A Igreja, na última década, tem se preocupado muito com a questão vocacional. Muitos esforços foram feitos: estudos, congressos, jornadas, experiências, tentativas, alguns programas conjuntos, colaborações dos leigos e de famílias.
Porém, não é difícil ficar com a impressão de que se trata de solucionar problema particular, de que o urgente toma lugar ao importante. Constata-se ainda, certa indiferença e cansaço por segmento do clero e da vida religiosa, isto dificulta a visualização de um sinal do reino no meio do nosso povo.
A sociedade, com suas propostas, suas ofertas: uma sociedade dominada pelo econômico, pelo ter. Uma sociedade que propõe como modelo o homem instalado no econômico, dominado pelo hedonismo e o anseio do prazer sem normas que faz da permissividade virtude.
Uma sociedade em vertiginoso descenso religioso, em atitude de rejeição a toda forma de vida religiosa. Em toda nossa sociedade não entra a opção pelo reino como saída para nossos crentes.
Há um esvaziamento do religioso. Esvaziamento tão profundo que coloca aos sociólogos a tarefa de repensar a fundo a questão, básica, do que seja religião. O cristão no mundo moderno é um homem perplexo. Fala de uma dificuldade em aceitar os ensinamentos do magistério eclesiástico. O homem moderno sente-se livre para recusar ou aceitar, ou o problema é mais profundo.
A criação de um laicato consciente da própria fé, responsável pela vida da Igreja e sua atuação no mundo é significativo. É preciso dar ao leigo a autonomia que tem, por direito, na sua esfera própria de atuação. Os leigos não-clericalizados não gostam de ser tutelados.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
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