A Liturgia é o ápice para qual tende a ação da igreja, e ao mesmo tempo é a fonte donde emana toda a sua força. Ela é, portanto, o lugar privilegiado da catequese do povo de Deus. A catequese está intrinsecamente ligada a toda ação litúrgica e sacramental, pois é nos sacramentos, e, sobretudo na Eucaristia, que Cristo Jesus age em plenitude para a transformação dos homens. (CIC 1074)
Na liturgia da nova aliança, toda ação litúrgica, especialmente a celebração da Eucaristia e dos sacramentos, é um encontro entre Cristo e a Igreja. A assembléia litúrgica tira sua unidade da comunhão do Espírito Santo, que congrega os filhos de Deus no único corpo de Cristo. Ela ultrapassa as afinidades humanas, raciais, culturais e sociais. (CIC 1097)
A Eucaristia impele-nos à ação; há atitudes concretas do nosso agir sugeridas pela Eucaristia. Antes de mais, a experiência da vida como comunhão de amor, com Deus e com os irmãos. Da Eucaristia partimos decididos a vencer a solidão e os egoísmos, e a confiar, partilhando. Como diz a Escritura, essa comunhão é, antes de mais, com Deus Pai e com o seu filho Jesus Cristo.
A experiência de fé ganha densidade na comunhão trinitária e a própria vida torna-se desafio de radicalidade e de profundidade progressivas. Na celebração da morte do Senhor, que se resolve na ressurreição, nós descobrimos a fecundidade do sofrimento e começamos a viver a nossa própria morte.
A sociedade transformar-se-ia positivamente se descobrisse esta fecundidade misteriosa do sofrimento, momento de oferta da própria vida, o que não nos isenta de procurar resolver ou mitigar o sofrimento dos irmãos. Sobretudo a Eucaristia reconduz à sua densidade de experiência presente a esperança na vida eterna.
A Igreja celebra sempre a Eucaristia “até que Ele venha”. A consciência de uma unidade entre o presente histórico e o futuro escatológico, podemos aprendê-la na Eucaristia. Torna-se tão pesado viver a nossa vida como estivéssemos prisioneiros do tempo e da história, sem a alegria de pressentir que agora estamos já a construir o futuro definitivo que, em Cristo, pode ser radioso e plenamente feliz! Os cristãos constituem, ainda hoje, uma parte significativa da nossa sociedade.
Se eles não abdicarem de estar na vida com os mesmos valores e atitudes com que celebram a Eucaristia, a sua influência na mutação cultural pode ser decisiva. Dada a matriz cristã da cultura da nossa sociedade, nem serão previsíveis choques culturais entre os valores em que se inspira o todo da sociedade e essa coerência dos cristãos com uma visão da história que brota do mistério pascal.
Na Eucaristia descobre-se a plenitude desses valores e a fonte da sua harmonia, que é Cristo ressuscitado, Senhor da história. E esta coerência dos cristãos é a sua missão no meio da cidade dos homens. Em cada Eucaristia eles são enviados para o mundo para continuarem a lutar por essa nova inspiração da História.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
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