domingo, 10 de abril de 2011

Eu sou o caminho, verdade e a vida


 Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). O Ressuscitado apresenta-se como o caminho a ser seguido e que conduz ao Pai, a verdade que não escraviza e ilude, mas liberta, e a vida que se doa plenamente a toda a humanidade. A comunidade é o sacramento vivo da presença de Deus. Jesus é o caminho, a verdade e a vida.

 A imagem do caminho longo e difícil que Israel deve percorrer, atendendo o apelo do seu Deus e apoiando-se nele pela fé. A fim de chegar à terra prometida, pertencia à simbologia do êxodo (Dt 1, 30-33; 2,1-2; 8, 2-10).

 A seguir, a imagem do caminho foi aplicada à fé que revela as orientações que o Senhor propõe ao seu povo, visando às recompensas eternas (Dt 32, 4: Sl 25, 10; 128 1; 147 19-20).

 No Novo Testamento a imagem persiste, mas se transforma. Jesus inaugura uma nova maneira de andar segundo Deus e ao encontro com Deus (Mc 8, 34; Mt, 16, 24; Lc, 9.23; Hb, 10, 20), de tal maneira que o cristianismo nascente foi chamado o caminho (At 9,2; 18,25; 24 22).

 Mas a expressão toma em João uma significação mais profunda: Jesus não é somente o caminho na medida em que, por seu ensinamento, ele conduz a vida; ele é o caminho que conduz ao Pai na medida em que ele próprio é a verdade e a vida (Jo 10, 9).

 Jesus é a verdade porque é, enquanto filho encarnado, a expressão perfeita do Pai para os homens; ele manifesta o Pai (Jo 17, 8. 14: 1 18) tanto por sua atividade como por sua palavra.
É assim que ele introduz os que abraçam a fé na comunhão do Pai. Na qual consiste a plenitude da vida verdadeira (Jo 17, 3; 1 43,16).

 Para João, esta volta de Jesus para associar os seus à sua condição gloriosa não se situa apenas no fim dos tempos. Ela é escatológica. O já ainda não da salvação. Experimentamos já, mas ainda não definitivo. Pelo nosso batismo. Existe uma grande tensão na vida do cristão. Se me conheceis, conheceis também o Pai. No Jesus terrestre, que se dá a conhecer plenamente no evento pascal, é que Deus se revela totalmente.

 Jesus Cristo é a plenitude que eleva a condição humana à condição divina para sua glória: Eu vim para dar vida aos homens e mulheres e para que a tenham em plenitude (Jo 10,10).
Sua amizade não nos exige que renunciemos a nossos desejos de plenitude vital, porque ele ama nossa felicidade também nesta terra. Diz o Senhor que Ele tudo criou, para que de tudo desfrutemos (1 Tm 6, 17).


 Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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