sábado, 28 de janeiro de 2012

Quarto Domingo Comum - 29/01/2012

Arrisquemos crer;
arrisquemos viver de amor



A liturgia da palavra deste domingo fala-nos da comunicação que Deus estabeleceu com seu povo, através dos profetas.

Neste domingo, nós precisamos aprender que Deus não é somente Deus de longe, mas também Deus de perto.

A mesma experiência que os profetas fizeram, antes de Jesus. Nós devemos fazer. Ainda que sejamos incompreendido e rejeitado.

As leituras desse domingo continuam com a iluminação que desafia a comunidade a ser profética, com o desafio que a vocação profética exige: estar disposto a correr o risco pela fidelidade à missão recebida de Deus.

Uma comunidade pode tornar-se profética de vários modos. O mais eficiente, contudo, é pela prática da caridade. Quer dizer, a atividade concreta realiza-se pela caridade fraterna e essa só é feita pelos cristãos que chegarem à maturidade da fé.

A falta de fé e discernimento, a cegueira do coração, a dureza e o fechamento para as novidades de Deus, podem expulsar do nosso coração a vontade de Deus.

Deixemos então que a voz de Cristo, ecoe e ressoe dentro de nós e cale todos os nossos medos e suspeitas. Escutemos o que a sua voz sussurra ao nosso coração.

Creiamos. Somos a Igreja, comunidade do Senhor Jesus, continuamente vivificada e orientada pelo seu Espírito.

Arrisquemos crer; arrisquemos viver de amor, e experimentaremos a doçura do Senhor e a alegria de viver como irmãos. Amém!

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Festa da Conversão de Paulo Apóstolo


Como batizados não recebemos a fé 
como um dom egoísta e para si mesmo.

O Apóstolo Paulo Teve uma revelação tão forte, que marcou profundamente sua vida, seu pensamento e ação. Mas este acontecimento foi também de importância decisiva para o desenvolvimento da Igreja. O Apóstolo dos gentios, na verdade, será o Apóstolo que mais virá a contribuir para a expansão missionária da Igreja entre os gentios.

Aqueles que vivem em família ou em comunidade encontram nela o ambiente e a maneira de viverem a sua fé. Não se pode viver, nem em família nem em comunidade, sem amar e sentir-se amado. Se cada um de nós se der totalmente na vida familiar ou na vida comunitária, seremos também humanamente felizes.

Como batizado não recebemos a fé como um dom egoísta e para si mesmo: a fé é missionária, até com o empenho quotidiano de dar bom exemplo da fidelidade aos compromissos que assumimos.

Jesus encarnou para revelar o amor do Pai e isso Ele fez com palavras, com gestos de misericórdia, com milagres e com a sua morte. Por isso, antes de sua ascensão, ele convidou os discípulos a ir ao mundo inteiro para anunciar o Evangelho a todos os povos.

O que podemos tirar como ensinamento, deste episódio da conversão Paulina: Que nunca devemos desesperar, seja pela nossa salvação, seja pela dos outros. Muitas vezes desanimamos diante dos problemas e esquecemos que Ele está no meio de nós.

O relacionamento com os irmãos deve ser permeado de esperança e confiança; nunca dizer não tem jeito. Como aconteceu na vida de Paulo, também na nossa e na dos outros é sempre possível mudar, melhorar e começar de novo.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Terceiro Domingo Comum (Mc 1, 14-20) - 22/01/2012




Tudo Começa Com Uma Boa Notícia
A celebração deste domingo traz consigo a particularidade catequética de ajudar os celebrantes a compreender a veracidade do Evangelho como narração do Mistério Pascal em nosso hoje, e destaca a importância da Palavra de Deus na Liturgia da Palavra, na vida pessoal e nas atividades da comunidade.
Como Comunidade, como membros da Igreja, que somos o Corpo vivo do Cristo; Corpo vivificado pelo Espírito Santo. É uma idéia, esta, que deveria estar sempre diante de nós. A Igreja não existe por ela mesma: ela vive do Espírito do Cristo; a Igreja não escolheu o Cristo: ela foi por ele amada, por ele fundada, por ele escolhida e é por ele sustentada e vivificada
Mas, para que experimentemos Jesus, é necessário que nós mesmos descubramos que somos pobres, que somos tão carentes, tão limitados, tão pequenos. Quando descobrimos isso, quando vemos que o mundo é assim, então experimentamos também que, em Jesus, Deus veio a nós, Deus deu-se a nós, Deus estendeu-nos as mãos, abriu-nos os braços e aconchegou-nos no coração.
Ao fim do Concílio Vaticano II falava-se muito em Igreja pobre e servidora, depois em opção preferencial pelos pobres; hoje talvez o pobre tenha escapado do vocabulário. Há ainda seres humanos à beira da morte e do caminho. Despertar nas pessoas a consciência e a atuação sobre tal realidade era a missão de Jesus. A nossa deve ser a mesma.
Desde domingo passado que a Palavra vem nos questionando sobre o nosso modo de ser e viver nossa pertença a Cristo e à sua Igreja. Pensemos, e não recebamos em vão a graça de Deus, para que, um dia, possamos participar da vida plena do Senhor, que, feito homem por nós, vive e reina para sempre. Amém.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

sábado, 14 de janeiro de 2012

FÉ E RESSURREIÇÃO


A única prova verdadeira 
da Ressurreição que convence,
 é a vida que hoje ressuscita e se renova.

As portas trancadas.. por medo podem significar nossa pessoal situação de seres ameaçados pela violência e por toda espécie de mal que nos isola do convívio com os demais.

Jesus se pôe entre os seus oferecendo sua Paz que é caminho para que a ressurreição fecunde nossa existência e história.

É preciso reconhecer os sinais de Jesus em nossa vida. Experiência de seu amor, que transforma nossas tristezas em intensas alegrias.

Crer na ressurreição não é só aceitar um fato do passado e um outro do futuro, mas é, antes de tudo, uma atitude de vida, que nasce com a descoberta de um amigo, vivo na vida, graças ao poder de Deus.

Crer na Ressurreição, portanto, é crer, não numa coisa, não em argumentos, mas é crer em Alguém, que atua em nós e por nós, com poder imenso, capaz de tirar a vida da morte e de fazer com que o que é velho se torne novo, orientando-nos para um futuro de grandes dimensões.

Crer na Ressurreição quer dizer: transpor, desde já, pela esperança, que antecipa o futuro, os limites que foram transpostos ou rompidos pela ressurreição de Jesus crucificado.

Nenhum limite, nenhuma barreira, nenhuma dificuldade, nada neste mundo, será capaz de matar a vida e a esperança, que assim nasceram no coração do homem.

Crer na Ressurreição nada tem a ver com fuga ou alienação do mundo para o além-morte ou com um cristalizar-se em torno de um fato do passado que já se foi.

O objeto da fé na Ressurreição não é colocado nem na eternidade do céu, nem na impenetrabilidade do passado, mas no futuro da terra sobra a qual foi fixada e está fincada até hoje a cruz de Cristo.

O fato do passado, testemunhado pelos Apóstolos, é o fundamento. Mas sobre este fundamento está o prédio da vida que não morre e que renasce das cinzas da morte, antecipando o novo que aparece sob as mãos dos que nela acreditam.

O ponto chave da fé na Ressurreição é o homem descobrir na sua vida esta força atual e permanente de Deus que é um Deus dos vivos.

Só assim o homem ressuscita e, ressuscitando, perceberá o alcance da sua fé na Ressurreição.

Não serão os argumentos científicos que darão valor à fé na Ressurreição, mas será a experiência concreta da Ressurreição que dará valor aos argumentos que em defesa da mesma encontrarmos.

A única prova verdadeira da Ressurreição que convence, é a vida que hoje ressuscita e se renova, que hoje vence as forças da morte, fazendo com que as forças represadas e oprimidas da vida sejam descobertas e libertadas para alegria e esperança de todos.

Esse é o comprovante de que, no homem, atua uma força mais forte do que a morte, a força de Cristo Ressuscitado.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

Segundo Domingo Comum




Senhor, fala que teu servo escuta.

Em certo sentido, a liturgia deste segundo Domingo comum, ainda está ligada ao Santo Natal, tempo da manifestação do Senhor. Portanto, estamos ainda em clima de Manifestação, de Epifania daquele que veio do Pai para nossa salvação.

A celebração continua iluminada pela teologia da Epifania: Jesus realiza o primeiro sinal e manifesta a sua glória. É uma celebração epifânica que convida os discípulos a crer e se inserir na nova Aliança.

Dentro do contexto teológico da nova Aliança, a atenção vai do milagre para o projeto de vida a ser realizado por aqueles que nele crêem, na vida pessoal e nas atividades da comunidade.

O Cristo que habitou entre nós, conosco continua através do Espírito Santo. Se formos fiéis à sua ação, nossas Comunidades serão vivas, os carismas e ministérios serão abundantes, a alegria de ser e viver como Comunidade não faltará, o nosso testemunho de Jesus Cristo será entusiasmado e convincente e a nossa esperança será inabalável, mesmo diante das dificuldades do mundo e da vida.

O Espírito que o Cristo derramou sobre nós com a sua morte e ressurreição é a alma, a lei, a vida da Igreja, novo Israel, novo povo de Deus. Por isso toda a vida da Igreja, tão rica e dinâmica, como sendo fruto da ação animadora e sustentadora do Espírito Santo, isto é, em vista da edificação da Igreja, Corpo de Cristo.

O Senhor manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele. O Senhor se manifesta agora, pela sua Palavra e pela sua Eucaristia, e nos reúne na força amorosa e transformadora do Espírito Santo. Creiamos.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

BATISMO DO SENHOR


A relação de Jesus com seu Pai no 
Espírito Santo é a Teofania do Batismo.

A Liturgia da Palavra dessa celebração também é epifania, apresentação de Jesus Cristo aos celebrantes. Depois do Batismo no Jordão, Jesus iniciou sua vida pública com a escolha dos apóstolos, a formação do discipulado, as pregações e os sinais para implantar a presença do Reino de Deus entre nós.

O batismo cristão, que destrói o pecado e nos oferece a adoção filial, encontra seu primeiro fundamento no Batismo do próprio Jesus cujo relato expressa a missão e a divindade do Messias.

O Batismo cristão se constitui também em epifania para o próprio crente ao ser batizado em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19) porque conhece a vida divina com seus efeitos que torna filho de Deus, criatura redimida, herdeiro das promessas.

Entretanto, o Batismo de Jesus é também a manifestação do mistério de sua pessoa (Mc 1,11; Mt 3,17). A voz do Pai e a descida do Espírito Santo (Mt 3,16; Mc 1,10) expressam a divindade do Filho.

Em outras palavras, a relação de Jesus com seu Pai no Espírito Santo é a teofania do Batismo. Por isso, o evento se constitui também para nós numa autêntica manifestação das relações do próprio Deus: a Santíssima Trindade.

Jesus Cristo é apresentado como aquele que tem o Espírito Santo de Deus em si. Por isso, seus atos, palavras e atitudes são orientados pelo Espírito Santo de Deus.

É pelo Espírito Santo que Jesus faz a vontade do Pai para o bem de todos os homens e mulheres. Na celebração do Batismo do Senhor, os celebrantes conhecem melhor a identidade de Jesus.

Depois do Batismo, ao sair da água, Deus se manifestou através de sua Voz. Também este é um gesto epifânico, que apresenta a presença divina através da voz.

Naquele Batismo do Senhor, portanto, aconteceram duas epifanias: Deus se manifestando com sua voz e Jesus sendo apresentado pelo Pai como seu Filho amado. Voz de Deus, acolhida por Jesus na obediência e concretizada pelo amor-serviço.

A Páscoa de Cristo se manifesta nas pessoas e grupos comprometidos com a missão. O batismo nos integra à comunidade dos filhos e filhas de Deus. Cada um de nós é servo do Senhor a serviço da comunidade e responsável por estabelecer a justiça na sociedade.

Deus não olha tanto nossas opções religiosas, mas, sim, a prática da caridade e da justiça que assumimos. Jesus com o batismo solidariza-se com cada um de nós que somos pecadores. Com o batismo de Jesus, encerramos o tempo do Natal e lembramos o nosso batismo.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR


Os Reis Magos, 
simbologia maior de todo peregrino cristão, 
alcançam sua meta, chegam ao santuário.

Na Liturgia da igreja, ainda dentro das festividades do natal celebra-se nesse domingo a Festa da Epifania que significa Manifestação de Deus. Revela-nos a prova mais excelente e mais extraordinária deste Amor de Deus: o Seu Filho único tornou-Se um de nós e revela-Se hoje como o Salvador de toda a humanidade, mostrando-nos a universalidade da Sua e nossa Igreja. Ele não ficou confinado a um Povo. Quer abraçar-nos, também a nós que vivemos neste tempo e aqui, neste lugar. A Igreja de Jesus Cristo e de que somos parte, não pode fazer, nunca, acepção de pessoas. Não pode ser exclusiva nem confinada a grupos.

Depois de um longo percurso, refletindo nas celebrações a peregrinação na vida cristã, a celebração da Epifania do Senhor conclui a caminhada do peregrinante. Os Reis Magos, simbologia maior de todo peregrino cristão, alcançam sua meta, chegam ao santuário, ao local santo onde Deus se faz Epifania, se manifesta de modo sensível e, no caso do presépio, de modo visível. Depois do encontro, os Reis Magos voltaram por outro caminho, símbolo da conversão e fruto de uma peregrinação sincera.

De fato, a epifania é, cada ano, o mandato para a Nova Evangelização a todos, a apresentação nova da missão cristã a todos e a demonstração de que a Sua Revelação continua a fazer-se e continua a querer fazer-se através dos sinais visíveis e concretos, que somos nós, os que acolhemos a Sua mensagem e a Sua salvação. Acolher esta mensagem epifânica de Cristo é um permanente desafio e temos, desde o seu início, formas variadas de acolhimento e recepção.

Herodes tem medo daquela vida que nasce e fecha o coração à verdade, inventando fórmulas de engano, mesmo contra todas as provas evidentes e demonstradas. Tem a sua vontade firme de exclusão de tudo o que importuna o seu bem-estar e todos os meios se tornam lícitos para excluir quem vier perturbar a sua escolha egoísta. Hoje continua a haver muitos Herodes: todos os que fecham os olhos a qualquer manifestação de vida e não vêem a realidade, não porque não existe mas porque não a querem ver.

Até fazemos bonitas reflexões e, em momentos especiais, damos um ar da nossa graça, em generosidade e entrega. Mas, precisamos de dar consistência à fidelidade, à generosidade, à alegria e coragem do SIM, à radicalidade do Evangelho e da vocação a viver no dia a dia. Sabemos que Jesus nasce, hoje, em cada pessoa, em cada irmão. Passamos essa informação a quem no-la pede. Porém, não acontecerá que muitas vezes ficamos parados, porque cansados ou, até, desmotivados, perante desafios novos e interpelantes.

Os magos não têm muita sabedoria nem fazem muitas reflexões sobre a Escritura, mas a sua experiência e os fatos que a acompanham são reveladores de verdadeiras pessoas de fé cristã: viram Jesus Menino, enquanto Luz e Estrela e vieram adorá-l’O. Simples no acolhimento à vida e à vocação e simples na resposta e na adesão pessoal e total. Viram e vieram., É esta a magnífica lição destes anónimos pregadores bíblicos. Agiram, com atitudes e decisões, em consequência da sua fé e inspirações. Atitudes sempre acompanhadas pela Luz da Estrela e pela força do Encontro e da adoração, em oração de intimidade e de reconhecimento do Valor e Sentido da Vida de quem nasce e de quem vive. Reparai como são radicais as atitudes dos Magos: Viram a Estrela; vieram adorar o Senhor; ao chegar, entraram, viram, prostraram-se diante d’Ele e adoraram-n’O; depois, ofereceram-Lhe presentes; de seguida, regressaram à sua terra por outro caminho.

Uma vez encontrado Cristo, a vida tem que ter novos rumos. Não se pode voltar atrás pelo mesmo. O encontro com Cristo deve dar luz nova e caminhos novos, provocando atitudes, gestos e comportamentos novos. Vamos oferecer o maior presente que recebemos de nossos pais, a nossa fé católica e apostólica, saindo de nosso comodismo e anunciando Jesus para que todos vivam com intensidade a manifestação do Senhor, vivendo com o amor o mistério que professamos em nossa vida.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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