Os discípulos e missionários
de Cristo devem iluminar com a luz do Evangelho todos os âmbitos da vida
social. Se muitas das estruturas atuais geram pobreza, em parte é devida à
falta de fidelidade a compromissos evangélicos de muitos cristãos com especiais
responsabilidades políticas, econômicas e culturais.
Nossa fé proclama que Jesus
Cristo é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem. Por isso, a opção
preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se
fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza. Essa opção nasce da
nossa fé em Jesus Cristo, o Deus feito homem, que fez nosso irmão (Hb 2,11-12).
Opção, no entanto, não exclusiva, nem excludente
Os rostos sofredores dos
pobres são rostos sofredores de Cristo. Eles desafiam o núcleo do trabalho da
Igreja, da pastoral e de nossas atitudes cristãs. Tudo o que tenha relação com
Cristo tem relação com os pobres, e tudo que está relacionado com os pobres
clama por Jesus.
Conhecendo a Cristo
conhecemos o Pai. Esta é a nossa missão hoje: reconhecer Jesus em cada irmão
para caminharmos para o Pai. A fé em si mesma não é uma abdicação da razão, não
é uma renúncia a pensar, a raciocinar. A teologia ocupa-se de Deus, de Jesus
Cristo e das verdades reveladas, é inteligência da fé, e a fé em Deus é
inteligência.
Hoje todos se interrogam
sobre Cristo, ou para maldizê-lo ou para invocá-lo, ou para persegui-lo ou para
amá-lo, e atuar seu amor em seu nome e por ele. Mas nenhum destes, inclusive
nenhum dos discípulos, ainda vendo Jesus em sua história, viu-o realmente em
sua essência. Começaram a ver Jesus e a compreender seu rosto só a partir da
Páscoa.
Já antes da Páscoa, Jesus, à
pergunta do discípulo Felipe, que lhe pede mostra-nos o Pai e nos basta, Jesus
responde: Felipe, tanto tempo faz que estou convosco e ainda não me conheces? Jesus
se deixa conhecer realmente e plenamente pelo que é, à luz do Ressuscitado, Eu
estava morto, mas agora estou vivo pelos séculos dos séculos.
Os discípulos reconhecem
Jesus pela tarde, na casa de Emaús. Reconheceram Jesus que toma o pão,
abençoa-o, parte-o e o entrega; nesse momento, abriram os olhos, tiveram a
intuição, o entendimento de que aquele desconhecido era o Senhor.
Mas naquele mesmo momento
Jesus desaparece: eis aqui o que significa ver Jesus, intuí-lo, compreendê-lo,
com todo o ser, com a inteligência, a razão e o transporte de amor, mas no
momento que o vejo e compreendo não o posso abraçar, porque Jesus é
infinitamente maior do que podemos imaginar.
Deus se fez presente na
história do homem através de Jesus de Nazaré. O Deus, o absoluto, manifestou-se
e revelou em Jesus Cristo. Pode-se dizer que é possível ver o rosto de Cristo
na Eucaristia. É a Eucaristia a continuidade da revelação.
A Eucaristia e o batismo são
dois filões que sustentam toda a comunidade de crentes. A comunidade de uma
família, de uma aldeia, de uma diocese, de uma nação está fundada nestes dois
pilares.
A Igreja está construída em
dois sacramentos que são o batismo e a Eucaristia, simbolizados pela efusão da
água e do sangue que se produziu no momento em que o lado de Cristo foi
traspassado pela lança.
Simbolicamente e
misticamente, já o evangelista João viu o nascimento da Igreja neste eflúvio de
sangue e água, símbolos do batismo e da Eucaristia.
A Eucaristia é por excelência
o mistério da fé, porque nela se encerram todos os sacramentos e tudo o que
significa ser cristão. A Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia.
+Dom Eduardo Rocha
Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte