quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Experiência de fé



Cada um traz em si alguma esperança messiânica, alguma utopia. Será que ela corresponde ao critério de Cristo, que mostra ser, ao mesmo tempo, a negação e a plenitude daquilo que esperamos.

Para receber em plenitude, precisamos admitir uma revisão daquilo que esperamos. Talvez seja isso: amar o que Deus ordena e receber o que ele promete.

Quando pensamos na nossa civilização atual, nos nossos valores, exaltando a eficiência, a riqueza, o conforto, o bem-estar, o vigor, a forma física e a saúde. Como os critérios de Deus são diferentes.

Israel é imagem da Igreja e é imagem de cada um de nós, membro do povo de Deus da nova Aliança. À medida que descobrirmos nossas pobrezas pessoais e eclesiais, podemos também ter certeza que o Senhor não nos abandona: ele nos chama, ele nos reúne, ele nos salva.

Somente podem experimentar isso aqueles que sabem e experimentam que são pobres diante de Deus, aqueles que sentem sua própria fraqueza.

Esta é a experiência que o cristão deve fazer sempre na sua vida, seja pessoalmente, seja como Igreja. Somos pobres, mas Deus é nossa riqueza; somos fracos, mas Deus é nossa força.

O Evangelho mostra de modo maravilhoso essa experiência cristã de ser salvo por Deus em Jesus Cristo. Jesus está saindo de Jericó, já está perto de Jerusalém, onde morrerá. Uma multidão o acompanha: barulho, empurra-empurra, aglomeração.

À beira do caminho, havia um cego mendigo. Ele era ninguém, nem nome tinha. Marcos só diz que era o bartimeu, o filho de Timeu. Cego, incapaz de caminhar sozinho, esmolando, sentado à margem do caminho de Jericó e da vida.

Este cego é a humanidade; este cego é cada um de nós. Mas, ele ouve o rumor, a confusão no caminho e quando ouviu dizer que Jesus estava passando, não perde tempo; é a chance de sua vida. Ele grita alto: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim.

Repreendem o cego, mas ele grita com voz mais forte. Ele sabe que é a chance da sua vida. Santo Agostinho dizia: Eu temo o Cristo que passa. É preciso não perder a chance, é preciso gritar, não deixar o Cristo passar em vão no caminho da nossa existência.

O grito do cego é já um grito de fé. Chamando Jesus filho de Davi, o bartimeu está dizendo que crê que Jesus é o messias: Filho de Davi tem piedade de mim.

Repreendem o cego, como o mundo quer nos repreender, quer nos impedir e ridicularizar quando nos reconhecemos cegos, pobres e coxos e gritamos por Jesus: Filho de Davi tem piedade de mim.

O cego foi curado, e seguia Jesus pelo caminho. Curado, iluminado por Jesus, agora seguia Jesus como discípulo, caminhando com ele para Jerusalém, para com ele morrer e com ele ressuscitar. Esta é a nossa vocação, este deve ser o nosso itinerário, a nossa experiência de fé.

A Igreja, peregrina no mundo, é um povo de pobres, de frágeis seres humanos. Mas confiamos em ti. Não queremos colocar nossas forças ou esperança no nosso prestígio, ou nas riquezas ou nos amigos poderosos ou nos elogios do mundo.

Tu somente és nossa força. Nos salva Senhor. Reúne-nos Senhor. Ilumina-nos, Senhor. Dá-nos a graça de reconhecer que somente na tua luz poderemos ver a luz.

O mundo chama luz, sabedoria e esperteza a coisas que são inaceitáveis aos teus olhos. Senhor abre nossos olhos para caminharmos na tua luz até a cruz, até a ressurreição, até a vida.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

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