Morto, Sepultado e Ressuscitado.
Começa dia 01 de Abril, Domingo de Ramos, a Semana Santa, também chamada Semana Maior, não por ter mais dias, mas por que nela se insere o Tríduo Pascal, composto por Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Sábado Santo, culminando com a Solene Vigília Pascal.
No Domingo de Ramos a Igreja comemora a entrada solene de Jesus em Jerusalém, entrada triunfal com cânticos de alegria e ramos de palmeira, contrastando com a humildade de Jesus que monta um jumento.
Quinta-feira Santa é o primeiro dia do Tríduo Pascal. Nesse dia Jesus celebrou a Última Ceia com os seus discípulos, tendo instituído a Eucaristia e o Sacerdócio ministerial.
Quinta-feira Santa é o primeiro dia do Tríduo Pascal. Nesse dia Jesus celebrou a Última Ceia com os seus discípulos, tendo instituído a Eucaristia e o Sacerdócio ministerial.
Nessa altura Jesus sabia que a Sua morte estava próxima e quis deixar aos seus um exemplo de humildade e serviço, foi com a cerimônia do Lava-pés. A lição do Senhor mais do que de humildade e serviço, foi de amor humilhou-se e tomou a forma de servo (Fil. 2 7).
A missa da Quinta-feira Santa é um convite a aprofundar concretamente no mistério da Paixão de Cristo, já que quem deseja segui-lo deve sentar-se à sua mesa e, com o máximo recolhimento, ser espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-lo.
E por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos dá um testemunho idôneo da vocação ao serviço do mundo e da Igreja que temos todos os fiéis quando decide lavar os pés dos seus discípulos.
Neste sentido, o Evangelho de São João apresenta a Jesus sabendo que o Pai pôs tudo em suas mãos, que vinha de Deus e a Deus retornava, mas que, ante cada homem, sente tal amor que, igual como fez com os discípulos, se ajoelha e lava os seus pés, como gesto inquietante de uma acolhida inalcançável.
São Paulo completa a representação lembrando a todas as comunidades cristãs o que ele mesmo recebeu: que aquela memorável noite a entrega de Cristo chegou a fazer-se sacramento permanente em um pão e em um vinho que convertem em alimento seu Corpo e seu Sangue para todos os que queiram recordá-lo e esperar sua vinda no final dos tempos, ficando assim instituída a Eucaristia.
A sexta-feira Santa apresenta o drama imenso da morte de Cristo no Calvário. A cruz erguida sobre o mundo segue de pé como sinal de salvação e de esperança. Com a Paixão de Jesus segundo o Evangelho de João contemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que lhe traspassou o lado.
São João nos leva a contemplar o mistério da cruz de Cristo como uma solene liturgia. Tudo é digno, solene, simbólico em sua narração: cada palavra, cada gesto. A densidade de seu Evangelho agora se faz mais eloqüente. E os títulos de Jesus compõem uma formosa Cristologia. Jesus é Rei. O diz o título da cruz, e o patíbulo é o trono onde ele reina.
É a uma só vez, sacerdote e templo, com a túnica sem costura com que os soldados tiram a sorte. É novo Adão junto à Mãe, nova Eva, Filho de Maria e Esposo da Igreja. É o sedento de Deus, o executor do testamento da Escritura. O Doador do Espírito. É o Cordeiro imaculado e imolado, o que não lhe romperam os ossos. É o Exaltado na cruz que tudo o atrai a si, quando os homens voltam a ele o olhar.
Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição.
Dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.
A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão.
O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: nós o experimentávamos, diziam os discípulos de Emaús.
É um dia de meditação e silêncio. Algo parecido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento (Jó. 2 13).
É um dia de meditação e silêncio. Algo parecido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento (Jó. 2 13).
Ou seja, não é um dia vazio em que não acontece nada. Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele.
O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos, não tanto momentos cronológicos de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado e ressuscitado.
+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte
Nenhum comentário:
Postar um comentário