O Ressuscitado nos envia
Os critérios humanos não são suficientes para
resolver os problemas da própria humanidade, principalmente os que estão
relacionados com a justiça, pois a justiça dos homens não tem como centro a
pessoa humana, mas sim o que elas têm ou deixam de possuir.
Os
bens são comparáveis entre si, mas as pessoas não, pois cada uma é um ser
único, incomparável na sua totalidade. Além disso, os elementos que estão
presentes em um relacionamento são por demais complexos para serem abrangidos
na sua totalidade a partir de categorias do conhecimento humano, uma vez que a
própria razão é insuficiente para a compreensão do ser humano.
Jesus
nos mostra que somente o amor e a misericórdia possibilitam superar essas
deficiências e construir um relacionamento justo e fraterno. O amor a Jesus é a
condição fundamental para que possamos participar da missão evangelizadora da
Igreja. Qualquer outra motivação é insuficiente para tal e está fadada ao
fracasso.
Isso
quer dizer que todos os que querem de fato participar da missão evangelizadora
da Igreja devem se questionar constantemente sobre o seu amor a Jesus, renovar
este amor a cada dia e buscar formas de aprofundar ainda mais este amor,
principalmente através da participação na Eucaristia, leitura e meditação da
Palavra, cultivo da vida interior e vivência cada vez maior do amor para com os
pobres e necessitados.
Depois
de refletir a importância do amor a Deus e fraterno no discipulado cristão, a
Liturgia de hoje celebra a Ascensão do Senhor iluminando uma decorrência do amor:
a atividade missionária. Na conclusão lógica do amor a Deus e ao irmão, a
missionariedade da Igreja é entendida como o esforço em favor da elevação da
vida humana, para que a dignidade da vida humana alcance o grau da divinização.
A
Liturgia da Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no
final de um caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em
comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que
somos agora nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto
libertador de Deus para os homens e para o mundo.
Esta
solenidade é, pois um momento magnífico para examinar nosso peregrinar na vida,
considerar que o Senhor voltará, e que, portanto, há que executar com
entusiasmo nossas tarefas cotidianas recuperando nelas o valor de eternidade. A
Ascensão do Senhor, assim, é convite à Igreja a sair de si em direção ao mundo
em atitude missionária.
Dom Eduardo
Rocha Quintella
Bispo Diocese
Belo Horizonte
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