sábado, 11 de maio de 2013



A visão da fé é fundamental


Segundo o relato de São João, na tarde  da ressurreição, os discípulos estavam reunidos de portas fechadas. Jesus entrou e todos os que lá estavam puderam vê-lo. O apóstolo Tomé não estava e não acreditou quando lhe contaram o que tinha acontecido.
Disse que só acreditaria se pudesse tocar nas chagas de Jesus. Tomé não acreditou e quis uma prova, o que é muito normal. O Senhor, na sua bondade, lhe concedeu tocar em suas chagas, que, portanto, ainda eram visíveis, e Tomé fez a sua profissão de fé: Meu Senhor e meu Deus. Naquele momento Jesus diz a Tomé uma palavra que se refere a nós: Bem-aventurados os que creram, sem terem visto.
 O verbo que os autores sagrados usam quando falam do Ressuscitado é o verbo ver. As pessoas vêem Jesus ou Jesus é visto. Não se usam verbos como aparecer ou manifestar-se. Encontramos esses verbos em São João, em passagens que na realidade são anteriores à ressurreição. O verbo comum é o verbo ver. Maria Madalena dirá: Vi o Senhor. Para Tomé, Jesus diz: Acreditaste, porque me viste.
A visão de Jesus não é sempre uma visão física ou exterior. Jesus está na sua frente e você o vê como pode ver alguma pessoa. A visão pode ser também interior, na graça de uma experiência vivida por quem a recebe. Tal pessoa pode dizer: Vi o Senhor. O apóstolo São Paulo não menciona em suas cartas tudo o que se lê nos Atos dos Apóstolos sobre a sua conversão. Na Carta aos Gálatas, diz que Deus se dignou revelar nele o seu Filho Jesus Cristo. Revelar nele pode significar uma experiência interior.
Nós não vimos Jesus ressuscitado como São Tomé viu, mas podemos vê-lo de outras maneiras. A visão da fé é fundamental. Deus nos deu a graça de crer e cremos que Jesus ressuscitou e o vemos de muitas maneiras. A visão pessoal, interior, é de grande importância e significa uma graça extraordinária. Estando com o juízo perfeito, isto é sempre absolutamente necessário, é desejável perceber e sentir que Deus está em nós, que estamos em Cristo, que sentimos uma alegria diferente porque estamos nele e Ele está em nós.
Há, porém, outras maneiras de se experimentar ou de ver o Ressuscitado. Ele mesmo nos ensinou que tudo o que fizermos ao menor dos irmãos, será feito a Ele. Jesus nasce e ressuscita em todo ato de solidariedade humana, que significa ato de amor. Aí você vê o Espírito do Senhor Jesus em ação. Este é um exercício cristão de contemplação: ver Deus agindo na vida, quando as pessoas se amam de verdade.
Nós nos lembramos que Maria Madalena pensava que Jesus fosse o jardineiro, e que os discípulos de Emaús confundiram-no com um simples viajante. Esta é outra maneira de ver Jesus: no jardineiro, no ambulante, no outro, seja Ele quem for.  Um dos sinais messiânicos é que os cegos enxerguem. Seja essa a nossa graça pascal: poder ver, sem ter visto como os primeiros.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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