Em Novo Artigo Dom Eduardo R. Quintella Bispo Diocese Belo Horizonte Aborda a Religiosidade Moderna
08/06/2013
Religião e Modernidade
O conceito de pós-modernidade ainda é um tema controvertido. Fala-se em hipermodernidade, alta modernidade ou modernidade tardia, modernidade radicalizada, modernidade líquida. A compreensão comum, entretanto, é que a chamada pós-modernidade inclui a modernidade e não pode ser compreendida sem ela.
A lógica deste ideário moderno exige dois outros aspectos da individualidade: a autonomia e a racionalidade. O significado etimológico de autonomia é ter a lei em si mesmo, a capacidade do indivíduo agir movido e orientado por sua própria consciência, assumindo, portanto, a responsabilidade pelos seus atos.
Autonomia implica todo poder normativo subordinado à consciência individual e, consequentemente, a rejeição de todo poder arbitrário e dogmático. Por esta razão, o processo moderno rejeita a religião e a divindade representada por ela.
Nesse contexto, a racionalidade surge como necessária, ou mesmo é uma decorrência da autonomia. O homem moderno deseja fazer sempre e em todo lugar uso da própria razão. Uma sociedade que supervaloriza a subjetividade, a liberdade, a autonomia e a razão do indivíduo, evidentemente, privilegia a vivência de espiritualidade sem a tutela institucional.
O saldo da modernidade é o rompimento com as instituições sociais religiosas e o abandono da pessoa humana à sua própria consciência e à mercê de sua liberdade. Juntamente com a espiritualidade pós-moderna, marcada pela subjetividade individual, livre da tutela das instituições sociais religiosas, surge o mercado religioso, com uma fé privatizada.
Isso, em parte, explica o que vivemos hoje, não apenas no mundo religioso em geral, como também no emaranhado de seitas cristãs, pois onde não há Deus, cada um faz o que é certo aos seus próprios olhos.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
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