A vida real de Maria nos mostra o lugar
onde o Senhor vê e se faz visto...
Maria, nossa Mãe, é bem-aventurada porque acreditou, isto é, porque viveu de Fé, peregrinou na Fé. Uma mariologia para me agradar e fazer-me bem, deveria mostrar a vida real da Virgem, não àquilo que se poderia supor e, que esta vida real da Virgem deveria ter sido muito simples. As pessoas apresentam a Virgem Maria como inalcançável e seria preciso mostrá-la imitável, fazendo aparecer as suas virtudes, dizendo claramente que Ela viveu de Fé. Dando como provas o Evangelho, onde lemos: Eles não compreenderam o que Ele (Jesus) lhes disse... e esta outra frase não menos misteriosa: Seus pais se admiravam do que se dizia Dele"... Nós sabemos perfeitamente que a Santa Virgem é a Rainha do Céu e da Terra, mas Ela é mais Mãe do que Rainha. Vamos meditar sobre a vida de Maria. Com base no Santo Evangelho, que nos leva a considerar Maria na sua peregrinação na Fé:
O Evangelho nos mostra Maria como contemplativa, a que meditava as palavras e os fatos no seu coração e, como diria São Paulo, como um justo que vive da Fé. São Lucas resume nestas palavras a atitude interior da Virgem: quanto à Maria, Ela conservava cuidadosamente todas estas coisas, meditando-as no seu coração (Lc 2,19) e também, Jesus desceu com eles, regressando a Nazaré e lhes era submisso. Sua Mãe guardava todas estas coisas em seu coração (Lc. 2,51). Vê-se claramente que a vida de Maria se situa na aventura da Fé, na peregrinação da Fé. Sua atitude fundamental é meditar, conservar todas as coisas em seu coração. Meditar é procurar em profundidade o sentido interior dos acontecimentos que nos chegam, vendo-os segundo a lógica do Deus vivo, que intervém na história pessoal, como o fez na história do povo de Israel. Em uma palavra, Maria se deixa habitar pela graça do acontecimento, não importa o quanto obscuro seja este e o acolhe como uma passagem, ou um dom de Deus na sua vida. Podemos entender que Maria caminhou como nós, na aventura da Fé e não se desencorajou ao longo de sua difícil caminhada. A vida real de Maria nos mostra o lugar onde o Senhor vê e se faz visto e, o mesmo deve acontecer na vida de cada um de nós. Maria nos ensina, com seu modo materno, como adquirir a primeira atitude da vida espiritual: crer na Luz, como se víssemos as trevas. Este é o desafio da Fé.
O rosto de Maria no Evangelho nos indica as suas atitudes, ao longo do quotidiano, em sua vida de Fé orientada para Deus, sua disponibilidade à vontade divina e sua vida de simplicidade, confiança e abandono. Maria, modelo de Fé no Evangelho, aparece como mestra de vida contemplativa e espelho de silêncio e recolhimento interior. Inspirando-nos constantemente em Maria, chegaremos ao momento em que nos deixaremos formatar por Ela, para melhor vivermos, lá, no centro de nossa alma. Onde está nossa vida de oração, lugar por excelência onde o Senhor vê e se faz ver.
Maria viveu a aventura da Fé, porque foi somente pela Fé que ela se sustentou durante toda a sua vida. A base necessária à vida de oração é uma fé viva, habitada pela esperança. Maria é a estrela de nossa noite. Portanto, nos convida a implorar seu socorro, nas tempestades do orgulho, da ambição e do ciúme, dizendo-nos: Olhem a Estrela, invoquem Maria. Por fim, aqui fica uma pequena e bela oração para nós: Santa Virgem Maria, a cada dia vós tereis tido de inventar a vossa nova maneira de dizer Sim a Deus; cada dia vós tivestes de recomeçar a descobrir Deus em vossa vida, de um modo que vós não haveis podido prever. Ensinai-nos, pois, a não sermos mais uma coleção de páginas já impressas e acabadas, mas, a cada dia, nos apresentarmos diante de Deus como uma página em branco, em que o Espírito Santo possa livremente desenhar as maravilhas que Ele quer fazer em nós. Também nós queremos viver cada dia como um novo dia de Fé. Deixa o Filho de Deus crescer em ti, porque Ele já nasceu em ti, pelo batismo; deixa que Ele se torne para ti, um imenso sorriso, uma constante exultação e uma alegria infinita, que nada, nem ninguém, te possa roubar.
+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
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