HISTÓRIA DE AMOR
Conhecendo e amando
Já ouvimos várias vezes à história do encontro entre Jesus e Maria Madalena, duas pessoas que se amam. Jesus diz: Maria. Ela o reconhece e diz: Rabboni, que quer dizer Mestre. Esta história simples e tocante me põe em contato com meu medo, bem como com meu desejo de ser conhecido. Quando Jesus chama Maria pelo nome, ele está fazendo muito mais do que pronunciando a palavra pela qual todos a conhecem, porque o nome significa todo o seu ser. Jesus conhece Maria Madalena.
Ele conhece a sua história: seu pecado e sua virtude, seus medos e seu amor, sua angústia e sua esperança. Ele conhece cada parte do seu coração. Nada em Maria é escondido de Jesus. Ele a conhece ainda mais profundamente e mais inteiramente do que ela conhece a si mesma. Portanto, quando pronuncia seu nome faz acontecer algo profundo. Maria subitamente compreende que aquele que realmente a conhece a ama realmente.
Estou sempre imaginando se pessoas que conhecem cada parte do meu ser, inclusive meus pensamentos e sentimentos mais profundos e mais velados, realmente me amam. Freqüentemente sou tentado a acreditar que sou amado somente enquanto permaneço parcialmente desconhecido. Receio que o amor que recebo seja condicional, e digo a mim mesmo: Se eles realmente me conhecessem, não me amariam.
Mas quando Jesus chama Maria pelo nome ele fala a todo o seu ser. Ela compreende que aquele que mais profundamente a conhece não está se afastando dela, mas está vindo e oferecendo-lhe o seu amor incondicional. Sua resposta é: Rabboni, Mestre. Ouço sua resposta como expressão do desejo de ter Jesus como seu verdadeiro mestre, o mestre de todo o seu ser: seus pensamentos e sentimentos, sua paixão e esperança, até as suas emoções mais escondidas.
Eu a ouço dizer: Você me conhece tão plenamente, venha e seja o meu mestre. Não desejo mantê-lo distante de nenhuma parte de mim mesma. Quero que você toque os pontos mais profundos do meu coração, de modo que eu não pertença a ninguém mais a não ser você. Posso ver que momento de cura este encontro deve ter sido. No mesmo instante, Maria se sente completamente conhecida e completamente amada. A divisão entre o que ela acha prudente mostrar e o que ela não ousa revelar não mais existe.
Ela é totalmente vista, e sabe que os olhos que a vêem são os olhos do perdão, da misericórdia, do amor e da aceitação incondicional. Aqui, neste simples encontro, podemos ver um momento verdadeiramente religioso. Todo o medo se foi, e tudo se tomou amor. E de que melhor maneira isso pode ser expresso do que pelas palavras de Jesus: Vai e encontra os meus irmãos e dize-Ihes: Subo a meu Pai e vosso Pai; a meu Deus e vosso Deus.
Não há mais qualquer diferença entre Jesus e aqueles a quem ele ama. Eles fazem parte da intimidade que Jesus goza com o seu Pai. Eles pertencem à mesma família. Eles compartilham da mesma vida em Deus. Que alegria ser plenamente conhecido e plenamente amado ao mesmo tempo. E a alegria de através de Jesus, pertencer a Deus e de estar lá, totalmente seguro e totalmente livre.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
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