segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
domingo, 9 de dezembro de 2012
O ESPIRITO DO ADVENTO
O Espírito Santo sempre age
de forma nova e criativa na história do mundo e da Igreja. Ele é livre para
suscitar homens e mulheres que nos surpreendem pela radicalidade no seguimento
de Jesus, pela prática do Evangelho, e suscita novos impulsos e formas
inesperadas de espiritualidade e evangelização.
Deixemo-nos conduzir pelo vento da liberdade e
da criatividade do Espírito. De forma radical, ele convida a Igreja toda a
voltar ao Evangelho para encontrar Jesus, a seguir Jesus, o único modelo, isto
é, ir às raízes daquilo que faz com que uma existência seja realmente cristã e
evangelizadora.
Entre Deus e nós, existe
sempre a mediação humana. Num tempo em que a religiosidade orna-se de ruídos,
balbúrdia de palavras e jogos de efeito, a espiritualidade cristã é um
contraponto para quem se sente mais evangélico no silêncio da oração, na
adoração silenciosa da Eucaristia, na busca do deserto, no serviço aos pobres e
na defesa da vida.
Diante de tantos
preconceitos raciais, culturais, religiosos e sociais que geram conflitos e
exclusões em toda a parte, a Igreja nos ensina que somos diferentes, mas
profundamente iguais em dignidade e direitos. Precisamos a aprender a dialogar
sem julgar, sem impor, sem condenar.
Muitas podem ser as maneiras
de viver este posicionamento em favor dos mais pequeninos e sofredores de hoje.
Peçamos neste tempo de advento, para ter a coragem de escolher por eles,
porque, só a partir dos últimos da sociedade é que se pode incluir e amar a
todos.
+Dom Eduardo Rocha
Quintella
Bispo de Belo Horizonte
sábado, 8 de dezembro de 2012
PREPARAI OS CAMINHOS DO SENHOR
Podemos situar o tema deste
domingo à volta da missão profética. Ela é um apelo à conversão, à renovação,
no sentido de eliminar todos os obstáculos que impedem a chegada do Senhor ao
nosso mundo e ao coração dos homens.
A oração, mesmo quando
acontece na solidão, é sempre um encontro com outros: encontro com Deus que
está presente na tua vida, que é a tua realidade mais intima, tantas vezes sem
teres consciência disso; encontro com os irmãos que fazem parte da tua vida,
mesmo quando te magoam e te deixam ficar mal.
O Evangelho apresenta-nos
o profeta João Batista, que convida os homens a uma transformação total quanto
à forma de pensar e de agir, quanto aos valores e às prioridades da vida.
Para que Jesus possa
caminhar ao encontro de cada homem e apresentar-lhe uma proposta de salvação, é
necessário que os corações estejam livres e disponíveis para acolher a Boa Nova
do Reino.
A conversão é um verdadeiro
êxodo da terra da escravidão para a terra da felicidade e da liberdade. Convida-nos,
ainda, a viver este tempo numa serena alegria, confiantes no Deus que não
desiste de nos apresentar uma proposta de salvação, apesar dos nossos erros e
dificuldades.
A comunidade se deve
preocupar com o anúncio profético e deve manifestar, em concreto, a sua
solidariedade para com todos aqueles que fazem sua a causa do Evangelho.
A comunidade deve dar um
verdadeiro testemunho de caridade, banindo as divisões e os conflitos: só assim
ela dará testemunho do Senhor que vem.
A Palavra de Deus faz-nos
hoje viajar até aos preparativos da pregação de Jesus, do seu ministério
público. A voz de João Batista, o precursor de Jesus, anuncia no deserto a
missão histórica de Jesus e convida todos a preparar caminho ao Verbo de Deus
que Se fez um de nós, que Se fez próximo de nós.
A salvação que o Messias
nos veio trazer não é uma teoria, mas concretiza-se na história humana. Daí o
apelo à conversão e à penitência.
+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo de Belo Horizonte
domingo, 2 de dezembro de 2012
FÉ E CARIDADE
Refletindo
o texto do Autor Sagrado da viúva de Sarepta e da viúva do templo, destacamos o
nexo entre fé e caridade, amor a Deus e amor aos irmãos. A fé em Deus não se
limita a ser um ato puramente vertical, uma relação individual com Ele, mas se
manifesta no amor aos irmãos.
Vivemos um
momento em que muito se valoriza a individualidade, a subjetividade. O homem de
hoje dá muitas voltas ao redor de si mesmo. A intersubjetividade e a dimensão
comunitária, neste universo, perdem força. As próprias relações são vivenciadas
em vista dos interesses pessoais.
As
conseqüências fazem sentir em vários âmbitos. Gostaria de destacar o ecológico.
Não é possível ter um estilo de vida, onde se esqueça que o mundo é apenas o
meu habitat, mas também dos que convivem comigo e das gerações futuras.
Não é
possível peregrinar nas estradas deste mundo vivendo na indiferença do que
acontece ao nosso redor, sobretudo no que acontece a criatura mais excelente do
planeta: o homem. Não podemos permanecer em paz, sabendo que ainda há fome,
miséria e tantas calamidades que afligem o ser humano.
Às vezes
podemos querer lavar as nossas mãos, transferindo para o Estado a
responsabilidade da estabilidade social e do bem-estar para todos os cidadãos.
Contudo, em nome da nossa fé, o outro é um nosso irmão e não podemos cair nas
malhas do egoísmo.
Somos sim
responsáveis uns pelos outros, tanto materialmente, como espiritualmente e não
podemos permanecer em paz e nem nos permitir o luxo excessivo, o desperdício e
tantas outras coisas mais que bradam o céu diante de quem não tem, por exemplo,
o que comer.
As viúvas
dos textos sagrados deram do essencial, não partilharam apenas o que sobrava,
foram sóbrias em seu gesto, por isto, Jesus exaltou a viúva, fazendo valer a
lógica da qualidade: deu mais não porque deu um grande quantia, mas porque deu
do seu necessário.
Vale a pena o nosso pouco que ajuda a minorar
a dor de quem sofre, vale a pena a nossa solidariedade, o que não vale à pena e
contradiz o nosso ser e aquilo a que fomos chamados, é o coração egoísta que
nos faz fechar, olhos, braços e mãos ao irmão.
A fé é um
dom de Deus ao qual o homem responde com magnanimidade e agradece e louva ao
seu Senhor. Essa resposta do homem ao chamado de Deus é vocação e vocação é
serviço, é gratidão, sedimentada na esperança e assumida como amor-caridade.
+Dom
Eduardo Rocha Quintella
Bispo de
Belo Horizonte
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