sexta-feira, 10 de maio de 2013



O Ressuscitado nos envia



Os critérios humanos não são suficientes para resolver os problemas da própria humanidade, principalmente os que estão relacionados com a justiça, pois a justiça dos homens não tem como centro a pessoa humana, mas sim o que elas têm ou deixam de possuir.
Os bens são comparáveis entre si, mas as pessoas não, pois cada uma é um ser único, incomparável na sua totalidade. Além disso, os elementos que estão presentes em um relacionamento são por demais complexos para serem abrangidos na sua totalidade a partir de categorias do conhecimento humano, uma vez que a própria razão é insuficiente para a compreensão do ser humano.
Jesus nos mostra que somente o amor e a misericórdia possibilitam superar essas deficiências e construir um relacionamento justo e fraterno. O amor a Jesus é a condição fundamental para que possamos participar da missão evangelizadora da Igreja. Qualquer outra motivação é insuficiente para tal e está fadada ao fracasso.
Isso quer dizer que todos os que querem de fato participar da missão evangelizadora da Igreja devem se questionar constantemente sobre o seu amor a Jesus, renovar este amor a cada dia e buscar formas de aprofundar ainda mais este amor, principalmente através da participação na Eucaristia, leitura e meditação da Palavra, cultivo da vida interior e vivência cada vez maior do amor para com os pobres e necessitados.
Depois de refletir a importância do amor a Deus e fraterno no discipulado cristão, a Liturgia de hoje celebra a Ascensão do Senhor iluminando uma decorrência do amor: a atividade missionária. Na conclusão lógica do amor a Deus e ao irmão, a missionariedade da Igreja é entendida como o esforço em favor da elevação da vida humana, para que a dignidade da vida humana alcance o grau da divinização.
A Liturgia da Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final de um caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que somos agora nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
Esta solenidade é, pois um momento magnífico para examinar nosso peregrinar na vida, considerar que o Senhor voltará, e que, portanto, há que executar com entusiasmo nossas tarefas cotidianas recuperando nelas o valor de eternidade. A Ascensão do Senhor, assim, é convite à Igreja a sair de si em direção ao mundo em atitude missionária.

Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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