quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Temas Principais da Primeira Coríntios.



O Amor é a fonte de qualquer 
comportamento verdadeiramente humano

O tema central da primeira carta aos coríntios é a pessoa de Jesus Cristo e a Igreja, composta de Judeus e não Judeus. A unidade é um dos temas fundamentais da carta: o único Senhor das igrejas é Jesus Cristo.

A evangelização da comunidade de Corinto foi completa: ela recebeu a riqueza do Evangelho e da sabedoria da vida cristã. Este é outro tema importante da carta. Resta à comunidade perseverar no testemunho de Jesus Cristo até o fim.

Conhecendo e vivendo o projeto de Deus, a comunidade cristã é radicalmente livre e não deve dobrar-se diante de pessoas ou coisas, pois ela pertence unicamente a Cristo e a Deus.

Paulo vê a comunidade cristã como semente de uma sociedade igualitária, onde todos os homens são chamados a ser livres e a encontrarem a própria dignidade.

A vida cristã é sempre comunitária, e cada um é responsável pelos outros; por isso, deve ser capaz de renunciar aos direitos da própria liberdade para testemunhar o primado do amor.

Paulo relembra a instituição da Eucaristia. Ela é a memória permanente da morte de Jesus como dom de vida para todos (corpo e sangue).

A Eucaristia é a celebração da Nova Aliança, isto é, da nova humanidade que nasce da participação no ato de Jesus, não só no culto, mas na vida prática.

Por isso, a comunidade que celebra a Eucaristia anuncia o futuro de uma reunião de toda a humanidade.

O caminho que ultrapassa a todos os dons e ao qual todos os membros da comunidade devem aspirar é o amor.

Deus é amor (1Jo 4,8), Jesus é o enviado do amor (Jo 3,16), e o centro do Evangelho é o mandamento do amor (Mc 12,28-34), que sintetiza toda a vontade de Deus (Rm 13,8-10).

O amor é a fonte de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva a pessoa a discernir as situações e a criar gestos oportunos, capazes de responder adequadamente aos problemas.

Os outros dons dependem do amor, não podem substituí-lo, e sem ele nada significam. O amor é a força de Deus e também a força da pessoa aliada a Deus.

É a fortaleza inexpugnável que sustenta o testemunho cristão, pois tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor é eterno e transcende tempo e espaço, porque é a vida do próprio Deus, da qual o cristão já participa. É maior do que a fé e a esperança, que nele estão contidas.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

SOLENIDADE DE SANTA MARIA MÃE DE DEUS





A verdade é alicerce indispensável para se construir a Paz

Neste primeiro dia do ano, os cristãos são interpelados por uma dupla celebração: a festa litúrgica de Santa Maria, Mãe de Deus, e o Dia Mundial da Paz, em que somos convidados a aprofundar a relação entre o mistério que celebramos e a construção da paz.

Estas duas celebrações não geram dispersão, antes afirmam que Jesus Cristo e o Espírito Santo que infunde em nós são o verdadeiro fundamento da paz.

O projeto de Deus para a redenção de toda a humanidade tem como centro a encarnação do seu Filho como homem vivendo entre nós.

Por isso ele foi acolhido no seio de uma verdadeira família. Uma humilde, boa e honrada família, ligada pela fé e os bons costumes. Ele escolheu, seus anjos agiram e a Sagrada Família foi constituída.

Deus Pai enviou Jesus com a natureza divina e a natureza humana: o Verbo encarnado, trazendo a sua redenção para todos os seres humanos.

Ou seja: a salvação do ser humano somente se dá através de Jesus, quem crer e seguir terá a vida eterna.
Maria acolhe o novo que se manifesta e, em oração, medita sobre seu significado. Em Jesus, que recebeu um nome comum em sua época, revela-se o projeto de Deus de nos conceder a salvação por meio da humildade e da comum condição da encarnação.

Por tomar esta verdade como dogma é que a Igreja reverencia, no primeiro dia do ano, a Mãe de Jesus.

Que a contemplação deste mistério exerça em nós a confiança inabalável na Misericórdia de Deus, para nos levar ao caminho reto, com a certeza de seu auxílio, para abandonarmos os apegos e vaidades do mundo, e assimilarmos a vida de Jesus Cristo, que nos conduz à Vida Eterna.

Assim, com esses objetivos entreguemos o novo ano à proteção de Maria Santíssima que, quando se tornou Mãe de Deus, fez-se também nossa Mãe, incumbiu-se de formar em nós a imagem de seu Divino Filho, desde que não oponhamos de nossa parte obstáculos à sua ação maternal.

A comemoração de Maria, neste dia, soma-se ao Dia Universal da Paz. Ninguém mais poderia encarnar os ideais de paz, amor e solidariedade do que ela, que foi o terreno onde Deus fecundou seu amor pelos filhos e de cujo ventre nasceu aquele que personificou a união ente os homens e o amor ao próximo, o Cristo.

Celebrar Maria é celebrar O nosso Salvador. Dia da Paz, dia da Mãe Santíssima. Nos tempos sofridos e sangrentos em que vivemos, um dia de reflexão e esperança.



+Dom Eduardo Rocha Quintella.
Bispo  Diocese Belo Horizonte

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Jesus é a Plenitude da Revelação



Há, pois, uma íntima união do 
homem com a divindade 
bem simbolizada no mistério de uma 
habitação comum.

Jesus é a plenitude da revelação e é em torno dele que se desenvolvem todos os temas da Bíblia. Ele é o Messias prometido, Rei vitorioso, Sabedoria eterna que vem a este mundo para salvar a humanidade através de um sacrifício.

Deus e homem verdadeiro sua figura é delineada de modo especial através dos Profetas. Fatos e figuras anunciam aspectos de sua atividade salvífica.

Percebe-se então uma espinha dorsal no Livro Santo, ou seja, determinadas mensagens que constituem o que é principal na revelação divina tudo girando em torno do Verbo Encarnado.

Em primeiro lugar o pecado do homem e a promessa de um Redentor. O velho Adão será salvo pelo novo Adão (Rom 5,14), pois, no dizer Paulino: Onde o pecado avultou a graça sobejou (Rom 5, 20). É de se notar, além disto, que esta salvação se processa numa situação de recolhimento interior.

Como se lê na passagem de Elias no Horeb. Deus não estava no grande e impetuoso furacão, nem no terremoto, nem no fogo, mas no murmúrio de uma brisa suave (I Reis 19 12).

Esta só pode ser percebida no silêncio. O profeta Oséias descreve a atitude divina que seduz e conduz ao deserto para falar ao coração (Os 2 16).

É que no contato íntimo com o Ser Supremo longe do bulício do mundo se percebe o essencial. O barulho dispersa, espalha.

O silêncio recolhe, recupera. As grandes verdades só são comunicadas através do recolhimento que gera paz, tranqüilidade, imperturbabilidade.

João Batista (Lc 1,80; 3,2) e Jesus (Mt 4,1-11) amavam a solidão. Adite-se o tema da morada de Deus junto dos homens e dentro de cada um.

No Antigo Testamento o Templo de Salomão é descrito com pormenores. Retumbante foi a frase de São João: O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14).

Jesus acrescenta dois aspectos: Se alguém me ama, meu Pai o amará, viremos a ele e nele faremos nossa morada (Jo 14,23) e na casa de meu Pai há muitas moradas (Jo 14,2).

Há, pois, uma íntima união do homem com a divindade bem simbolizada no mistério de uma habitação comum.

O Criador, porém, é um Deus que cuida de sua criatura. É o Pastor zeloso bem descrito no célebre salmo 23 (22) e com o qual Cristo se identifica com pormenores consoladores (Jo 10,1 ss.).

Ele não quer nenhuma turbulência a envolver suas ovelhas e lhes garante total segurança. Adite-se que o Senhor Altíssimo oferece alimento aos seres racionais como o maná no deserto (Ex 16,13-31), como a multiplicação dos pães operada por Jesus que se fez, ele mesmo, o pão vivo descido do céu, penhor da vida eterna (Jo 6,32 ss).

Quer no Vetero Testamento, quer no Novo, o símbolo expressivo da videira aparece com um significado profundo. Ela é plantada cuidadosamente por Deus, ela é amada por Javé e Jesus com ela se identifica, dizendo em seguida que seus seguidores são os ramos.

União vital honrosíssima para o homem. (Jo 15,1). São dezoito passagens bíblicas que enchem de conforto o leitor por meio de uma comparação realmente expressiva com esta planta.

Todas estas facetas da revelação têm como denominador comum a Aliança estabelecida por Deus com o homem que se tornou parceiro da divindade na obra de sua própria salvação.

Dentro destas perspectivas, ler a Bíblia, rezar com a Bíblia fica muito mais fácil por se ater exatamente a mensagens fundamentais da Escritura que então, sim, se torna para o crente útil para tudo.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal Cristão

O Natal é convite à solidariedade e a 
fraternidade entre os homens.


O centro da celebração do natal é, como sempre, na liturgia da Igreja, o mistério da Eucaristia. No Verbo feito carne a Igreja reconhece o Pão da vida, descido do céu. Na Eucaristia, mistério pascal, os fiéis podem estar em contato com o Verbo encarnado, morto e glorificado.

Natal é o grande momento em que celebramos Deus que veio até nós, celebramos o Emanuel. Deus entre nós. A centralidade desta noite está na encarnação. É noite de incontida alegria, é noite de luz. Com os anjos cantamos Glória a Deus nas alturas.

O Salvador do mundo, por Seu Natal, nos faz nascer para a graça. Nascendo para a vida humana possibilita-nos que nasçamos para a vida divina, se correspondermos aos Seus apelos de conversão, unindo à Sua Igreja, pela fé, pelos sacramentos, e pela prática das virtudes.

Na sociedade atual, segmentos diversos apropriaram-se do Natal e o transformaram num evento (algo eventual, passageiro), numa época de lucrativas vendas, num período de festa e consumismo.

Lembremos que o Natal, para nós, discípulos missionários de Jesus Cristo, é um grande acontecimento, que gera em nós compromisso de fé e de vida. É um tempo de verdadeira alegria, pois o Salvador está entre nós. O presépio concretiza a nossos olhos, o filho de Deus feito homem ali, na pobreza e na simplicidade de uma gruta, acolhido pelos mansos e humildes de coração.

O Natal é convite à solidariedade e a fraternidade entre os homens. No Dom que Deus faz do seu Filho, o Pai nos convida a partilha, a tornar-nos dons para os nossos irmãos. Dom que se traduz em serviço generoso, solidariedade, luta pela justiça, defesa da ecologia, socorro dos mais pobres, compromisso com a justiça e a paz.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Revolução do Natal




O Natal é a exigência de uma revolução mais radical

O mundo precisa de uma imensa revolução. Até hoje, tem-se organizado na base da conquista: quem tem mais poder, sente-se autorizado a mandar nos outros, a apropriar-se das suas matérias primas, a impor condições ao comércio.

Cristo dissipa as trevas do pecado; É a verdadeira luz cujo esplendor ilumina os olhos de nossa alma, para que enquanto conhecemos a Deus de uma maneira visível, por ele sejamos arrebatados ao amor das coisas invisíveis.

A partir do natal, o Ciclo Litúrgico da igreja, segue passo a passo Jesus na sua obra de redenção, para que a Igreja enriquecida com as graças que emanam do mistério da encarnação, seja, como diz São Paulo, a Esposa sem mancha, sem rugas, santa e imaculada, que Ele poderá apresentar ao Pai, quando vier, no fim dos tempos.

O natal é a exigência de uma revolução mais radical: que cada homem renuncie ao seu egoísmo trate o outro homem como irmão e partilhe com ele os seus bens.

Julgo que uma das missões dos cristãos, hoje, é mostrar que o bem e o mal arrancam da criatividade do sujeito, mas não dispensam uma estrutura dialogal: é preciso que o meu agir não abafe a liberdade do outro, seja de outro ser humano, seja de Deus. Se é errado imaginar Deus simplesmente como o Senhor das regras, também é curto fazer d’Ele um simples espectador do homem.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Exortação Apostólica Eclesial sobre Fé e Religião; por +Dom Eduardo Rocha Quintella, Bispo das Minas Gerais.

Fé e Religião

Aos olhos de quem sabe ver a fé não está morta

A fé pode ser ferida tanto por um atrelamento exclusivo ao rito quanto por um escurecimento da Tradição. Uma relação correta com a Tradição exige que não se confunda fé e religião.

A religião é essencialmente conformista, mais preocupada com devoção e moral, mais orientada ao sagrado do que ao humano e, no fim das contas, mais preocupada com os fins eternos do homem e de modo insuficiente com os seus fins temporais e terrestres.

A fé cristã é de outra natureza totalmente diferente: é sobretudo convite à liberdade, a libertar-se da opinião pública, dos usos e costumes da sociedade e do tempo em que vivemos, muitas vezes das tradições familiares, e isso na fidelidade a uma tradição que marca a continuidade da referência da fé à sua origem histórica, ao evento e ao ensinamento de Cristo e dos Apóstolos.

Essa fé, contrariamente à religião, se situa claramente do lado do humano, não deixando jamais de inventar novas formas de servir ao homem e a cada homem, buscando continuamente como alcançar uma universalidade sempre maior:

A extensão da idéia de catolicidade à globalidade da vida do mundo é talvez o aspecto mais característico do catolicismo pós-conciliar. Crê seja como for e expressar o seu amor pela Igreja em uma época em que muitos são tentados a sair às escondidas, é pela sua fé no Espírito Santo que leva os fiéis pelo caminho da Verdade, como Jesus prometeu aos seus discípulos.

Aos olhos de quem sabe ver a fé não está morta. A Igreja é hoje atravessada por uma vitalidade, às vezes discreta, mas bem real. Testemunhas disso são, por exemplo, aqueles cristãos que se reúnem para rezar, celebrar, compartilhar, às vezes fora do quadro habitual.

O desejo de reconstituir laços de fé e de caridade que estruturam o corpo de Cristo é um sinal de esperança, a promessa de uma renovação da Igreja, em formas ainda inacessíveis.

Não tenho dúvidas: essa Igreja saberá estar presente ao encontro da humanidade, interpretar os sinais dos tempos, retomar a comunicação com o mundo e alimentá-lo com o espírito evangélico.
A Igreja tem um futuro, mas este deve ser buscado só na liberdade que o evangelho lhe abre.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

Quarto Domingo do Advento


O Senhor Vem!

O Advento, tempo de esperança e de conversão, está no coração da Igreja missionária. Memória da primeira vinda do Senhor em nossa carne mortal; súplica em vista da última e gloriosa vinda de Cristo, Senhor da história e dos novos tempos anunciados pelo profeta Isaías.

A liturgia do quarto Domingo do Advento é uma Liturgia preparativa, com a finalidade de revelar o que será celebrado no Natal. É uma celebração que, simbolicamente, assume o papel da porta de ingresso, que se abre para introduzir os celebrantes no conhecimento da revelação e realização da promessa divina, celebrada no Natal de Jesus Cristo.

O Mistério da Encarnação do Filho de Deus, que se fez Homem tal como nós, não deixa de provocar emoção e júbilo nos cristãos de todos os tempos. De fato, só à luz da Sua morte e Ressurreição, a Sua encarnação ganha pleno sentido. Com o seu nascimento, teve início a nossa salvação. Este mistério sempre fez suscitar a necessidade dum tempo de preparação e aprofundamento do nascimento de Jesus e da Parusia (vinda gloriosa, no fim dos tempos).

A espiritualidade do Advento resulta assim uma espiritualidade comprometida, um esforço feito pela comunidade para recuperar a consciência de ser Igreja para o mundo, reserva de esperança e alegria. Mais ainda, de ser Igreja para Cristo, Esposa vigilante na oração e exultante no louvor do Senhor que vem.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

MARIA PEREGRINA DA FÉ



A vida real de Maria nos mostra o lugar 
onde o Senhor vê e se faz visto...

Maria, nossa Mãe, é bem-aventurada porque acreditou, isto é, porque viveu de Fé, peregrinou na Fé. Uma mariologia para me agradar e fazer-me bem, deveria mostrar a vida real da Virgem, não àquilo que se poderia supor e, que esta vida real da Virgem deveria ter sido muito simples. As pessoas apresentam a Virgem Maria como inalcançável e seria preciso mostrá-la imitável, fazendo aparecer as suas virtudes, dizendo claramente que Ela viveu de Fé. Dando como provas o Evangelho, onde lemos: Eles não compreenderam o que Ele (Jesus) lhes disse... e esta outra frase não menos misteriosa: Seus pais se admiravam do que se dizia Dele"... Nós sabemos perfeitamente que a Santa Virgem é a Rainha do Céu e da Terra, mas Ela é mais Mãe do que Rainha. Vamos meditar sobre a vida de Maria. Com base no Santo Evangelho, que nos leva a considerar Maria na sua peregrinação na Fé:

O Evangelho nos mostra Maria como contemplativa, a que meditava as palavras e os fatos no seu coração e, como diria São Paulo, como um justo que vive da Fé. São Lucas resume nestas palavras a atitude interior da Virgem: quanto à Maria, Ela conservava cuidadosamente todas estas coisas, meditando-as no seu coração (Lc 2,19) e também, Jesus desceu com eles, regressando a Nazaré e lhes era submisso. Sua Mãe guardava todas estas coisas em seu coração (Lc. 2,51). Vê-se claramente que a vida de Maria se situa na aventura da Fé, na peregrinação da Fé. Sua atitude fundamental é meditar, conservar todas as coisas em seu coração. Meditar é procurar em profundidade o sentido interior dos acontecimentos que nos chegam, vendo-os segundo a lógica do Deus vivo, que intervém na história pessoal, como o fez na história do povo de Israel. Em uma palavra, Maria se deixa habitar pela graça do acontecimento, não importa o quanto obscuro seja este e o acolhe como uma passagem, ou um dom de Deus na sua vida. Podemos entender que Maria caminhou como nós, na aventura da Fé e não se desencorajou ao longo de sua difícil caminhada. A vida real de Maria nos mostra o lugar onde o Senhor vê e se faz visto e, o mesmo deve acontecer na vida de cada um de nós. Maria nos ensina, com seu modo materno, como adquirir a primeira atitude da vida espiritual: crer na Luz, como se víssemos as trevas. Este é o desafio da Fé.

O rosto de Maria no Evangelho nos indica as suas atitudes, ao longo do quotidiano, em sua vida de Fé orientada para Deus, sua disponibilidade à vontade divina e sua vida de simplicidade, confiança e abandono. Maria, modelo de Fé no Evangelho, aparece como mestra de vida contemplativa e espelho de silêncio e recolhimento interior. Inspirando-nos constantemente em Maria, chegaremos ao momento em que nos deixaremos formatar por Ela, para melhor vivermos, lá, no centro de nossa alma. Onde está nossa vida de oração, lugar por excelência onde o Senhor vê e se faz ver.

Maria viveu a aventura da Fé, porque foi somente pela Fé que ela se sustentou durante toda a sua vida. A base necessária à vida de oração é uma fé viva, habitada pela esperança. Maria é a estrela de nossa noite. Portanto, nos convida a implorar seu socorro, nas tempestades do orgulho, da ambição e do ciúme, dizendo-nos: Olhem a Estrela, invoquem Maria. Por fim, aqui fica uma pequena e bela oração para nós: Santa Virgem Maria, a cada dia vós tereis tido de inventar a vossa nova maneira de dizer Sim a Deus; cada dia vós tivestes de recomeçar a descobrir Deus em vossa vida, de um modo que vós não haveis podido prever. Ensinai-nos, pois, a não sermos mais uma coleção de páginas já impressas e acabadas, mas, a cada dia, nos apresentarmos diante de Deus como uma página em branco, em que o Espírito Santo possa livremente desenhar as maravilhas que Ele quer fazer em nós. Também nós queremos viver cada dia como um novo dia de Fé. Deixa o Filho de Deus crescer em ti, porque Ele já nasceu em ti, pelo batismo; deixa que Ele se torne para ti, um imenso sorriso, uma constante exultação e uma alegria infinita, que nada, nem ninguém, te possa roubar.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A Virtude da Compaixão



Sem a Compaixão o Homem não existe.

A compaixão talvez seja, entre as virtudes humanas, a mais humana de todas, porque não só nos abre ao outro, como expressão de amor dolorido, mas ao outro mais vitimado e mortificado. A compaixão anula as diferenças e faz estender as mãos às vitimas. Não importa a ideologia, a religião, o status social e cultural das pessoas.

Mesmo que a nossa vida e o mundo não se transformem na intensidade e na velocidade dos nossos desejos, sabemos que nossas ações transformam ou modificam para melhor, não somente a vida de outras pessoas, mas também a nós mesmos. Diante da desgraça do outro não há como não sermos os samaritanos compassivos da parábola bíblica.

Na nossa vida sempre encontramos ou cruzamos com pessoas que estão sofrendo por algum motivo. Nestes momentos todos nós somos de um modo ou outro, tocados pelo sofrimento alheio. Isto se chama compaixão.

A compaixão tem algo de singular: ela não exige nenhuma reflexão prévia, nem argumento que a fundamente. Ela simplesmente se nos impõe porque somos essencialmente seres compassivos.

Na compaixão se dá o encontro de todas as religiões, do Oriente e do Ocidente, de todas éticas, de todas as filosofias, teologias e de todas as culturas. No centro está à dignidade e a autoridade dos que sofrem, provocando em nós a compaixão ativa.

A compaixão de Cristo para com os doentes e suas numerosas curas de enfermos de todo tipo são um sinal evidente de que Deus visitou o seu povo e de que o Reino de Deus está bem próximo.

Jesus não só tem poder de curar, mas também de perdoar os pecados: ele veio curar o homem inteiro, alma e corpo; é o médico de que necessitam os doentes. Sua compaixão para com todos aqueles que sofrem é tão grande que ele se identifica com eles: Estive doente e me visitastes (Mt 25,36).

Seu amor de predileção pelos enfermos não cessou, ao longo dos séculos, de despertar a atenção toda especial dos cristãos para com todos os que sofrem no corpo e na alma.

Reprimir o sentimento inevitável da compaixão é reprimir uma parte do eu que está nas profundezas do nosso ser. Em outras palavras, quem nega o sentimento de compaixão não pode se conhecer e, por isso, nem consegue encontrar uma solução para os seus problemas que foram escondidos, empurrados e trancados no mais fundo de si.

Quem não é capaz de permanecer no sentimento de compaixão, não consegue viver uma vida feliz porque tenta negar a sua própria natureza humana.

Em nossa vida, por vezes nos surpreendemos, seja pelas coisas bonitas que somos e realizamos, seja pelas limitações e contradições que experimentamos. Saber da existência desses paradoxos, nos permite ser mais humanos e mais acolhedores.

E as perguntas que, na maioria das vezes, não encontram respostas, freqüentemente nos visitam a consciência: Por que, se temos capacidade de fazer o bem, optamos pelo mal? Por que desenvolvemos a capacidade destruição quando podemos criar harmonia e boa convivência?

Quando sentimos a compaixão, desejamos que os sofrimentos das outras pessoas cessem, não só porque as amamos ou acreditamos que elas têm direito a uma vida mais digna e humana, mas também para que os nossos sofrimentos resultantes da compaixão sejam aliviados.

Neste processo sentimo-nos compelidos a fazer algo para mudar a situação, assim como também incluímos no nosso horizonte de futuro desejado a superação das situações que causam estes sofrimentos.

Abertura ao sofrimento alheio que nos permite tomar contato com os nossos sofrimentos e medos, a esperança de um futuro onde estes problemas foram solucionados e ações concretas que nos dão convicção firme de que estamos, dentro das possibilidades, fazendo a coisa certa para caminharmos em direção a este futuro desejado são elementos fundamentais de uma vida feliz.

É claro que não devemos cair na tentação e pressão de sermos perfeitamente compassivos e capazes de ações perfeitas e plenas para salvar o mundo. Só na medida em que aceitamos a nossa dificuldade é que poderemos viver e fazer o que podemos de fato.

Compaixão, responsabilidade e solidariedade são valores fundamentais para salvarmos o mundo e as nossas vidas do niilismo, cinismo, da indiferença e da desumanização.

Mesmo que a nossa vida e o mundo não se transformem na intensidade e na velocidade dos nossos desejos, sabemos que nossas ações transformam ou modificam para melhor, não somente a vida de outras pessoas, mas também a nós mesmos.

Sem a compaixão o homem não existe. Pois a realidade está em Deus. Exercitando a compaixão saímos dos túmulos do pecado e da miséria humana. Alcançamos à imortalidade. A compaixão nos livra de morrer em vida.




+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Solenidade da Imaculada Conceição de Maria


Maria cheia de Deus

Hoje, dia 08 de dezembro de 2011, a Igreja celebra a Imaculada Conceição, É a agraciada Maria que adere ao projeto de Deus, aceitando ser mãe de Jesus. Na escolha de Maria, jovem e pobre, Deus já insinua seu plano da elevação dos pequenos e humildes.

A liturgia deste dia afirma, de forma clara e insofismável, que Deus ama os homens e tem um projeto de vida plena para lhes oferecer. A história de Maria de Nazaré responde, de forma clara, a esta questão: é através de homens e mulheres atentos ao projeto de Deus e de coração disponível para o serviço aos irmãos que Deus atua no mundo, que Ele manifesta aos homens o seu amor, que Ele convida cada pessoa a percorrer os caminhos das bem-aventuranças e da realização plena.

É aí que somos colocados diante do exemplo de Maria. Confrontada com o plano de Deus, Maria responde com um sim total e incondicional. Naturalmente, ela tinha o seu programa de vida e os seus projetos pessoais; mas, diante do apelo de Deus, esses projetos pessoais passaram naturalmente e sem dramas a um plano secundário. Na atitude de Maria não há qualquer sinal de egoísmo, de comodismo, de orgulho, mas há uma entrega total nas mãos de Deus e um acolhimento radical dos caminhos de Deus.

A Imaculada Conceição de Maria é uma solene proclamação da fé do povo de Deus, do sentir da Igreja. Maria confirma solenemente o mistério da encarnação de Jesus Cristo e da redenção dos homens, centro de nossa fé. Por ela o Verbo de Deus entra na história, inaugurando o tempo da graça e da liberdade dos filhos de Deus.

A Imaculada abriu a porta do mundo para o advento do Deus redentor, na carne da humanidade. No seu humilde sim traz a todos a maior de todas as graças: Cristo, o Filho do Deus vivo, nosso salvador e redentor. Por isso, na Solenidade da Imaculada Conceição, com razão a Igreja e todos os fiéis exultam de alegria pela ação divina de Deus na história, pelas maravilhas que Ele pode realizar na Igreja e na vida de cada um. Maria nos dá o exemplo de atitude filial, de obediência e de amor àquele cujo nome é grande e que grande coisa realizou em sua humilde serva.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Católica Belo Horizonte

Terceiro Domingo do Advento


Não há melhor maneira de se viver o Advento 
que se unindo a Maria.

Este terceiro domingo do advento é também chamado de Domingo da Alegria (gaudete). É chamado de Gaudete devido à primeira palavra da antífona de entrada da Missa: gaudete (alegrai-vos), na qual se traduz a alegria pela vinda do salvador e redentor do gênero humano.

Em vez da cor roxa, própria do Advento, os presbíteros podem usar neste dia as vestes litúrgicas de cor rósea. As flores e os cantos indicam o caráter festivo, antecipatório da alegria do Natal que se aproxima.

Não há melhor maneira de se viver o Advento que unindo-se a Maria. Assim como Deus precisou do sim de Maria, hoje, Ele também precisa do nosso sim para poder nascer e se manifestar no mundo; assim como Maria se preparou para o nascimento de Jesus, a começar pele renúncia e mudança de seus planos pessoais para sua vida inteira.

Nós precisamos nos preparar para vivenciar o Seu nascimento em nós mesmos e no mundo, permitindo uma conversão do nosso modo de pensar, da nossa mentalidade, do nosso modo de viver e agir.

Os cristãos devem viver com alegria este período de advento, apesar de saber que o Natal ainda não chegou. Os cristãos estão arraigados no presente, mas de olhar no futuro, que sempre deve ser fonte de alegria.

E não por causa dos homens, mas por causa da ação misteriosa e eficaz do Espírito Santo na história dos homens. O progresso científico, afinal, e mais ainda o progresso moral da humanidade, apesar da sua ambivalência e deficiência, contribuiu de alguma forma para o reinado de Deus no tempo e na vida dos homens.

Precisamos olhar com mais atenção o nosso mundo, para perceber que em meio a tanta dor e morte, a tanta violência e injustiça, ainda nascem e crescem e se multiplicam por toda parte ações que contribuem para a construção da paz, do amor, da ternura, de partilha, de solidariedade.

Precisamos redescobrir o que de bom e belo existe nas pessoas. Tantas são as iniciativas a favor da vida. Vamos apoiá-las e divulgá-las mais.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

domingo, 4 de dezembro de 2011

DOMINGO DIA DO SENHOR


Da Eucaristia brotou ao longo dos séculos 
um imenso caudal de caridade, 
de participação nas dificuldades dos outros, 
de amor e de justiça.

O Domingo significou, ao longo da vida da Igreja, o momento privilegiado do encontro das comunidades com o Senhor ressuscitado. É necessário que os cristãos experimentem que não seguem um personagem da história passada, senão o Cristo vivo, presente no hoje e no agora de suas vidas.

Ele é o Vivente que caminha ao nosso lado, descobrindo-nos o sentido dos acontecimentos, da dor e da morte, da alegria e da festa, entrando em nossas casas e permanecendo nelas, alimentando-nos com o Pão que dá a vida.

O encontro com Cristo na Eucaristia suscita o compromisso da evangelização e o impulso à solidariedade; desperta no cristão o forte desejo de anunciar o Evangelho e testemunhá-lo na sociedade para que ela seja mais justa e humana.

Da Eucaristia brotou ao longo dos séculos um imenso caudal de caridade, de participação nas dificuldades dos outros, de amor e de justiça. Só da Eucaristia brotará o amor, que transformará a nossa vida num oceano de amor.

A participação nos mistérios do Senhor nos leva a amar desde agora o que é do céu. O acolhimento da Palavra e a comunhão sacramental nos capacitam para o discernimento entre as efêmeras realidades terrenas que passam, daquelas realidades que são bens eternos, nas quais deve estar depositada a nossa esperança.

O sacramento da Eucaristia nos purifica dos pecados, pois nos dá o penhor da redenção eterna. A refeição sagrada nos prepara e torna dignos não só para celebrar as festividades natalinas, memorial da primeira vinda do Senhor, mas também para participarmos do banquete da vida eterna, na grande festa da salvação, quando nos será dado receber o prêmio e colher com alegria os dons eternos.

Por isso, o preceito dominical que a Igreja tem, pedindo que todos participem da celebração eucarística, é fonte de liberdade autêntica, pois poderemos viver cada um dos outros dias segundo o que celebramos no dia do Senhor.

A vida de fé corre perigo quando se deixa de sentir desejo de participar na celebração eucarística em que se faz memória do mistério pascal.

A participação na assembléia litúrgica dominical, ao lado de todos os irmãos e irmãs com os quais se forma um só corpo em Cristo Jesus, é exigida pela consciência cristã e simultaneamente educa a consciência cristã.

Perder o sentido do Domingo como dia do Senhor que deve ser santificado é sintoma duma perda do sentido autêntico da liberdade cristã, a liberdade dos filhos de Deus.





+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

A Metanóia de Cristo

Nunca se faz uma conversão uma vez para sempre.


A conversão tem que se tornar algo que faz descobrir que Deus é a cada dia uma novidade surpreendente e ainda que permita que as outras pessoas, com as quais me relaciono, sejam sempre mais Elas. Deus sempre nos pede a conversão.

E esta se situa não em primeiro lugar no campo moral, mas no campo do pensamento e do ser. A conversão exige uma reformulação do nosso esquema de pensar, de julgar e de viver.

Nunca se faz uma conversão uma vez para sempre, mas todos os dias. O próprio João, que anunciou ao povo, teve necessidade de fazer uma conversão talvez mais profunda do que aquela que ele mesmo exigia dos outros.

Abrir para esta faceta, pessoas e realidades, é descobrir uma faceta nova do rosto de Deus. Porque Deus não muda, o que deve mudar é o nosso modo de ver a Deus. Abandonando preconceitos e suposições.

A conversão não pode ser um processo doloroso, mas uma experiência que liberta. Refletir sobre a conversão é sermos provocado a rever nossos conceitos sobre Deus, sobre as pessoas e sobre nós próprios.

A conversão de cada cristão é um processo lento de assimilação, aprendizado e amadurecimento. E aqueles que hoje são considerados pastores dentro da Igreja correm o mesmo perigo.

Se não procurarem olhar sempre para os apelos de Deus que vem até nós nos fatos sempre novos, examinados à luz da palavra de Deus, chegará para eles o dia em que vão renegar a Igreja que hoje estão ajudando a crescer.




+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

sábado, 3 de dezembro de 2011

Natal


Festa da Esperança!

O nascimento de Jesus teve por objetivo apresentar o amor de Deus aos homens. O novo nascimento que os crentes podem experimentar neste natal, é este amor, derramado em nossos corações.

A tendência natural da enxurrada consumista é nos levar para as lojas, para os agitos, para as cestas recheadas, para as árvores e enfeites, para o Papai Noel e, finalmente, para as festas.

Desse momento ninguém pode escapar. Seria bom que chegássemos neste natal com o coração cheio de alegria e esperança. Natal é festa de esperança. E o que mais o mundo necessita hoje é esperança autêntica.

Temos posto a esperança em coisas erradas. Esperança no progresso humano, no gênio inventivo, no futuro melhor, no poderio militar, na segurança financeira, na eficiência do governo, nos movimentos, nos grandes líderes, nos partidos políticos, nas negociações de paz.

Mas todos têm falhado em nos dar esperança. Temos descoberto que ter esperança em qualquer deles é conhecer desapontamento e finalmente experimentar o desespero.

Precisamos de algo mais que sonhar acordados ou esperar cegamente que tudo dê certo. Precisamos de uma esperança vibrante na dor, coerente no pesar, incansável no quebrantamento de coração, inatacável no desapontamento e imorredoura na pressão da vida.

A verdadeira esperança não advém do planejamento, nem provém da procura da esperança. Ela cresce a partir de duas convicções básicas: que Deus está presente e ausente. É por isso que uma verdadeira experiência do Natal nos traz esperança duradoura.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

Mensagem de Natal




O Natal propõe educar-nos para a solidariedade, para a procura do essencial, para o encontro com Deus. O natal também tem que nos arremessar para a experiência solidária e para a partilha fraterna com nossos irmãos, independentemente da sua etnia, cultura ou credo.

Todos têm direito igual ao Natal. Todos têm a mesma necessidade do Natal. Todos precisam do Natal. Que ninguém exclua da mesa da família humana o amor de Deus derramado em nossos corações. O natal. O cristianismo só cumpre verdadeiramente a sua missão se contagiar de amor e esperança a humanidade.

A bem dizer, só existe uma maneira de retribuir, por pouco que seja o maravilhoso presente dado por Deus à humanidade naquela longínqua noite primeira de Natal: procurar viver integralmente os ensinamentos ministrados por Seu Filho, independentemente de como se compõem as formas exteriores dos múltiplos ritos religiosos.

Transformar em vida as palavras do Mestre, e só quem ama o próximo como a si mesmo estará em condições de festejar o Natal da maneira certa: com a alma preenchida de alegria e o coração a transbordar de gratidão.




+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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