segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Jesus é a Plenitude da Revelação



Há, pois, uma íntima união do 
homem com a divindade 
bem simbolizada no mistério de uma 
habitação comum.

Jesus é a plenitude da revelação e é em torno dele que se desenvolvem todos os temas da Bíblia. Ele é o Messias prometido, Rei vitorioso, Sabedoria eterna que vem a este mundo para salvar a humanidade através de um sacrifício.

Deus e homem verdadeiro sua figura é delineada de modo especial através dos Profetas. Fatos e figuras anunciam aspectos de sua atividade salvífica.

Percebe-se então uma espinha dorsal no Livro Santo, ou seja, determinadas mensagens que constituem o que é principal na revelação divina tudo girando em torno do Verbo Encarnado.

Em primeiro lugar o pecado do homem e a promessa de um Redentor. O velho Adão será salvo pelo novo Adão (Rom 5,14), pois, no dizer Paulino: Onde o pecado avultou a graça sobejou (Rom 5, 20). É de se notar, além disto, que esta salvação se processa numa situação de recolhimento interior.

Como se lê na passagem de Elias no Horeb. Deus não estava no grande e impetuoso furacão, nem no terremoto, nem no fogo, mas no murmúrio de uma brisa suave (I Reis 19 12).

Esta só pode ser percebida no silêncio. O profeta Oséias descreve a atitude divina que seduz e conduz ao deserto para falar ao coração (Os 2 16).

É que no contato íntimo com o Ser Supremo longe do bulício do mundo se percebe o essencial. O barulho dispersa, espalha.

O silêncio recolhe, recupera. As grandes verdades só são comunicadas através do recolhimento que gera paz, tranqüilidade, imperturbabilidade.

João Batista (Lc 1,80; 3,2) e Jesus (Mt 4,1-11) amavam a solidão. Adite-se o tema da morada de Deus junto dos homens e dentro de cada um.

No Antigo Testamento o Templo de Salomão é descrito com pormenores. Retumbante foi a frase de São João: O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14).

Jesus acrescenta dois aspectos: Se alguém me ama, meu Pai o amará, viremos a ele e nele faremos nossa morada (Jo 14,23) e na casa de meu Pai há muitas moradas (Jo 14,2).

Há, pois, uma íntima união do homem com a divindade bem simbolizada no mistério de uma habitação comum.

O Criador, porém, é um Deus que cuida de sua criatura. É o Pastor zeloso bem descrito no célebre salmo 23 (22) e com o qual Cristo se identifica com pormenores consoladores (Jo 10,1 ss.).

Ele não quer nenhuma turbulência a envolver suas ovelhas e lhes garante total segurança. Adite-se que o Senhor Altíssimo oferece alimento aos seres racionais como o maná no deserto (Ex 16,13-31), como a multiplicação dos pães operada por Jesus que se fez, ele mesmo, o pão vivo descido do céu, penhor da vida eterna (Jo 6,32 ss).

Quer no Vetero Testamento, quer no Novo, o símbolo expressivo da videira aparece com um significado profundo. Ela é plantada cuidadosamente por Deus, ela é amada por Javé e Jesus com ela se identifica, dizendo em seguida que seus seguidores são os ramos.

União vital honrosíssima para o homem. (Jo 15,1). São dezoito passagens bíblicas que enchem de conforto o leitor por meio de uma comparação realmente expressiva com esta planta.

Todas estas facetas da revelação têm como denominador comum a Aliança estabelecida por Deus com o homem que se tornou parceiro da divindade na obra de sua própria salvação.

Dentro destas perspectivas, ler a Bíblia, rezar com a Bíblia fica muito mais fácil por se ater exatamente a mensagens fundamentais da Escritura que então, sim, se torna para o crente útil para tudo.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

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