quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Segundo Domingo do Advento (Mc 1,1-8) – Ano B – 04/12/2011


Endireitai as estradas do Senhor

A liturgia desse segundo domingo do advento nos convida a nos despir dos valores efêmeros e egoístas que muitas vezes nos fascinam, para dar lugar em nós aos valores do Reino de Deus. O Reino de Deus trazido por Jesus só poderá se estabelecer a partir de nossa conversão pessoal, familiar e comunitária.

Se quisermos celebrar a vinda do Senhor e participar do seu Reino, devemos preparar o caminho, mudar o nosso coração. Nesse itinerário, não há espaço para a hipocrisia. Não basta as aparências, apenas dizer que somos cristãos porque recebemos o batismo. A conversão deve ser comprovada pela ação.

Os apelos prementes lançado por João Batista aos que se apresentavam para serem batizados exigia ser acolhido no mais íntimo do coração, onde a conversão deveria dar seus primeiros frutos.

A preparação para acolher o Messias requeria dos crentes reformularem seu modo de pensar e agir (metanóia), cujo sinal seria a predisposição a abandonar o caminho do mal e do pecado para trilhar o caminho do amor e da justiça.

Nós estamos acostumados com o imediatismo e com os valores passageiros, e é neste contexto que a liturgia deste domingo nos convida a dar mais importância aos valores fundamentais que marcam nossa vida para sempre, e construir nossa história nestes valores.

O valor do Batismo, dos Mandamentos, e outros tantos valores evangélicos, envolvem-nos de tal modo, que construiremos o Reino de Deus. Os valores verdadeiros libertam-nos do egoísmo do desejo imediato dele.
Buscar o deserto é proposta litúrgica para que os celebrantes possam encontrar-se consigo mesmo e, avaliando seus caminhos e valores, possam optar pela conversão em vista do discipulado do Evangelho.

Em nossa assembléia litúrgica a voz profética de Isaías e de João, ressoa, animando a nossa vida para a chegada de Cristo que vem. O nosso profetismo inspira-se na esperança de uma nova terra e novo céu, onde reinará para sempre a justiça, de braços dados com a paz.

Ao celebrar a eucaristia experimentamos o já e o ainda não. Anunciamos Senhor a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição e suplicamos: Vinde Senhor Jesus. A eucaristia é antegozo da alegria plena prometida por Cristo.

Na aurora dos novos tempos, foi em Maria que a promessa feita por Deus aos patriarcas e aos profetas se transformou em Dom. Nos nossos, que são os últimos, há-de ser através de cada homem e de cada mulher que viva à maneira de Maria, que Deus apressará a última vinda do seu Filho, e nos dará a graça de alcançarmos à herança do céu, onde, com a criação inteira, cantaremos eternamente a glória do Senhor.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

O Valor Cristão do Perdão


O valor cristão do perdão pode aliviar tantas feridas.

O chamado cristão ao perdão faz parte do que é mais radical e nuclear da mensagem evangélica: o amor. Falar do perdão surpreende, mas não é um aspecto distinto ou regional da mensagem evangélica, mas que manifesta o rosto cristão do amor.

A mensagem cristã se aprende. Sem dúvida, aprende-se, a partir da Palavra e do Espírito de Jesus e no âmbito da própria experiência pessoal. Mas precisamente se aprende não como algo raro e sublime que chega a nossa vida como um adendo, mas como a resposta à pergunta que a humanidade se formula e que todos sentimos dentro: qual é a atitude adequada ante os demais e, em concreto, ante os que fazem e nos fazem mal.

O mundo está marcado por conflitos em todos os níveis: o valor cristão do perdão pode aliviar tantas feridas. Situemos a mensagem cristã sobre o amor que perdoa. Não é só uma palavra proposta a algumas pessoas que sofrem. É a revelação de Deus Pai a uma humanidade marcada pelo ódio, a confrontação e a vingança, há dois mil anos, e hoje também. Deus revela seu chamado a um amor que perdoa, não para aliviar, mas para resolver, como salvação de nossa violência humana por caminhos de paz e de reconciliação.

O perdão é a opção cristã perante um mundo tão desumano. De todas maneiras, os homens podem ignorar este chamado; os conflitos continuam aí e de fato são muito graves. Metidos neste mundo tão violento, a atitude de perdão está chamada a criar âmbitos de humanidade, a recuperar relações que talvez já foram quebradas, aliviando assim feridas muito profundas.

Saber perdoar é uma arte do espírito. Comporta, como mínimo, duas coisas. Uma é aceitar e entender o agressor. Isto não significa justificar algo que pode ser terrível; significa não derivar a experiência da agressão em ódio ao agressor, mas em entender o que faz o mal como pessoa, inclusive em sua malícia. A segunda é ainda mais difícil; é entender que a própria vida ou a dos meus entra também no âmbito do mal, que todos navegamos na mesma nave.

Para o Evangelho, perdoar comporta em sua raiz aceitar também o próprio pecado. Ambas as coisas são possíveis só no âmbito de uma experiência, a do perdão de Deus, ao outro e a mim mesmo. Saber-se já perdoado é o único clima que faz o homem capaz de dar estes dois passos; entender o que o mal faz e aceitar as próprias negatividades, sem negá-las.

Nosso mundo moveu-se nos últimos séculos sob o impulso da justiça, e por ela viveu mudanças e revoluções muito profundas, terríveis, cruentas. Hoje olhamos com horror o sofrimento causado pelas guerras e as revoluções do século passado, e as que continuam hoje, em muitas partes do mundo. A justiça é necessária, mas sua exigência pode levar durezas muito desumanas. Talvez hoje possamos entender algo que antes parecia ridículo: a necessidade de misericórdia.

Creio que é próprio de uma grande maturidade entender a sabedoria escondida no binômio justiça e misericórdia, os dois acentos que a experiência cristã descobre no mistério de Deus Pai. Nisto pode viver uma maturidade que antes era muito difícil, e avaliar o entranhável acento divino e humano da misericórdia de Deus.

Faz parte de um dos acentos de nossa pós-modernidade, o desencanto ante o fracasso de muitos grandes projetos, e o recurso a experiências palpáveis, imediatas, quase como um refúgio ante a falta de perspectivas.
Toda nossa sociedade está nesta situação como perante um desafio. Há quem augura a perda cultural de todo sentido. Não creio. Trata-se de aprender de nosso passado e buscar, sem cair de novo nos enganos de sempre.

Hoje soa como luminosa a frase do Evangelho: Quem busca, encontra. Hoje é possível buscar, e há pessoas e grupos, adultos e jovens, que buscam, em meio de todas as crises. É o germe da humanidade nobre e positiva do futuro. A experiência cristã entende que quem busca a luz sobre a vida a encontra; e que toda luz autêntica é reflexão do Evangelho de Jesus.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

Advento:


Tempo de Conversão

Advento não é tanto um tempo de penitência, como a Quaresma, mas de preparação para um encontro com o Senhor, no Natal. Não um encontro folclórico e sentimental, mas um real reencontro com Jesus, o Salvador de todos, através dum sério exame da nossa vida, um reconhecimento das nossas falhas e uma real conversão na nossa maneira de pensar e agir, e ainda empecilhos em nossas vidas a um seguimento de Jesus, mais radical e coerente. Quem aceita a sua mensagem terá que mudar radicalmente, isso é, na raiz, a sua vida.

Não adianta ter uma fé teórica, pois é somente pelos atos concretos que cada um mostra a realidade da sua adesão ao projeto de Deus. Hoje nada adianta a gente bradar que é Católico, cristão, membro desse ou daquele movimento ou grupo, se não produzirmos frutos duma verdadeira conversão. A palavra conversão, no grego significa uma radical mudança de mentalidade, Isso somente acontecerá com a graça dele.

Advento pode ser este tempo de graça, pode se tornar tempo oportuno para uma revisão de vida, para descobrir quais são as curvas, montanhas, e pedras que teremos que tirar para que o Senhor realmente possa habitar nos nossos corações. A conversão é processo permanente e urgente, que exige reconhecimento dos nossos pecados, uma vontade de mudar a orientação da nossa vida, e uma abertura para a graça de Deus, que é capaz de fazer maravilhas em nós.

Durante esta primeira semana as leituras bíblicas e a prédica são um convite com as palavras do Evangelho: Velem e estejam preparados, pois não sabem quando chegará o momento. É importante que, como uma família, tenhamos um propósito que nos permita avançar no caminho do Natal; por exemplo, revisando nossas relações familiares.

Como resultado deveremos buscar o perdão de quem ofendemos e dá-lo a quem nos tem ofendido para começar o Advento vivendo em um ambiente de harmonia e amor familiar. Desde então, isto deverá ser extensivo também aos demais grupos de pessoas com as quais nos relacionamos diariamente, como o colégio, o trabalho, os vizinhos, etc.

Esta semana, em família da mesma forma que em cada comunidade paroquial, acenderemos a primeira vela da Coroa do Advento, de cor roxa, como sinal de vigilância e desejo de conversão. No Evangelho, o próprio Jesus nos confirma que seu retorno glorioso é certo, porém, ninguém sabe o dia e a hora em que isto acontecerá. Por isto mesmo, Ele nos pede que estejamos sempre preparados, vivendo na simplicidade os seus ensinamentos, de modo que ao voltar Ele nos encontre prontos e dignos de entrar na sua glória e participar do banquete celeste.

É em vista deste pedido de Jesus, que a igreja cumprindo a missão que lhe foi confiada pelo Senhor, proporciona-nos todos os anos este tempo de graça e conversão, no qual ela nos conclama ao jejum, à penitência, à oração mais intensa e à prática da caridade para com o próximo carente, de modo que aos poucos, nos conformemos ao Cristo.

Somente percorrendo este caminho, tudo em nós será transformado da morte para a vida e então, Jesus poderá renascer em nossos corações e o natal será a festa da verdadeira alegria cristã.




+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

Liturgia do Advento


Vem Senhor Jesus

O tempo do Advento é para toda a Igreja, momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor. Ao celebrar anualmente a liturgia de Advento, a Igreja atualiza esta espera do Messias: participando da longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua segunda Vinda.

O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor, Jesus, que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história.

A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão. Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza.

Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel já realizada em Cristo, mas que só se consumará definitivamente na parusia (volta) do Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é Marana tha. Vem Senhor Jesus!

Nesta época de pressa e agitação, somos tentados a comprar o espírito natalino. Neste tempo, resistimos essa tentação e escolhemos, em vez disso, estar em paz com quem somos e com onde estamos nessa jornada. Deixaremos que esse tempo nos prepare, e ouviremos o chamado de Deus para sermos aqueles que preparam o mundo.

O Natal se aproxima. Nossos corações devem estar em constante preparação, para que o Cristo possa nos ajudar a reconstruir uma nova sociedade alicerçada na fraternidade. Alimentados pela Palavra e comprometidos com a Eucaristia, sejamos missionários da alegria e da misericórdia, para que Nele todos tenham vida plena.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

Espiritualidade do Advento


Tempo Escatológico Cristão

Advento significa a presença iniciada do próprio Deus. Por isso, recorda-nos duas coisas: primeiro que a presença de Deus no mundo já começou e que ele já está presente de uma maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar, ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento. É um tempo escatológico. É o já ainda não da salvação.

Na Antigüidade, era usada para designar a presença de um rei ou senhor, ou também do deus ao qual se presta culto e que presenteia seus fiéis no tempo de sua parusia.

A palavra Advento; este termo não significa espera, como poderia se supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que significa presença, ou melhor, chegada, quer dizer, presença iniciada.

Pode ser uma boa experiência deste tempo, reunidos em comunidade, em família, partilhar juntos, as luzes que cada um de nós temos acessas, pessoal ou comunitariamente.

Na esperança de um Deus que continua vindo e agindo em nosso mundo, somos convidados a aliviar nosso coração daquilo que nos mascara e desumaniza, para ter um coração mais fraterno e solidário.

Preparar os caminhos significa preparar um mundo novo, uma terra nova. Devemos saber ver a salvação de Deus, cobrir-nos como manto da justiça e revestir-nos do esplendor da glória do Senhor.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ADVENTO:


TEMPO DE ENSINAMENTO DA IGREJA


Esse encontro com a santidade de Deus, expressão máxima da Sua transcendência, é possível a todos em Cristo ressuscitado.

Com a Liturgia, da Festa de Cristo-Rei e o início do Advento, a igreja, nos reconduz ao dinamismo fundamental da fé cristã: o desejo de se encontrar plenamente com Deus. Em Jesus Cristo.

A esperança é a virtude espontânea do Advento e aquela que melhor resume os mais profundos sentimentos de toda a Igreja. Uma esperança alicerçada na fé-confiança da bondade de Deus nosso Pai. Esperança que nos faz desejar uma maior intimidade com Deus na mais profunda identificação com Jesus Cristo.

Esse encontro com a santidade de Deus, expressão máxima da Sua transcendência, é possível a todos em Cristo ressuscitado. Ser seu discípulo é seguí-l’O nesse caminho que nos leva à Vida; mergulhar n’Ele é experimentar a santidade; anunciá-l’O é algo que devemos a todos os homens, nossos irmãos; percorrer esse caminho, em Igreja, abandonando-se à sua fecundidade sacramental, é exigência da nossa fidelidade.

Resta-nos ir ao Seu encontro, mergulhar no Seu amor, deixar-se transformar pela vida que nos é dada, e o mundo será transformado. Esta é a esperança da Igreja, neste início do Advento, reavivada pela esperança: desejar que todos os seus membros mergulhem, mais profundamente, nessa plenitude de vida que nos foi dada em Jesus Cristo, se deixem invadir pela esperança e pela alegria e contribuam, pelo seu testemunho evangelizador, a humanização da sociedade.

É o homem, considerado na sua unidade e na sua totalidade, o homem, corpo e alma, coração e consciência, pensamento e vontade que constituirá o eixo de todo o ensinamento da Igreja: Nenhuma ambição terrestre move a Igreja; ela visa um único objetivo: continuar, conduzida pelo Espírito Santo, à obra do próprio Cristo.


Conceber a missão da Igreja como diaconia, isto é, como serviço da comunidade humana, é perspectiva exigente da Igreja cristã. Essa atitude levar-nos-á a fazer tudo por amor, com a humildade de quem serve a não buscar nenhuma forma de poder ou de domínio, a respeitar as diferenças sem enfraquecer a firmeza da verdade, a reconhecer os contributos positivos que todos os homens retos podem trazer. Humanizar significa valorizar tudo o que de positivo existe, acreditando que a plenitude desses valores só se encontra em Jesus Cristo.

O Advento é tempo de esperança. Para a Igreja, neste Advento, a esperança está viva e é muito concreta: ela deseja ser o sacramento de Jesus Cristo para o anúncio novo da esperança na Igreja.


+Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo   Horizonte

PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO - Ano B - (Marcos 13, 33-37) – 27/11/2011


Estejam preparados, pois Deus está próximo.

Começa hoje um novo ano litúrgico. A Igreja pretende fazer-nos viver no decurso de um ano os acontecimentos da vida de Jesus. Eles são para nós mistérios e fontes de graça. São motivo de reflexão e impelem a nossa vida para o espiritual na vida cristã que, vivida aqui na terra, aponta para mais além, para o Transcendente.

Iniciando, o ciclo anual de nossas celebrações nos ajuda a reviver toda a história da salvação. De modo que o cristão que participa com assiduidade da assembléia dominical vai crescendo sempre no conhecimento de Jesus Cristo.

Este domingo nos deixa uma reflexão importante sobre a presença permanente de Deus como sentido último de nossa existência e atuação em cada momento, principalmente no testemunho público e social de nossa fé, perante o mundo cada dia mais secularizado.

Essa presença é de alegria e esperança; é a presença deste Deus que se alegra com nosso compromisso evangelizador e nosso engajamento no encontro com o Senhor que vem carregando as sementes da Esperança cristã. As comunidades cristãs são já um sinal dessa nova realidade. Esses são os sinais da presença de Deus.

O Advento é nossa oportunidade de vigiarmos e estarmos atentos para descobrir os sinais da verdadeira presença de Deus e celebrá-los em nossa liturgia e em nossa oração.

Vigiemos, portanto, para que não vá acontecer que Deus esteja ao nosso lado ou em nossa própria vida e nos passe despercebido. Vigiar supõe estarmos vivos e atentos aos grandes e pequenos acontecimentos que têm lugar ao nosso redor.

O Advento é apelo evangélico que provoca a conversão à santidade, quer na Igreja, quer na vida familiar, profissional e social. A Igreja, que ao longo deste ano nos recordou o valor inestimável do mistério da Eucaristia, por ela nos recorda hoje o caminho para a santidade e para a espera alegre do Senhor que vem.

A liturgia não existe por acaso. Cada tempo litúrgico é repleto de riquezas que nos levam a Deus. Com o Advento não é diferente. A Igreja nos convida a buscar esta sintonia com as coisas do alto, desprendendo-nos do mundo e caminhando com fé e alegria pelo caminho da oração.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

terça-feira, 22 de novembro de 2011

REINO DE DEUS


A Igreja vive da fé que brota da evangelização

A Igreja, baseada na Palavra de Deus, é esta: todos nós e tudo o que existe se encaminha para o encontro com Jesus Cristo, Salvador e Senhor, para a manifestação plena da redenção. E isso significa a participação no Reino de Deus em sua plenitude. O título de Cristo-Rei é tomado da linguagem humana para nos ajudar a compreender algo do que é o Reino de Deus e de como reina o Cristo-Senhor.

A Boa Nova da salvação veio ao mundo, por iniciativa amorosa de Deus Pai e do Espírito Santo, pelo envio a nós da Palavra eterna, o Filho Amado. A chegada do Messias foi anunciada pelos Profetas como um evento esperançoso e de grande alegria para toda a humanidade, como recordamos no Advento.

Jesus anunciou a chegada do Reino de Deus como o maior bem para o homem, em função do qual vale a pena investir e arriscar tudo na vida. Enviando seus discípulos ao mundo, Ele os encarregou da proclamação desta Boa Nova a todos os povos. Assim, a Igreja fez ao longo dos séculos e vai continuar a fazer também no presente e no futuro.

Todos os batizados são beneficiados por este belo anúncio; a Igreja vive da fé que brota da evangelização e caminha na esperança da plena realização das promessas de Deus. Ao mesmo tempo, esta não é uma obra para poucos: todos os batizados são, por graça de Deus, discípulos e missionários de Jesus Cristo. Nem todos o fazem do mesmo modo, mas todos precisam sentir-se envolvidos com isso.

A Igreja e à humanidade; os leigos, vivendo e testemunhando sua fé, ajudam a transformar a cultura e as estruturas do convívio humano, para que o bem do Evangelho possa ser acolhido por todos e trazer frutos bons; os missionários dirigem-se aos povos e, entre alegrias e sacrifícios, anunciam também a eles que o Reino de Deus chegou e é um bem para eles.

Os missionários do Reino de Deus, enviados para o meio do mundo para testemunhar e anunciar, de muitas maneiras, que o Reino de Deus já chegou; aderir a ele e viver conforme o jeito do reino é um grande bem para o mundo, a melhor coisa que pode acontecer.

Isso pode parecer sonho distante para quem não tem fé. Mas essa é a esperança dos cristãos, bem fundada na Palavra de Deus. O Reino de Deus é o dom maior, o dom completo de Deus ao homem. Não é sonho distante, pois o Filho de Deus veio ao encontro de todo homem e, com ele, o Reino de Deus já irrompeu nesse nosso mundo. Acolher o Reino de Deus e entrar nele requer mudança de vida, é novidade boa, é a melhor escolha para o homem.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

sábado, 19 de novembro de 2011

Igreja: Unidade na Diversidade

Igreja unidade dos fiéis constituindo um só corpo em Cristo

Deus age pela unidade, mas também pelas Diversidades. Isso pode ser observado na criação. Deus atrai a Si pessoas de todos os ambientes, talentos, temperamentos. No mundo humano, a variação humana é freqüentemente considerada um problema a superar. Deus a considera uma oportunidade de fazer uso de todo o espectro humano para levar Sua mensagem ao mundo.

O orgulho está no centro da desunião, enquanto a humildade está no centro da reconciliação. A gentileza ou mansidão é essencial para a unidade da igreja. Sendo o oposto da auto-afirmação, a mansidão não reage diante das ofensas. Paciência significa resistência diante da aflição, recusa de vingar as injustiças, e não abrir mão da esperança de reparar relacionamentos interrompidos.

Suportar uns aos outros envolve o entendimento da outra pessoa e disposição para se perdoarem e aceitar-se mutuamente. Evidentemente, todas essas graças têm suas raízes no amor, e é esta prática ativa do amor que preserva as relações e promove paz e unidade na comunidade cristã.

Nosso corpo compõe-se de diferentes membros, que realizam diferentes funções. Mas tudo para o crescimento e melhoramento do corpo. Como indivíduos, cada um de nós cuida de seus próprios interesses. O eu é nossa prioridade, mas quando nos tornamos cristãos, devemos ter um alvo: glorificar a Deus. Trabalhando juntos para alcançar um alvo, cresceremos.

Quando nos tornamos cristãos, Cristo deu significado à nossa vida: Sua glorificação e a edificação de Seu corpo, a igreja. Embora sempre sejamos pessoas diferentes, temos sempre diferentes partes a desempenhar porque estamos trabalhando para alcançar o mesmo alvo. É assim que Cristo pode levar-nos à unidade na diversidade.

Deus promoveu a unidade do corpo cristão. Um Deus, por meio de um Cristo nos redimiu do pecado, deu-nos uma fé, nos regenerou por um Espírito, nos fez membros de um corpo por meio de um batismo, e nos deu uma esperança eterna. Toda a Divindade está envolvida na unidade da igreja. Esse tema está em harmonia com o espírito da epístola, que freqüentemente enfatiza o papel da Trindade na história da redenção.

O livro de Efésios foi escrito por Paulo enquanto era prisioneiro em Roma aguardando julgamento. Ele havia fundado a igreja de Éfeso em sua terceira viagem missionária, três a cinco anos antes. Visto que não podia visitar novamente a igreja de Éfeso, escreveu para eles uma carta a fim de fortalecê-los e confirmá-los na graça de Deus e no evangelho de Cristo, bem como para encorajá-los a realizar suas obras de serviço e santidade em resposta à graça salvadora de Deus.

O Espírito Santo promoveu a unidade na igreja formando um corpo, habitando na igreja universal e sendo a esperança da redenção futura. O Filho promoveu a unidade na igreja sendo a cabeça da igreja, o objeto de fé de todos os crentes, e Aquele em quem todos os crentes são identificados. O Pai promoveu a unidade da igreja sendo o Pai de todos. O soberano sobre todos, vivendo através de todos, e habitando em todos os crentes.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

Oração Contemplativa


Caminho de Cura Interior

O ser humano não pode ser curado em seu interior através da mera disciplina. O lidar com os pensamentos e os exercícios concretos é um bom auxilio para as paixões se aquietarem e a alma tornar saudável. Mas só a contemplação produz a verdadeira cura. Assim experimentaram os monges e assim deveremos experimentar em nossa vida.

A Contemplação é a oração pura, é a oração continuada, a oração acima dos pensamentos e sentimentos, a oração de união com Deus. A Oração contemplativa é o presente mais belo que Deus nos agraciou. A dignidade humana consiste em unir-se a Deus através da Oração. Existe afinal algo que seja melhor que um tratamento íntimo com Deus e que seja mais elevado que viver inteiramente em sua presença. A oração é a ascensão do espírito para Deus.

O Espírito Santo condutor de nossa oração tem compaixão de nossas fraquezas e freqüentemente vem em nosso auxílio, mesmo que nós não sejamos dignos dele. Se ele nos procura, enquanto lhe oramos por amor à verdade, ele nos inunda e nos ajuda a nos desprendermos de todos os raciocínios e pensamentos que nos mantém presos a nós mesmos, conduzindo-nos assim à oração espiritual.

Quando verdadeiramente oramos, nasce em nós um profundo sentimento de confiança a nos revelar todo o sentido da criação. A oração é o comportamento que corresponde à dignidade do espírito; ou, melhor ainda, é a sua mais nobre e apropriada ação.

É através da oração de contemplação que alcançamos o estado da mais profunda paz. Descobrimos em nós um espaço do puro calar. E é ai que Deus mesmo habita em nós. E este espaço, que é o espaço de silêncio em nós: chama-se Lugar de Deus ou Visão de Paz.

É através da oração que o homem vê sua própria luz. E é por esta luz que ele descobre a sua própria natureza, que é toda reluzente e tem parte na luz de Deus. Neste lugar de Deus, no lugar da paz no interior da alma, tudo é silêncio e ai só Deus habita. Ai tudo é curado. É também ai que, no amor de Deus, todas as feridas que a vida possa nos ter infligido são cicatrizadas.

Ai desaparecem todos os pensamentos em relação às pessoas que nos feriram. Nossas paixões não têm ai nenhum acesso; ai também os homens não podem atingir-nos com suas expectativas, opiniões e preconceitos. Pois é ai que nos unimos a Deus, mergulhados em sua luz, em sua paz, em seu amor. Esta é a meta do caminho Espiritual.

Somente quando sentirmos que a realidade é propriamente mais profunda, isto é, que é Deus a realidade mais profunda, nos libertaremos de nossos problemas. É através da oração que podemos mergulhar no espaço do verdadeiro silêncio; silêncio em que tudo está salvo, curado e integrado; silêncio no qual nos é dado sentir uma profunda paz, apesar de todas as feridas e humilhações.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO 20/11/2011 – Ano A - (Mateus25, 31-46)


Assentar-se-á em seu trono e separará uns dos outros

Chegamos ao final de mais um ano litúrgico. Hoje festejamos Cristo, Rei do Universo. Proclamamos em nossas liturgias que Jesus é Rei, que seu Reino não é desse mundo, mas convive conosco, especialmente no relacionamento que dispensamos a quem está debilitado na vida.

Durante trinta e três domingos fomos exortados pelo evangelista Mateus a aprender e compreender sobre o que vem a ser a justiça de Deus. E, fechando este ano litúrgico, especialmente hoje, Mateus vem nos mostrar que no reino de Jesus deve prevalecer a Justiça, a Vida e a Liberdade, direitos inalienáveis dos filhos e filhas de Deus.

Porém, a garantia desses direitos depende de cada um de nós. Para tê-los é preciso aceitar o reino inaugurado por Jesus, e colocar-se como instrumento de antecipação desse reino no meio de nós. Só assim alcançaremos o merecimento de ver Jesus em sua majestade e realeza.

A descrição do Juízo Final é a conclusão do Sermão Escatológico de Mateus 24-25, e o último ensinamento de Jesus conforme o Evangelho de Mateus. Isso já mostra sua importância. O texto lido hoje não é um texto apocalíptico como alguns afirmam. Também não é uma parábola, como muitos a consideram; pois seu conteúdo não é uma imagem. É uma exortação profética à conversão, em forma de uma cena apocalíptica. O texto mostra as três imagens de Jesus: Pastor, Rei e Juiz.

Neste Domingo, celebrando a realeza de Jesus, ressuscitado pela justiça e misericórdia de Deus, somos julgados pelos pobres mais pequeninos. É possível proclamar a realeza de Cristo enquanto seus prediletos são excluídos da liberdade e do direito à vida digna.

O julgamento será a manifestação daquilo que fazemos a Cristo neste mundo, na pessoa do doente, do faminto, do sedento, do preso. Não haverá surpresa para quem reconhece Jesus presente, na pessoa do necessitado. Essa é a religião pura e sem mancha, a base do julgamento final, quando Jesus Cristo se manifestará como Senhor e como Rei do Universo.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO ANO A – 20/11/2011 - (Mt, 25, 31-46)




A celebração, que antes se chamava Solenidade de Cristo Rei passou a ser chamada de Solenidade de Cristo Rei do Universo. A mudança terminológica é conseqüência de outra visão teológica, que ressalta a dimensão universal da restauração e da reparação universal realizada em Cristo.

Sem abandonar a dimensão pedagógica e catequética do reinado de Cristo, foi introduzida também a dimensão teológica que aponta o destino de todas as coisas: a plenitude em Cristo, Senhor, simbolizado como o alfa e o ômega, aquele que era que é, e que será eternamente.

A teologia litúrgica do reino de Deus, com base na Liturgia da Palavra proclama que o reino não é deste mundo, pois tem origem divina, e que a missão terrena de Jesus consistia em vir ao mundo para trazer o reino de Deus.

Celebra também nossa participação no Reino de Deus, sob a condição de aderir à verdade trazida por Jesus. Participação possível graças à Cruz, pela qual Jesus constitui um reino de sacerdotes para seu Deus e Pai.

Dimensão importante é a dimensão escatológica como uma realidade inerente à vida cristã de caminheiros que se dirigem à Casa do Pai para participar da plenitude do reino, junto com Cristo. Por fim, em decorrência disso tudo, os celebrantes são convocados a assumir o compromisso de fazer acontecer o reino entre nós.

A celebração da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, fecha o Ano Litúrgico onde meditamos, sobretudo no mistério de sua vida, sua pregação e o anúncio do reino de Deus. Durante o anúncio do reino, Jesus nos mostra o que este significa para nós como Salvação, Revelação e Reconciliação ante a mentira mortal do pecado que existe no mundo.

Jesus responde ao Pilatos quando pergunta se na verdade Ele é o Rei dos judeus: Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus súditos teriam combatido para que não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui. Jesus não é o Rei de um mundo de medo, mentira e pecado, Ele é o Rei do reino de Deus que traz e ao que nos conduz.

Esta solenidade celebra Cristo como o Rei bondoso e singelo que como pastor guia a sua Igreja peregrina para o reino celestial e lhe outorga a comunhão com este reino para que possa transformar o mundo no qual peregrina. Assim Jesus Cristo é o Rei e o Pastor do reino de Deus, que nos tirando das trevas, nos guia e cuida em nosso caminho para a comunhão plena com Deus amor.

Junto com a solenidade de Cristo Rei, celebra-se também o Dia do Leigo e da leiga. Vocação especial, muitas vezes esquecida (tendemos a acreditar que vocacionados são somente os sacerdotes e freiras), ser leigo ou leiga no mundo de hoje é um permanente desafio. Desafio de vida e testemunho: como ser do mundo, sem ser do mundo, como nos conclama São Paulo.

Leigos e leigas ocupam importantes ministérios na vida da Igreja e assumem sua vocação particular de constituir família, e aceitar com generosidade a vocação matrimonial que Deus lhes dá. Assumem a vocação de atuar profissionalmente com ética, dedicação e diferencial positivo no sentido de ser uma pessoa diferente no meio de tantas. Assumem vocação missionária, dedicando-se muitas vezes solitariamente ao outro mais necessitado. Enfim, leigos e leigas assumem o grande desafio de serem pedras vivas da Igreja, trabalhadores do reino que Cristo Rei vem implementar.

Cristo proclamou seu reino quando esteve diante de Pilatos como um vencido e aniquilado. Os seus o haviam abandonado. Judas o havia delatado. Pedro o havia renegado. Completamente só. Bradou ao céu impassível seu clamor: Meu Deus, por que me abandonaste. Morreu fracassado. Mas nisso residiu sua vitória. Ele é rei na derrota. A vida de Cristo é norma e modelo para a vida de todo cristão.

A despeito de nossa fraqueza e medo, somos chamados a imitar a sua vida e a morrer a sua morte e, assim, participar da sua vitória. Até mesmo a obra que realizamos juntos se submete a esta lei fundamental do cristianismo. Cada irmão sofredor traz a cruz de Cristo como contribuição para a redenção do mundo. Também você tem sua aflição, sua cruz, suas fraquezas. Não se amargure por isso. Não pretenda entender o que Deus ainda não lhe quer desvelar. Não duvide do seu amor. Acolha com o coração em festa tudo o que Deus lhe faz.

O Evangelho também apresenta a realeza de Cristo em relação com sua Paixão e a contrapõe, ao mesmo tempo, às realezas terrenas. Tudo isto baseado no colóquio entre Jesus e Pilatos. Sempre se ocultara o Senhor às multidões, que em momentos de entusiasmo queriam proclamá-lo rei. Entretanto agora, que está para ser condenado à morte, confessa abertamente sua realeza. A pergunta de Pilatos: Então és rei? Responde: Tu o dizes, eu sou Rei. Antes, porém, declarara: Meu reino não é deste mundo.

A realeza de Cristo não está em função de domínio temporal algum, nem político! E, ao contrário, de domínio espiritual: consiste em anunciar a verdade, em conduzir os homens à suprema Verdade, libertando-os das trevas do erro e do pecado, Para isto vim ao mundo. Diz Jesus: para dar testemunho da verdade. Jesus é a Testemunha fiel da verdade, isto é, do mistério de Deus e de seus desígnios de salvação do mundo. Veio revelá-los aos homens e testemunhá-los com o sacrifício da própria vida. Por isso, só quando está para abraçar a Cruz declara-se Rei. E, da Cruz, atrairá tudo a si.

Todo povo de Deus tem, com o Cristo esta realeza. Esta é o domínio do amor que transforma o mundo. O amor é a primeira fonte da união com Deus. Ele faz de nossos gestos de serviço aos outros, da transformação das estruturas de escravidão em liberdade, um sacerdócio do povo de Deus e de cada um que santifica o universo. Ser cristão é já construir o reino de Cristo no mundo. A modalidade de construir este reino é o serviço fraterno, humilde como Cristo fez na sua morte que o glorificou. Unindo nossa vontade à sua e a vontade do Pai, podemos crer em verdade que Ele é Rei e Senhor.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

Essência do Evangelho: Fé, esperança e Amor.


Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele. Estas palavras da I Carta de João exprimem, com singular clareza, o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a conseqüente imagem do homem e do seu caminho.

O testemunho do cristão é o verdadeiro dínamo da fé, do amor e da esperança: a fé leva ao conhecimento da verdade e da justiça; o amor produz novas relações entre os homens; a esperança abre o futuro para a liberdade e a vida.

Programas sociais que mudem o perfil social, reduzindo drasticamente a fome, a violência, à desesperança, que resolvam problemas de moradia, faltam de emprego e educação são soluções importantes, necessárias e urgentes, mas nesse momento, o ponto importante e crucial é implantar na cabeça de cada brasileiro e aos cidadãos do mundo, fé, esperança e amor, que torna possível concretizar a curto, médio e longo prazo, impulsionando os indivíduos a lutar sempre, desistir jamais.

Somente aqueles que têm uma confiança e esperança em Deus, em si mesmos e no futuro, somando esforços, podem aprender a transformarem a si mesmo e promover mudanças significativas ao seu redor, influenciando positivamente.

Jamais ousando se vangloriar, sabendo, no entanto, que muito do que for semeado, será colhido por outros, num processo longo e continuado.

Ausência de fingimento, hipocrisia, lutando contra a discriminação sem, contudo abrir mão da crença pessoal, influenciando, nunca oprimindo ou obrigando.

As palavras de ordem são servir, serviço, Constância e consistência. Então a palavra amor se traduzirá por alegria, moderação, otimismo e responsabilidade.

A Igreja é convocada, primeiro, a aumentar o espaço de sua tenda e a tornar-se morada de povos irmãos e casa dos pobres, instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano, fermento do Reino de Deus. Conseqüentemente, é preciso, fincar as estacas com profundidade para firmar e alargar a tenda segura.

O tema da conversão, antes de ser dirigido aos destinatários da missão é apontado agora como caminho para a própria Igreja. O conteúdo dessa conversão consiste na volta à essência do Evangelho.



+Dom Eduardo Rocha Quintella,
Bispo  Diocese Belo Horizonte

sábado, 12 de novembro de 2011

XXXIIIº DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A (Mt 25,14-30) - 13/11/2011



Fostes fiel no pouco, 
vem participar da minha alegria

A liturgia do XXXIIIº Domingo do Tempo Comum recorda a cada cristão a responsabilidade de ser, no tempo histórico em que vivemos, testemunha consciente, ativa e comprometida desse projeto de Deus Pai, para os homens e mulheres Contemporâneos.

Enquanto o ano litúrgico já vai chegando ao fim, somos convidados a olhar para as realidades escatológicas da nossa fé, que são também o objeto da esperança cristã: a morte, o julgamento de Deus, a vida eterna e a felicidade plena junto de Deus.

Ainda peregrinamos pelas estradas da vida na penumbra da fé, mas já entrevendo a luz da glória celeste; essa já se manifestou em Jesus Cristo ressuscitado.

Somos pessoas de esperança; não apenas de esperança humana, que se esgota nas realizações humanas. Somos animados pela esperança grande, transcendente, que decorre diretamente da fé e da fidelidade de Deus.

Essa esperança é uma virtude transcendente. Ela nos dá força, coragem e perseverança na prática do bem, da justiça e da retidão, mesmo nas maiores dificuldades, ou quando não parece haver mais motivos humanos para isso.

Os talentos que recebemos de Deus são, em primeiro lugar, os bens e riquezas do seu Reino: a salvação, a fé, o seu amor, a sua amizade. São também em segundo lugar, os naturais: a vida e saúde, inteligência e vontade, família e educação, iniciativa e trabalho, simpatia e personalidade.

A Liturgia deste domingo ensina que o dia do juízo de Deus não se sujeita às previsões humanas. O Dia que vem procede do Senhor e virá a seu tempo para receber os talentos que confiou a nós.

E este dia será oportunidade para o testemunho da fé, pois tudo aquilo que se opõe ao Reinado de Deus será desmascarado e denunciado, exigindo que uma posição seja adotada e uma postura seja assumida por parte da humanidade. A recompensa para os que optaram pela justiça será o convívio com Ele.

Jesus confiou à comunidade cristã a revelação dos segredos do Reino e a revelação de Deus como Pai. Esse dom é um privilégio, mas também um desafio e uma responsabilidade.

Nem a comunidade cristã, nem o cristão individual podem guardar para si essa riqueza. Embora carreguemos esse tesouro em vasos de barro. Temos que partir para a missão, para que o maior número possível chegue a essa experiência de Deus e do Reino.

Não é suficiente que estejamos preparados para o encontro com o Senhor, o outro lado da medalha é a atividade missionária, que faz com que o Reino de Deus cresça, mediante o testemunho da nossa prática da justiça. A vocação cristã à fé em Cristo é o grande talento que resumem todos os outros.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

domingo, 6 de novembro de 2011

XXXIIº Domingo Comum Ano A – 06/11/2011 – (Mateus 5,1-12) - Solenidade de todos os Santos

Bem-aventurados os que são perseguidos 
por causa da justiça, 
porque deles é o Reino dos Céus.


A liturgia do XXXIIº Domingo do Tempo Comum convida-nos à vigilância. Recorda-nos que a segunda vinda do Senhor Jesus está no horizonte final da história humana; devemos, portanto, caminhar pela vida sempre atentos ao Senhor que vem e com o coração preparado para acolhê-lo.

Ao fazer uso da pedagogia das Bem-aventuranças, Jesus, respeitando nossa liberdade de escolha, quer nos apontar qual é o caminho para a santidade.

A santidade cristã, na realidade de nossa existência provoca a mentalidade do mundo, que reage com perseguição; com as mais variadas formas de perseguição, desde aquela física como aquela psicológica.

A santidade é a perfeição de vida que se conquista no dia-a-dia, com altos e baixos, momentos de alegria e momentos de tristeza. Nossa grande esperança é a cruz que venceu o medo, o pecado e a morte.

Na Igreja, nas comunidades, na vida das pessoas, sempre chega um terremoto, e de repente. Deus permite isso por que precisamos deixar as seguranças, as estruturas.

Muitas realidades precisam de outro vento impetuoso como o de Pentecostes para fazer tudo novo outra vez.

A Palavra de Deus nos ensina que assim é a comunidade: lavam as feridas uns dos outros e fazem festa. Os irmãos não curam as feridas, mas lavam para não infeccionar a outros.

Uma comunidade está reunida por que todos encontraram o tesouro escondido e por isso vive a festa da Eucaristia.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo  Diocese Belo Horizonte

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