Sem vida no meio ambiente, é impossível a vida humana.
O dom sagrado e inviolável da vida, no contexto das ameaças de que é alvo, exige ações decididas, incondicionais e intransferíveis de todos para sua preservação, defesa e promoção.
A primeira atitude é a opção em favor da vida, com a promoção da cultura da vida, da espiritualidade da vida e da consciência do valor sagrado da vida.
No projeto divino da criação e da história, o ser humano existe para ser feliz, conduzindo com liberdade responsável a sua própria vida. Feito para conviver com o Criador e com os semelhantes, encontra no outro sua complementação.
Mas o pecado introduziu o egoísmo que o leva à busca da autonomia e do êxito individualistas. Com isto, perde sua capacidade de doação, de afeto sincero e de solidariedade.
Joga-se no consumismo desenfreado, que frustra e esvazia seu coração. Passa a pensar apenas no que o satisfaz de modo imediato, perdendo o horizonte maior de sua existência.
Mesmo sem a fé explícita, toda pessoa humana pode chegar ao reconhecimento de Deus e ao discernimento do que é bom e do que não é.
São Paulo, na Carta aos Romanos (1,18-23), assegura que Deus colocou no íntimo do ser humano, em sua consciência, a capacidade de reconhecê-lo e viver segundo Ele.
Assim, seguindo honestamente a própria consciência, pode perceber a sacralidade da vida e a dignidade de toda pessoa humana, discernindo o que favorece sua vida e a dos outros e aquilo que a prejudica e destrói.
Fora deste projeto, as relações entre as pessoas e com o meio ambiente se tornam agressivas e a vida não é vista como dom sagrado e inviolável em qualquer um de seus estágios.
Ela se manifesta na depredação da natureza, no aquecimento global, na poluição do meio ambiente, na miséria que ultraja a dignidade humana, na fome que mata milhões, no aborto que impede a vida de quem foi concebido, na falta de condições para a saúde e a vida saudável, no abandono dos idosos e doentes...
É necessário desenvolver uma Campanha sobre a vida porque estamos longe do ideal de vida presente no projeto divino da criação.
A vida não é considerada o valor absoluto, sendo condicionada pelo valor econômico, que a explora em função do lucro.
A injustiça social, fruto do egoísmo humano, com todas as suas maléficas consequências: fome, violência, criminalidade, exclusão social, inviabiliza a vida no Planeta.
Na visão cristã, a compreensão da vida, sua defesa e promoção devem ser feitos a partir de Jesus Cristo e dos princípios do ensinamento da Igreja.
A reflexão deve contemplar a vida concebida, gestada, dada à luz e no percurso das diversas fases de seu desenvolvimento, bem como a vida de todos os seres da natureza. Sem vida no meio ambiente, é impossível a vida humana.
Abordando temas diversos, ora mais da vida interna da Igreja, ora mais de presença transformadora dos fiéis cristãos católicos na sociedade, a CF ajuda a educar para a participação na comunidade eclesial e para o exercício da cidadania.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
E-mail: domeduardorochaquintella@h
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