A Ressurreição nossa de cada dia
11/04/2013
Dentro deste tempo pascal que estamos experimentando liturgicamente em nossas comunidades cristãs. É importante esclarecer que as narrações das aparições do Ressuscitado querem expressar a vivência da ressurreição que a comunidade primitiva fez.
Hoje somos chamados a experimentar e viver. Por isso, não estamos falando de relatos de fatos senão da narração da experiência que a comunidade fez do Ressuscitado e a expressou utilizando os recursos religiosos, literários, culturais que a época lhe proporcionava.
Entrando no contexto, notamos que alguns integrantes da comunidade estão reunidos à margem do mar de Tiberíades. Não estão todos, só sete, talvez o evangelista queira fazer referência à dispersão que sofreu a comunidade depois da paixão.
As palavras de Pedro: Eu vou pescar situam-nos na condição cotidiana que tinham os discípulos antes do encontro com Jesus: pescadores. A narrativa deixa claro que naquela noite não pescaram nada.
Mas é nessa cotidianidade marcada pelo cansaço de um trabalho infecundo, pelo fracasso, que vai surgir algo novo. Pela ação criadora de Deus que ressuscita seu Filho, porque é um Deus de vivos e não de mortos, como afirma o novo Testamento.
Ele também ensina o caráter pessoal de quem ressuscita a comunhão plena com Deus não dissolve a pessoa antes que ela alcança sua plena identidade, ou seja, quem ressuscita é Jesus de Nazaré e nele toda a humanidade.
A fé na ressurreição do Antigo Testamento é o primeiro recurso que os discípulos e discípulas de Jesus têm para acreditar na sua ressurreição. Foi também sem dúvida a fé que alimentou ao mesmo Jesus, e que marcou sua vida e morte.
É nesse contexto que o Espírito Santo começa a acordar a fé dos primeiros discipulos e discpulas de Jesus. Sentindo ainda a dor pela perda do Mestre, mas alicerçados na sua tradição religiosa, dão-se conta que uma pessoa que viveu como Jesus, não pode permanecer na morte.
Seus olhos começam a abrir-se e vão descobrindo a vida, onde antes havia morte, esperança onde havia desesperança, frutos onde reinava a esterilidade.
O Senhor morto e desaparecido de visibilidade histórica, fez-se para eles presença viva e pessoal, reafirmando a sua fé e transformando a sua vida. Sim, Jesus está vivo e presente no meio da comunidade, Deus o ressuscitou.
O texto nos narra este caminho de fé, que hoje somos convidados a percorrer. O evangelho, testemunho da experiência de fé da primeira comunidade, é nossa fonte para descobrir na simplicidade de nossa vida diária a Presença viva e atuante de Jesus Ressuscitado. É o tempo de um novo pentecostes em nossas comunidades. O cristo ressurreto vive e reina no meio de nós.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
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