qual tivemos uma conversa muito
interessante, mas, não obstante, um estranho.
O relato da aparição de
Jesus aos discípulos de Emaús responde às perguntas que eram feitas nas
comunidades contemporâneas do evangelista; perguntas que continuam a ser feitas
em nossas comunidades: Por que Jesus ressuscitado, não se manifesta. Por que
nossos olhos são incapazes de vê-lo. Porque nossos corações são tão lentos para
crer. O relato dos discípulos de Emaús revela-nos ainda que o conhecimento de Jesus
Cristo, a amizade com ele a inserção na comunidade dos discípulos e o
testemunho de sua ressurreição são progressivos.
Para conhecer o Senhor, é
necessário caminhar com ele, escutar longa e atentamente sua palavra, deixar-se
cativar por ele, sentar-se à mesa com ele e deixar que ele parta e reparta para
nós o pão da vida. E, depois de reconhecê-lo, é necessário empreender
imediatamente o caminho de volta para a comunidade dos discípulos, para
partilhar com eles a experiência do nosso encontro com o Senhor e professar
juntos a fé comum.
O itinerário da fé pascal
tem de ser percorrido por todos os discípulos. Pode ser que, no inicio, só percebemos
alguns sinais, que podem parecer-nos comuns ou estranhos: passos que seguem
nossos passos, o rosto de desconhecido que se aproxima a palavra amiga de
alguém que se interessa por nossos problemas. Se, porém, prestar-nos atenção a
esses sinais, pouco a pouco iremos compreendendo seu sentido e experimentando
os frutos característicos do encontro com o Senhor; uma luz, um calor, uma paz
e uma alegria novas.
Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
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