domingo, 14 de julho de 2013

Dom Eduardo Quintella - Bispo Diocesano Belo Horizonte - Exorta complexidade e beleza do Ser Humano

14/07/2013
O SER HUMANO: COMPLEXIDADE E BELEZA


Somos um mistério! E por um processo contínuo de descobertas e aprendizagem, nos deparamos com nossa realidade, ora escondida ora revelada. Ser mistério não significa ser estranho, desconhecido, intocável. O mistério se constitui sempre de uma dimensão escondida e outra revelada. Por mais que conheçamos a nós e ao outro, algo sempre ficará por ser desvelado. E nisso reside a complexidade e a beleza de cada um (a) de nós.
Somos complexos porque temos muitas possibilidades e características, além de um enorme potencial, que pode nos guiar a diferentes direções. Descobrimos que somos, por vezes, sábios e inteligentes, mas também dementes e ignorantes. Sabemos fazer coisas belas e coisas trágicas; somos portadores de luz, mas também de trevas.
Por outro lado, somos desconhecidos de nós mesmos. Caímos na conta de que não somos capazes de esgotar o mistério nem em nós nem nos demais, apesar de todas as descobertas. E aí reside a nossa beleza. Estamos sempre na esfera das possibilidades. A cada dia podemos crescer, recomeçar, dar e ter outra chance, criar e recriar... Somos eternos buscadores e descobridores de nós mesmos e da vida.
Nessa trajetória de descobertas, por vezes nos surpreendemos, seja pelas coisas bonitas que somos e realizamos, seja pelas limitações e contradições que experimentamos. Saber da existência desses paradoxos, nos permite ser mais humanos e mais acolhedores. E as perguntas que, na maioria das vezes, não encontram respostas, freqüentemente nos visitam a consciência: Por que, se temos capacidade de fazer o bem, optamos pelo mal? Por que desenvolvemos a capacidade destruição quando podemos criar harmonia e boa convivência? Por que, como perguntava São Paulo, fazemos o que não queremos e não fazemos aquilo que gostaríamos?
É o preço de nossa humanidade. Em nós residem, ao mesmo tempo, o espírito de cuidado e do descuido, a capacidade de amar e de odiar, a coragem e o medo, a inclinação para a vida e para a morte. A direção a ser escolhida dependerá de como aprendemos “pintar a vida”. É a exigente tarefa de, em algum momento da vida, tomarmos a história em nossas próprias mãos, com maior autonomia, liberdade responsável e criatividade.
Cabe a nós, com a ajuda e presença dos demais, cultivarmos mais os gestos e sinais de beleza e de vida. Para isso, necessitamos de uma permanente vigilância e de uma busca sincera, que nasce do coração. Portanto, é de suma importância tomar consciência de quem somos e de como vivemos cada experiência; em seguida, acolher tudo, com abertura de coração; depois, integrar as descobertas, abraçando o que gera vida em nós e nos demais; por último, fazer novas escolhas e desfrutar da vida.

Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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